65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR Saccharum spp. SOB CULTIVO UTILIZANDO BIOCARVÃO PRODUZIDO COM O BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR
Marianny Monteiro Pereira de Lira - Depto. De Tecnologia em Gestão ambiental – IFPE
Renata Maria Caminha Mendes de Oliveira Carvalho - Profa. Dra. / Orientadora – Depto. De Tecnologia em Gestão ambiental – IFPE
Marília Regina Costa Castro Lyra - Profa. Dra. – Depto. de Tecnologia em Gestão ambiental – IFPE
Maria do Carmo Martins Sobral - Profa. Dra. – Depto. de Engenharia Civil - UFPE
Gérsica Moraes Nogueira da Silva - Depto. De Ciências Biológicas - UFRPE
INTRODUÇÃO:
A cana-de-açúcar é cultivada há quatro séculos no litoral do Nordeste, contudo mais recentemente, por meio do programa de uso do álcool etílico, a cultura disseminou-se por quase todos estados brasileiros, estabelecendo-se nos mais diferentes tipos de solos. Atualmente estão sendo feitos elevados investimentos para o cultivo da cana de açúcar, pois as características ambientais e a competitividade exigem produtividade, redução de custos e dos impactos no meio ambiente. Em Pernambuco, a cana-de-açúcar é queimada para facilitar a colheita, com isso, o corte das folhas na colheita, a torta de filtro e o bagaço podem produzir biocarvão, uma tecnologia inovadora que sequestrará o carbono no solo podendo aumentar sua fertilidade. Neste contexto, o biocarvão é uma biomassa derivada de carbono preto (carvão) que é produzido pela queima da biomassa da planta sem oxigênio (pirólise a baixa temperatura) ou por carbonização hidrotermal. A pesquisa em tela vem trazer uma nova perspectiva a sustentabilidade do setor sucroalcooleiro em termo de redução de custos atuais referentes ao uso de fertilizantes químicos e de melhoria da produtividade da cana. Os resultados obtidos estão sendo estendidos a outras áreas agrícolas do semiárido de Pernambuco.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a produtividade da cana-de-açúcar sob cultivo utilizando-se biocarvão produzido com bagaço de cana-de-açúcar, através da análise quantitativa do seu crescimento.
MÉTODOS:
Os experimentos foram conduzidos na casa de vegetação do Laboratório de Fisiologia Vegetal da Universidade Federal Rural de Pernambuco. O biocarvão utilizado na pesquisa foi produzido no Laboratório de Solos da Universidade Técnica de Berlim. O experimento foi conduzido utilizando muda de cana-de-açúcar da variedade RB 92579 e dois tipos de solos, arenoso e argiloso, com 8 vasos preenchidos para cada tipo de solo. O preenchimento dos vasos foi feito com 5 cm de brita, 10 cm de solo peneirado e incorporado 300 gramas do biocarvão. Após o preenchimento foram saturados. O crescimento foi avaliado 90 dias após o plantio, em intervalos semanais, sendo mensuradas: a altura do colmo a partir de 1 cm acima do solo até a folha +1; a contagem do número de folhas com pelo menos 20% de área verde; o número de perfilhos e o diâmetro do colmo, medido na área basal na altura do 3° nó, utilizando-se um paquímetro. Aos 210 dias após o plantio foi realizada a biometria nas 16 plantas, avaliando a largura da folha e o comprimento da folha +3. Os dados foram tabulados e calculados a área de cada folha através da fórmula da área foliar expressa como o produto do comprimento da folha avaliada com a sua largura, o número de folhas com 20% de área verde e o seu fator de forma de 0,75 dividido por 100.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram calculados os desvios padrões e médias de cada mês de monitoramento no período de Março de 2012 a Julho de 2012. Os resultados demonstraram que para o parâmetro altura da planta no solo arenoso o controle apresentou uma média, ao final do período de monitoramento, de 5 cm a mais que o tratamento com biocarvão. Com relação ao diâmetro do colmo, o tratamento com biocarvão apresentou uma média de 3,5 cm a mais que o controle. Para o número de perfilhos e folhas não ocorreu diferença significativa entre o controle e o tratamento aplicado. Os tratamentos no solo argiloso para o parâmetro altura da planta se comportaram de maneira inversa ao solo arenoso com o tratamento com biocarvão apresentando uma média, ao final do período de monitoramento, de 8 cm a mais que o controle. Com relação ao diâmetro do colmo, o tratamento com biocarvão apresentou também uma média de 3,5 cm a mais que o controle. Para o número de perfilhos houve um aumento do perfilhamento e para o número de folhas não ocorreu diferença significativa entre o controle e o tratamento aplicado. Com relação à área foliar, foi verificada uma média maior para a planta que recebeu o tratamento de biocarvão com uma diferença média, para os dois tipos de solos, de 2,45 da testemunha.
CONCLUSÕES:
O fato de o biocarvão ter proporcionado um aumento no diâmetro dos colmos em ambos os solos é um bom indicativo que haverá aumento de produtividade da cultura visto que o peso por hectare será maior. O biocarvão se comportou de maneira positiva na avaliação da área foliar, visto que através da mesma é possível aquilatar-se a eficiência das folhas da planta em estudo, na captação de energia solar, na produção de matéria orgânica e na influência sobre o crescimento e o desenvolvimento da planta. Os resultados preliminares da pesquisa, com estudo em escala piloto em casa de vegetação, demonstraram a potencialidade do uso do biocarvão para o incremento de produtividade da cana-de-açúcar, visto a influência positiva no parâmetro diâmetro do colmo e área foliar que está diretamente ligado à produtividade agrícola como industrial, necessitando agora os testes das dosagens avaliadas em escala de campo.
Palavras-chave: Crescimento da cana-de-açúcar, área foliar, produtividade agrícola.