65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 5. Letras
Bruxos X Trouxas: Uma análise do preconceito racial na obra Harry Potter e a Pedra Filosofal
Karla Beatriz de Freitas Lira - Curso Técnico em Alimentos – IFRN
Claudiane Felix de Moura - Profa. Msc./Orientadora - Língua Inglesa - IFRN
INTRODUÇÃO:
Ao longo do tempo, pessoas formaram grupos de etnias diversas e desenvolveram seus próprios costumes e culturas, mantendo-se isolados do resto do mundo e conservando firmemente suas tradições. Entretanto, estamos vivendo em um mundo globalizado, onde temos todas as possibilidades de conhecer novas culturas e interagir com elas. O que muitas vezes falta é a aceitação de alguns grupos culturais de “modificar suas tradições originais” e alguns deles, muitas vezes, podem achar que são melhores do que outros, causando diversos conflitos, que em sua grande maioria acarretam efeitos catastróficos para a sociedade. Esses conflitos marcaram sociedades por muito tempo e observamos que, por todo o mundo e em diferentes épocas, diversos artistas retrataram a sociedade na qual estavam inclusos, mostrando todos os possíveis acontecimentos que ocorreram nesses períodos, sendo, dessa forma, parte construtiva desse mundo.
A obra selecionada foi Harry Potter e a Pedra Filosofal, de J. K. Rowling, no qual a autora utiliza a ficção para nos mostrar a organização social e o preconceito racial presentes no universo ficcional do livro, fazendo uma referência a grandes conflitos da história causados por esse preconceito, como também as consequências desses atos para os indivíduos dessa sociedade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este artigo visa a analisar a obra Harry Potter e a Pedra Filosofal em uma perspectiva sociológica, identificando como a sociedade mágica criada pela autora é organizada e como os membros dessa sociedade direcionam atitudes preconceituosas contra outros. Também será analisada a relação entre sociedade e literatura, identificando a obra como um meio de protesto contra o preconceito racial.
MÉTODOS:
A obra Harry Potter e a Pedra Filosofal, publicada em 1997, será analisada aqui por meio da dimensão da crítica sociológica e como um instrumento integrante de uma sociedade, levando em consideração as discussões dos conceitos de raça e etnia no parâmetro social e científico, bem como o surgimento e desenvolvimento desses conceitos dentro da sociedade. Foram também estudados os principais conflitos ocorridos entre grupos raciais e étnicos diferentes a fim de cumprir com o maior objetivo da pesquisa: o de estabelece uma relação entre esses conceitos impostos pela sociedade e a obra de ficção de J. K. Rowling.
A obra foi analisada através de leituras, discussões e análises de textos do social acerca dos conceitos sociológicos sobre raça, etnicidade e o preconceito racial que alguns indivíduos possuem contra outros, causando grandes conflitos durante a história em nossa sociedade (Giddens, 2005) bem como conceitos baseados na biologia (Barbujani, 2007). Também será analisada a relação que a literatura possui com a sociedade, como retrata um pouco da nossa realidade em suas incríveis histórias muitas vezes fictícias (Facina, 2004; Candido, 2010), mostrando como o autor pode influenciar sua obra com assuntos da nossa sociedade, no caso o preconceito racial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O primeiro livro da saga Harry Potter da escritora J. K. Rowling, Harry Potter e a Pedra Filosofal, é uma obra fictícia que mostra o primeiro ano de Harry Potter em um mundo que, como qualquer outra sociedade, possui pessoas de costumes diferentes, grupos de diversas classes sociais e “raças”, um mundo mágico, literalmente. São essas diferenças vistas na sociedade bruxa que causaram um terrível conflito entre seus membros, surgindo atitudes preconceituosas, tais como o preconceito dos trouxas (não-bruxos) contra os bruxos no início do livro, a exemplo de Sr. Dursley (tio de Harry), ou mesmo o preconceito de bruxo contra bruxo, o qual seja talvez uma das atitudes mais explícitas do livro. Lord Voldemort, o vilão do livro, é o exemplo mais radical presente na saga de como o preconceito pode afetar todo um mundo, uma vez que ele chega a matar inúmeros trouxas e mestiços por seus ideais.
CONCLUSÕES:
Com a análise do livro, foi possível reconhecer algumas características sociais da nossa realidade dentro da estória, vistas por meio da leitura dos textos científicos sobre raça, etnicidade, crítica sociológica, relação entre literatura e sociedade e algumas considerações sobre genética, além de proferirmos uma relação entre as linhas de pensamentos fictícias da obra e as de nossa realidade.
Dentre essas atitudes, o preconceito racial talvez seja o maior exemplo de intolerância contra qualquer outro grupo de pessoas que possua pequenas características diferentes de um grupo majoritário, que, pelo preconceito, chega a medidas extremas, como o assassinato. Esses tipos de atitudes não são vistas apenas nesse mundo criado pela autora. Em nossa realidade também convivemos com essas atitudes preconceituosas, desde antigamente, e principalmente nesse período, com inúmeros conflitos entre alguns grupos, que mataram inúmeras pessoas, estando todo o contexto da obra diretamente ligada à realidade.
Assim, foi possível identificar a obra de J. K. não só como uma criativa história ficcional, de bastante sucesso e muito prazerosa, mas também como um instrumento de protesto que retrata, através da invenção de um “novo mundo”, personagens e histórias fictícias que simbolizam a nossa sociedade.
Palavras-chave: Preconceito Racial, Sociedade, Literatura.