65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
O brincar como instrumento de avaliação psicopedagógica na Educação Infantil
Rafael de Farias Ferreira - Unidade Acadêmica de Educação do Campo – CDSA/UFCG
Joana Raquel Lira Torres - Especialista em Psicopedagogia, Faculdades Integradas de Patos, FIP, Monteiro/PB
INTRODUÇÃO:
Este estudo tem por objetivo compreender o brincar como instrumento importante na avaliação psicopedagógica na Educação Infantil. O mesmo investiga a relação que o brincar possui em torno do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança. A partir de Palacios e Mora (2004), Le Boulch (1987), Oliveira (2009) e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), se discutiu o ato de brincar nos processos de avaliação e de prática psicopedagógica. O aporte teórico de Oliver (2011), Weiss (2001), Beauclair (2011) e Bossa (2007) analisa as possibilidades que as atividades lúdicas oferecem para instrumentalizar práticas que auxiliam na amenização do fracasso escolar. Foi realizado um estudo de caso, com abordagem qualitativa, numa turma de Pré I da educação infantil da rede pública de Zabelê-PB.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho buscou evidenciar a importância do brincar na Educação Infantil e descrever como a prática psicopedagógica colabora no desenvolvimento das relações entre estruturas cognitivas e simbólicas na vivência do brincar. Além disso, o estudo tem o fim de contribuir com a prevenção e tratamento de possíveis dificuldades de aprendizagem, ampliando o olhar dos profissionais em educação.
MÉTODOS:
Os sujeitos das pesquisas são os alunos da Educação Infantil, do Pré I. Neste primeiro momento, participaram vinte e um e no segundo momento, apenas dois de quatro anos. Isso porque, observou-se nesse primeiro momento o desempenho dos alunos perante as atividades propostas pelas professoras, sendo que nesta fase o psicopedagogo buscou diagnosticar os alunos que poderiam apresentar dificuldades de aprendizagem, ou seja, ele não interviu apenas observou, isso durante dois dias. Nesta etapa, o psicopedagogo avaliou a forma de como os alunos desenvolviam as brincadeiras, os jogos e as atividades que exigiam habilidades da coordenação motora e buscou levantar dados sobre o comportamento do aluno no ambiente escolar e familiar.
Em decorrência desta fase, selecionaram-se dois alunos, sendo esses, aqueles que apresentaram dificuldades bem acentuadas e visíveis, que os impediram de viver o momento com maior clareza, portanto, sem a sensação de prazer que é tão importante para o desenvolvimento humano. Completada a fase do diagnóstico, se propôs as professoras durante três dias a substituição de uma de suas atividades diárias por brincadeiras espontâneas, e posteriormente, algumas brincadeiras direcionadas, sendo as mais relevantes para este estudo, a “amarelinha” e a “ciranda-cirandinha”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Identificou-se durante o brincar das crianças que os dois alunos diagnosticados, não interagiram com os outros sujeitos em sala de aula. Um demonstrou desinteresse pela brincadeira espontânea, o outro, interagiu com vários colegas, no entanto, não se concentrou por um período que pudesse representar uma experiência de sentidos e significados relevantes para o seu desenvolvimento.
As brincadeiras direcionadas foram decisivas para avaliar alguns desajustes comportamentais. O aluno 1, na amarelinha, teve dificuldade de se equilibrar, mas com as repetições, o aluno foi adquirindo maior equilíbrio. Ao longo da brincadeira, enquanto os outros colegas brincavam, ele permaneceu introspectivo. Na ciranda –cirandinha, demonstrou um certo desconforto por estar no coletivo de mão dadas com as outras crianças. No término da brincadeira ele volta para sua mesa e senta-se em sua cadeira. O aluno 2, na primeira brincadeira, apresentou dificuldade de equilibro e durante a execução do brincar, o seu corpo estava torto, deixando-o em uma postura inadequada. Na segunda, ele interagiu bem com os colegas, demonstrou no rosto uma expressão de satisfação.
CONCLUSÕES:
A maneira como uma criança brinca reflete sua forma de pensar e sentir, nos mostrando como está se organizando frente à realidade, construindo a sua história de vida, conseguindo interagir com as pessoas e situações de modo original, significativo e prazeroso, ou não. A ação da criança reflete enfim sua estruturação mental - o nível de seu desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional.
O enfoque na avaliação lúdica é um dos caminhos que possibilita ao psicopedagogo ver como a criança inicia seu processo de adaptação à realidade.
O estudo de caso evidenciou que através dos movimentos realizados pelo corpo das crianças participantes desse estudo, consegue-se avaliar como os enlaces entre o biológico e o psíquico estão se desenvolvendo.
A partir das avaliações, que são realizadas também com o auxilio do histórico familiar e escolar, o psicopedagogo oportuniza ações específicas aos alunos que apresentam indícios de comportamento patológico, como também orienta o professor a desenvolver atividades coletivas que colaborem na construção dos sujeitos em desenvolvimento.
Diante das avaliações realizadas, observa-se que o brincar como método de trabalho, serve tanto para o diagnóstico, quanto para intervenção, sendo que a sua ação pode ser preventiva ou terapêutica.
Palavras-chave: Brincar, Desenvolvimento global, Avaliação psicopedagógica.