65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
PREVALÊNCIA, FATORES ASSOCIADOS E SINTOMAS DE HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA E PÓS-PRANDIAL EM PACIENTES HOSPITALIZADOS
Laís Araújo dos Santos - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Jailson de Sousa Oliveira - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Charles Saraiva Gadelha - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Divany de Brito Nascimento - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Isabel Barroso Augusto da Silva - Docente do Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas, UFPB.
Rilva Lopes de Sousa-Muñoz - Docente do Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas, UFPB.
INTRODUÇÃO:
A hipotensão ortostática (HO) é um problema clínico relativamente comum, decorrendo da mudança da posição deitada para a sentada ou em pé, enquanto a hipotensão pós-prandial ocorre 15 a 90 minutos após a refeição mais calórica do dia. A HO possui causas múltiplas e algumas vezes estas se superpõem em um mesmo paciente, tornando-se, por vezes, limitante, ou mesmo causa de acidentes e risco de isquemia encefálica em idosos. Há poucos estudos sobre os determinantes de HO e pós-prandial, principalmente em pacientes hospitalizados. Supõe-se que a HO seja mais frequente durante hospitalizações, uma vez que 10% a 20% dos pacientes hospitalizados apresentam efeitos indesejáveis a medicamentos, permanecem imobilizados por mais tempo e encontram-se clinicamente mais instáveis. Os estudos sobre HO tem sido realizados em comunidades de idosos em asilos, ambulatórios, ou mesmo em indivíduos saudáveis, havendo necessidade de se avaliar este problema em pacientes mais jovens e no contexto hospitalar. O principal problema de pesquisa deste estudo é o seguinte: será elevada a prevalência de HO e pós-prandial em pacientes hospitalizados? Os objetivos desse estudo foram avaliar a prevalência, determinantes e sintomas de HO e pós-prandial em pacientes hospitalizados.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a prevalência, determinantes e sintomas de hipotensão ortostática e pós-prandial, assim como a presença de sintomas de hipoperfusão cerebral em pacientes internados nas enfermarias de clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
MÉTODOS:
Estudo observacional-transversal, cuja amostra foi composta por 80 pacientes adultos internados nas enfermarias de clínica médica do HULW/UFPB. Foi considerada como ocorrência de HO quando presentes um ou mais dos seguintes eventos após a mudança de posição: (1) redução maior ou igual a 20 mmHg na pressão arterial sistólica; (2) redução igual ou maior a 10 mmHg na pressão diastólica. O diagnóstico de hipotensão pós-prandial foi feito por meio dos mesmos parâmetros referentes à HO, entre 15 e 90 minutos após o almoço. A coleta de dados foi feita no período da manhã (antes do desjejum) e no período pós-prandial (após o almoço). A medida da pressão arterial foi realizada de acordo com a técnica preconizada pelas VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, verificando-se a frequência cardíaca nas posições supina e ortostática; ao mesmo tempo pesquisaram-se sintomas de hipofluxo cerebral após as mudanças de posição. Foram utilizados esfigmomanômetros do tipo aneróide para adultos, com bolsa de borracha inflável de 23/12 cm e devidamente calibrados. Os pacientes permaneceram em repouso na posição supina por cinco minutos antes da medida da pressão arterial (PA). Após esta medida, o paciente passou para a posição ortostática e mais uma vez sua PA foi verificada após três minutos. A frequência cardíaca foi verificada através da palpação da artéria radial nas posições supina e ortostática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Avaliaram-se 80 pacientes com idade entre 22 e 85 anos (58±17,3), 62,%) do sexo masculino. A prevalência de HO foi de 32,5% (26/80), enquanto 15 pacientes (18,8%) apresentaram hipotensão pós-prandial. Todos os pacientes com hipotensão pós-prandial também apresentaram HO matinal. A média de idade entre os pacientes com HO foi de 62,0 ± 17,3, sendo maior que a média verificada entre os pacientes sem HO (53,8±16,7). Observou-se diferença em relação à idade entre os pacientes que apresentaram HO e os que não a apresentaram (p=0,04). Os pacientes que apresentaram HO tiveram valores de redução de pressão arterial média (PAM) significativamente superiores aos dos pacientes que não apresentaram HO. Constatou-se associação estatisticamente significativa dos seguintes fatores de risco com HO: cardiopatia (p=0,002), diabetes mellitus (p=0,005), uso de medicações consideradas fatores de risco para HO (p=0,01) e hipertensão arterial (p=0,02). A frequência cardíaca dos pacientes aumentou em 84,6% (22) no grupo dos que tiveram HO matinal e/ou pós-prandial, enquanto houve aumento em 100% (58) dos pacientes que não desenvolveram HO. Observou-se que 34,6% (9) dos pacientes com HO flagrada apresentaram pelo menos um sinal e/ou sintoma de hipofluxo cerebral.
CONCLUSÕES:
A prevalência relativamente elevada de HO no presente estudo pode ser explicada pelo fato de o local da pesquisa ser o ambiente hospitalar, onde os pacientes estão em situação clínica mais complexa e são portadores de maior número de comorbidades. A prevalência real depende das condições durante os testes de diagnóstico, como a frequência de medições de PA, a hora do dia e o grau de estresse ortostático. A prevalência de hipotensão pós-prandial apresentou frequência esperada. A HO foi mais frequente em idosos, diabéticos, hipertensos e cardiopatas, tendo ocorrido principalmente por queda na pressão arterial diastólica e de forma assintomática na maioria dos pacientes avaliados, evidenciando a importância prática desta detecção, no intuito de prevenir suas complicações. A HO é uma condição frequente, facilmente diagnosticável e prevenível, além de ter importantes implicações clínicas, portanto é necessário monitorar as mudanças posturais da PA em pacientes durante as hospitalizações, sobretudo nos mais suscetíveis como idosos, diabéticos, hipertensos e cardiopatas.
Palavras-chave: Pressão Arterial, Postura, Pacientes Internados.