65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
Pesquisa da prevalência da automedicação entre idosos do município de Itacoatiara – AM
Daniel Tarciso Martins Pereira - Prof. Dr./orientador - curso de Fármacia - UFAM
Nadielle Patricia da Silva Cruz - Farmácia - Universidade Federal do Amazonas - UFAM
INTRODUÇÃO:
O acesso ao medicamento tem sido facilitado tanto no Brasil como em outros países do mundo, uma vez que este componente e o acesso aos serviços de saúde compõe um dos direitos humanos fundamentais, o direito à saúde. No Brasil, as projeções indicam que a proporção de idosos passará de 8,6 % em 2000 para quase 15% em 2020. O medicamento é um bem essencial á saúde, quando adequadamente prescrito, é responsável por parte significativa na melhoria da qualidade e expectativa de vida, mas quando mal utilizado, passa a ser responsável por complicações e pelo surgimento de novas patologias. A automedicação é uma forma de autocuidado à saúde, entendida como a seleção e uso de medicamentos para manutenção da saúde, prevenção de enfermidades, tratamento de doenças ou sintomas, sem a prescrição, orientação ou o acompanhamento do médico. Os prejuízos mais frequentes decorrentes da automedicação incluem, entre outros, gastos supérfluos, atraso no diagnóstico, e na terapêutica adequados, reações adversas ou alérgicas, e intoxicação. Alguns efeitos adversos ficam mascarados, e criam novos problemas, os mais graves podendo levar o paciente à internação hospitalar ou à morte.
A maior disponibilidade de especialidades farmacêuticas no mercado, acesso restrito aos serviços de saúde, dentre outros fatores, tem contribuído para o crescimento e a difusão da automedicação no mundo, tornando-o um sério problema de saúde pública.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a prevalência da automedicação entre os idosos cadastrados no Centro de Convivência de Idoso e no Centro de Saúde Nicolas Euthemes Lekakis Neto do Município de Itacoatiara- AM.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo epidemiológico, do tipo transversal. A população foi constituída por idosos assistidos nos Centro de Convivência do Idoso e Centro de Saúde Nicolas Euthemes Lekakis Neto. Neste estudo a técnica de amostragem foi aleatória simples, se utilizou para o cálculo do tamanho amostral, os critérios: população alvo de aproximadamente 450 idosos, prevalência de automedicação estimada em 29%, intervalo de confiança de 95%, e erro amostral de dez pontos percentuais. Na coleta de dados, foi usado um formulário, que contempla questões que abordam variáveis socioeconômicas e fármaco-epidemiológicas. Para levantamento de dados, inicialmente, entrou-se em contato com os diretores das instituições pesquisadas para se obter autorização para a realização da pesquisa, em seguida, compareceu-se as instituições onde os indivíduos foram listados por ordem de chegada e levados a um ambiente onde se informou da pesquisa, ocasião onde os formulários foram aplicados após assinatura ou impressão datiloscópica do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados coletados foram organizados em tabelas, duplamente digitados, com o intuito de aprimorar a sua confiabilidade, e analisados estaticamente no programa disponibilizado pela Organização Mundial de Saúde para estudos epidemiológicos, Epi Info 3.5.2. versão 2008, onde encontrou-se frequências absolutas para as variáveis relacionadas farmacoterapia e fitoterapia, bem como o valor de prevalência da automedicação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Aplicou-se 81 formulários nas instituições pesquisadas, cuja análise estatística evidenciou os seguintes resultados: o maior número dos participantes é do sexo feminino (75,31%), cuja renda familiar varia de um a dois salários mínimos (62,96%), apresentando baixa escolaridade (90,12%). Os dados farmacoepidemiológicos indicaram que 77,77% da população fazem uso de medicamentos alopático, os mais frequentes são os anti-hipertensivo (53,08%) e hipoglicemiantes (18,71). Um percentual alto (75,30%) relacionado ao uso de plantas medicinais. A prática da automedicação revelou-se frequente, e a prevalência da automedicação foi de 39,4%, motivada por decisão própria (42,59%) sendo os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios as classes de fármacos mais utilizados. A baixa escolaridade é considerada um fator de risco importante na utilização de medicamentos pelos entrevistados, e quando aliado ao fato de que a maioria desses idosos possui baixa renda os riscos inerentes à fragilização do idoso como suscetibilidade a ação dos fármacos, reações adversas, erros na administração, interações medicamentosas e uso inadequado de medicamentos tornam-se mais propícios. Obteve-se um valor alto de prevalência quando comparado a estudos similares, e essa prática pode ser estimulada pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde especializados a esses pacientes bem como por familiaridade com o medicamento, experiências positivas anteriores, e falta de conhecimento quanto as desvantagens.
CONCLUSÕES:
A prevalência da automedicação entre idosos do município de Itacoatiara – AM mostrou-se superior quando comparado a estudos similares envolvendo idosos de outros municípios brasileiros, e esse valor alto demonstra que a prática está relacionada à forte tendência cultural da automedicar-se uma vez que os riscos inerentes desse ato são desconhecidos pela população bem como pela falta de maior atenção farmacêutica em relação à população idosa e insatisfação com os serviços públicos de saúde.
Palavras-chave: senescência, uso irracional de medicamentos, epidemiologia.