65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
ESCARIFICAÇÃO QUÍMICA PARA A SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA EM SEMENTES DE CANAFÍSTULA ( Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert )
Kívia Soares de Oliveira - Graduação em Ciências Biológicas - UFRN
Eliane Clécia Pereira - Graduação em Ciências Biológicas - UFRN
Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa - Prof. Dr./ Orientador – Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia - UFRN
INTRODUÇÃO:
A canafístula ( Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert ) é uma leguminosa arbórea de grande importância econômica e ambiental. Sua madeira é utilizada na construção civil, marcenaria, carrocerias e dormentes, sendo enquadrada na categoria de espécie madeireira promissora (VIVIAN et al., 2010). Por ter crescimento rápido e ser heliófila a espécie é recomendada para reflorestamentos mistos de áreas degradadas, paisagismo em geral, arborização de parques, praças e rodovias (LORENZI, 2002). Apresenta sementes com dormência devido à impermeabilidade do tegumento a água, que é a causa mais comum de dormência nas sementes de espécies de leguminosas. A dormência é um fenômeno intrínseco da semente, funcionando como mecanismo natural de resistência a fatores adversos do meio (BEWLEY e BLACK, 1994). Nesse sentido, para acelerar e uniformizar a germinação de sementes, processos químicos são empregados pela ação de álcool sobre o tegumento, com a finalidade de balancear a entrada e saída de água e gases (POPINIGIS, 1977; RAMOS, 1984). Segundo Silva et al. (2011), os métodos de escarificação mecânica, química e física vêm sendo largamente utilizados como tratamentos pré-germinativos para otimizar o processo de germinação de sementes dormentes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da escarificação química para superação da dormência tegumentar de sementes de canafístula.
MÉTODOS:
O estudo foi conduzido em Laboratório de Biotecnologia de Conservação de Espécies Nativas - LABCEN, do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia, Centro de Biociências, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no período de setembro de 2011. As sementes utilizadas foram coletadas em novembro de 2010, no município de Nísia Floresta/RN. Após aquisição, as mesmas foram armazenadas em recipiente de vidro e acondicionadas à temperatura ambiente até a realização do experimento. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com duas repetições de 50 sementes, totalizando 100 sementes por tratamento, colocadas para germinar em placas de petri, utilizando como substrato o papel filtro, sendo este umedecido com água destilada. Os tratamentos para quebra de dormência foram: T0- controle (semente intacta), T1- imersão em álcool 46,6º por 30min; T2- imersão em álcool 46,6º por 60min; T3- imersão em álcool 96,6º por 30min; T4- imersão em álcool 96,6º por 60 min. Os parâmetros analisados foram porcentagem de germinação (PG), índice de velocidade de germinação (IVG) e tempo médio de germinação (TMG), e os valores submetidos à análise de variância ANOVA, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, pelo programa ASSISTAT 7.6 beta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Avaliando-se os resultados de germinação, constatou-se que houve influência dos tratamentos de escarificação química em relação ao IVE e TMG, exceto para PG. Com relação à taxa de germinação, embora não tenham diferido estatisticamente, as sementes imersas em álcool 96,6º por 60min apresentaram o maior resultado com 40% de emergência. Já a testemunha apresentou apenas 20% de emergência, com maior taxa de sementes dormentes ao final das análises, 80%. Quanto ao IVG, T1 (1,43 dias-1) apresentou melhor resultado, seguido de T2, T3 e T4. Em relação ao TMG, foi observada diferença significativa para T1, o qual obteve menor valor (13,48 dias) seguido por T3 e T4. Segundo Rodrigues et al. (2007), quanto menor o tempo médio, mais vigorosa a amostra. Os resultados foram inferiores aos obtidos por Dutra et al. (2010), que em estudos com sementes de macambira obtiveram germinação acima de 75%. Já Eller et al.(2010) em estudos com Caesalpinia férrea, relataram que a utilização de álcool por 10 horas, aumentou o tempo para as sementes se desenvolverem o que possivelmente, pode ser atribuído a uma alteração no seu embrião. Além disso, afirmam que este método não se mostrou viável, uma vez que as sementes além de demorarem a se desenvolver, acabaram morrendo após seu desenvolvimento.
CONCLUSÕES:
Os tratamentos pré-germinativos não se mostraram favoráveis à quebra de dormência de canafístula uma vez que promoveram germinação inferior a 50%, sendo necessário testar novas concentrações e tempo de imersão em álcool que possibilite maior emergência de plântulas. No entanto, neste estudo o tratamento com imersão em álcool 46,6º durante 30min foi o que promoveu diminuição no tempo de germinação das sementes aumentando sua uniformidade, e maior vigor para emergência de plântulas.
Palavras-chave: Leguminosae, Dormência, Germinação.