65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 5. Teoria e Análise Linguística
A CONCORDÂNCIA SOB UM VIÉS MINIMALISTA
Alane Luma Santana Siqueira - Universidade Federal Rural de Pernambuco/ Unidade Acadêmica de Serra Talhada
Adeilson Pinheiro Sedrins - Prof. Dr./ Orientador - UFRPE/UAST
INTRODUÇÃO:
No Português Brasileiro (PB) o falante nativo tem disponível um leque de possibilidades para indicação de pluralidade nos sintagmas nominais: a) Os copos quebrados; b) Os copos quebrado e c) Os copo quebrado. Analisando os exemplos expostos, observamos que existe uma sistematicidade em relação ao fenômeno, o fato de, por exemplo, se apenas um dos constituintes receber o morfema de plural, este será o determinante como em (c), apesar de não ter sido passado para o falante que ele deveria usar essa forma, sendo algo espontâneo. Essa questão aponta para o fato de que esse fenômeno da marcação de plural parece não ser algo que é aprendido. No que diz respeito ao conhecimento linguístico, o falante internaliza, no período de aquisição de sua língua materna, regras de sua língua particular. Acreditamos ser de suma importância essa pesquisa, dada a complexidade de se estudar algo como a língua. Esperamos que esta pesquisa possa contribuir com outros estudos realizados no PB, tanto para nós, falantes nativos compreendermos melhor nossa língua, como também para falantes de outros idiomas entenderem como funciona a estrutura do PB, no que tange ao fenômeno da marcação de pluralidade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Nosso objetivo central, neste trabalho, é apresentar uma análise sobre a concordância nominal do PB, sob a perspectiva da teoria de valoração de traços, conforme apresentada em Chomsky (2001). Para isso, nosso estudo parte da discussão do trabalho de Magalhães (2004), uma proposta baseada na operação Agree (Chomsky, 2001).
MÉTODOS:
A pesquisa tomará como modelo teórico de análise a Teoria de Princípios e Parâmetros, na sua versão minimalista (CHOMSKY, 1995 e trabalhos subsequentes). O estudo pretendido foi realizado conforme o método de abordagem hipotético-dedutivo e os dados do PB tomados para análise são dados de introspecção, uma vez que a teoria defende que todo falante nativo de uma língua, se não possuir nenhuma deficiência, é plenamente competente para fazer distinções entre o que pertence ou não a ela, ou seja, o que é gramatical ou não em sua língua materna.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
De acordo com Chomsky (2001), os itens lexicais que “alimentam” a derivação de estruturas sintáticas podem apresentar traços interpretáveis e não-interpretáveis. O item que apresenta um traço não-interpretável assume um papel de sonda, procurando na estrutura um alvo, a fim de que, a partir dessa relação (chamada Agree), seu traço não-interpretável possa ser valorado e eliminado antes de atingir as interfaces. Magalhães (2004) propõe que a operação Agree, responsável pela concordância entre o sujeito e a flexão verbal da sentença, seja estendida também ao domínio do DP. De acordo com a autora, no PB, adjetivos (A) possuem traços-phi de gênero (g) e número (n) não-interpretáveis; nomes (N) possuem traço de g e pessoa interpretáveis, mas traços de n e Caso não-interpretáveis. No momento em que A entra em relação com N, A tem seu traço de g valorado. D seria o núcleo que possui traço de n interpretável, mas traço não-interpretável de g. Então, D, ao ser concatenado na estrutura, estabelece relação com A, valorando o traço de n de A.. No entanto, D não valora o seu próprio traço de g, já que A não tem traço interpretável de g, e continua procurando um alvo, encontrando N, que valora o seu traço de n com D, e D, por sua vez, tem seu traço de g valorado.
CONCLUSÕES:
Três questões centrais, a partir do estudo de Magalhães (2004), são exploradas em nossa pesquisa. A primeira diz respeito ao próprio licenciamento do adjetivo dentro do DP na proposta da autora, como uma categoria selecionada por D e não como um adjunto, como tradicionalmente se concebe o adjetivo. A segunda é o fato de o adjetivo funcionar como um alvo, valorando seu traço não-interpretável de gênero com D, D não “ganhando” nenhuma eliminação de seus próprios traços não-interpretáveis, parecendo funcionar até mesmo como um alvo e não uma sonda (o que é estranho já que a sonda precisa c-comandar o alvo (CHOMSKY, 2001), e não o contrário). Assim, assumimos que na relação estabelecida entre D e A, ambos obtêm traços valorados. E finalmente, a terceira questão diz respeito à nossa investigação sobre a presença de traço de pessoa não-interpretável no DP, uma questão não explorada por Magalhães. Essa proposta permitiria que o D continuasse à procura de um alvo e valorasse o seu traço de pessoa e N, por sua vez, valoraria o seu traço de número.
Palavras-chave: Concordância nominal, Valoração de traços, Operação Agree.