65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 1. Oceanografia Biológica
SEQUESTRO DE CARBONO POR FLORESTAS DE MANGUE
Brunna Tomaino de Souza - Faculdade de Oceanografia - UERJ
Mario Luiz Gomes Soares - Prof° Dr./ Orientador - Faculdade de Oceanografia - UERJ
INTRODUÇÃO:
O presente estudo tem como objetivo a caracterização do papel dos manguezais de Guaratiba–RJ no processo de sequestro e estoque de carbono atmosférico através do desenvolvimento de equações alométricas para estimativa da biomassa aérea e da aplicação dessas equações a dados de estrutura vegetal das florestas de mangue.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterização do papel dos manguezais de Guaratiba–RJ no processo de sequestro e estoque de carbono atmosférico.
MÉTODOS:
A partir da amostragem de 53 árvores de Avicennia schaueriana com DAP (diâmetro à altura do peito) variando entre 0,7 e 37,3 cm, foram testados, através de análise de regressão, 78 modelos de equações alométricas para a estimativa da biomassa aérea seca total a partir de medidas de tamanho (DAP, altura, área basal, área da copa e diâmetro médio da copa). Para o cálculo do estoque de carbono foram utilizadas 94 parcelas de caracterização estrutural classificadas em tipos fisiográficos (franja, bacia e transição). O cálculo das taxas de sequestro de carbono foi baseado no monitoramento anual de parcelas permanentes (n = 30) entre 2003 e 2011, considerando-se o incremento resultante do crescimento de troncos e do recrutamento de novos indivíduos. Os dados de biomassa foram convertidos em carbono aplicando-se o teor de 0,45gC/g massa seca descrito na literatura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Para as árvores vivas de A. schaueriana foi selecionada a equação Ln(TOTAL) = 4,8017 + 2,5282 x Ln(DAP) e para as árvores mortas foi selecionada a equação Ln(Troncos+Galhos Principais) = 4,4117 +2,5578 x Ln(DAP), já que os compartimentos de copa são rapidamente perdidos logo após a morte das árvores. As equações alométricas das outras duas espécies de mangue que ocorrem na região (Rhizophora mangle e Laguncularia racemosa) foram desenvolvidas em estudos anteriores. Aplicando-se essas equações, observamos um padrão de maior estoque de carbono nas florestas de franja (90,27 ± 30,70 tC.ha-1) em comparação com as florestas de bacia (58,79 ± 23,80 tC.ha-1) e transição (25,29 ± 20,04 tC.ha-1). Esse padrão é confirmado pelo teste ANOVA (F = 42,02; p < 0,01) e pelo pós-teste de Tukey (p<0,01 nas 3 combinações). Analisando este cálculo em relação aos tipos fisiográficos não foi observada diferença significativa entre os mesmos (ANOVA F = 2,56; p = 0,10), embora franja e transição apresentem médias (2,09 ± 0,76 e 1,89 ± 1,05 tC.ha-1.ano-1, respectivamente) superiores à da bacia (1,56 ± 0,91 tC.ha-1.ano-1).
CONCLUSÕES:
De forma geral, os valores de estoque e sequestro de carbono estimadas para Guaratiba estão dentro da faixa de variação observada na literatura. A variabilidade observada se deve à existência de extensos gradientes de frequência de inundação pelas marés em Guaratiba e também à questões relacionadas à dinâmica das florestas, as quais serão melhor avaliadas em etapa futura do projeto. Tais resultados demonstram o funcionamento das florestas de mangue como sequestradoras de carbono.
Palavras-chave: mangue, sequestro de carbono, biomassa.