65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES POR ESCORPIÃO NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE, ESTADO DA PARAÍBA.
RAFAELLA MORENO BARROS - Centro de Educação e Saúde - UFCG
ISABELY TAMARYS GOMES TARGINO - Centro de Educação e Saúde - UFCG
RENNER DE SOUZA LEITE - Prof. Dr./Orientador - Centro de Educação e Saúde - UFCG
INTRODUÇÃO:
Os acidentes por escorpião têm sido considerados um grave problema de saúde pública em países tropicais e subtropicais devido à alta incidência e potencialidade do veneno em induzir quadros clínicos graves, às vezes fatais. A incidência dos acidentes por escorpiões é maior em homens com idade entre 20 e 40 anos, e os pés e as pernas são os principais locais da picada. A maioria dos casos ocorre em zona urbana, com distribuição sazonal nos estados do Sul e Sudeste nos meses quentes e chuvosos, porém praticamente uniforme ao longo do ano no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Desde a década de 80, os acidentes por escorpiões vêm aumentando significativamente e, em 2011, cerca de 58.000 casos foram registrados no Ministério da Saúde. Apesar disso, ainda há muita deficiência na coleta dos dados clínicos e epidemiológicos, o que dificulta a adequada distribuição de soro antiescorpiônico aos serviços de saúde, bem como limita o tratamento das vítimas desses acidentes. Apesar da constatação da importância médica desses acidentes e do crescente aumento do número de casos na região Nordeste, a epidemiologia dos acidentes por escorpião no estado da Paraíba ainda é pobremente conhecida.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Determinar o perfil clínico-epidemiológico dos acidentes por escorpiões ocorridos no município de Campina Grande, estado da Paraíba.
MÉTODOS:
Foi realizado um estudo descritivo das características clínico-epidemiológicas dos casos de acidentes por escorpiões. Os dados foram obtidos das informações contidas nas fichas de notificação dos acidentes por escorpiões, notificados e atendidos, durante o período de 2007 a 2012, no município de Campina Grande, estado da Paraíba. A coleta de dados foi realizada na 3º Gerência de Saúde de Campina Grande, utilizando os bancos de dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação. Os dados epidemiológicos foram analisados segundo distribuição por sexo, idade, ano e mês do acidente, local de ocorrência, região anatômica do corpo atingida pela picada e tempo decorrido do acidente até o atendimento médico. Na avaliação clínica, foram consideradas as manifestações clínicas locais e sistêmicas, classificação quanto à gravidade, evolução do caso e a soroterapia. A análise estatística dos dados foi realizada por meio da aplicação de testes de frequência simples e relativa, utilizando o software R versão 2.15.1 para Windows.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Entre 2007 e 2012, um total de 2283 casos de acidentes por escorpiões foram notificados e atendidos no município de Campina Grande. A taxa de incidência foi de 132, 127, 109, 47, 68 e 108 casos/100.000 habitantes em 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012, respectivamente. A maioria dos acidentes foi registrada entre os meses de julho e setembro (n=763), sendo as mulheres as principais vítimas (n=1371; 60.05%), com idade entre 20 e 29 anos (n=493; 21.59%). Os acidentes foram mais frequentes em área urbana (n=2062; 90.3%), sendo o pé (n=743; 32.54%) a parte do corpo mais atingida pelas picadas. A soroterapia não foi realizada na maioria das vítimas, as quais prevalentemente recorreram ao sistema de saúde dentro do período de 0 a 3 horas após o acidente (n=1172; 51.33). A maioria dos casos foi classificada como leve (n=2209; 96.75%). A evolução para a cura foi predominante (n=2211; 96.84%), porém foram registrados 7 casos de óbitos. As manifestações clínicas locais mais frequentes foram dor (n=2195; 96.14%), edema (n=693; 30.35%) e parestesias (n=455; 19.92%). Entre as manifestações clínicas sistêmicas, destacam-se dores generalizadas (n=38; 1.66%) e manifestações vagais (n=24; 1.05%).
CONCLUSÕES:
A elevada incidência de acidentes ocorridos em Campina Grande indica que esse município pode ser considerado uma área endêmica para o escorpionismo. O perfil epidemiológico caracterizado nesse estudo é semelhante ao perfil nacional, exceto pelo fato das mulheres serem as principais vítimas desses acidentes. Uma vez que a maioria dos acidentes ocorreu na zona urbana, particularmente, no ambiente domiciliar, é possível sugerir que a urbanização desordenada e a falta de saneamento básico possam contribuir para a adaptação dos escorpiões ao ambiente urbano.
Palavras-chave: Escorpiões, Envenenamento Humano, Paraíba.