65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 1. Enfermagem de Doenças Contagiosas
PREVENÇÃO DO HIV/AIDS JUNTO AOS JOVENS USUÁRIOS DE COCAÍNA/CRACK POR MEIO DO CÍRCULO DE CULTURA
Agnes Caroline Souza Pinto - Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará – UFC
Adna de Araújo Silva - Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará – UFC
Clarice da Silva Neves - Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará – UFC
Samilly Girão de Oliveira - Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza-CE
Neiva Francenely Cunha Vieira - Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará – UFC
Patrícia Neyva da Costa Pinheiro - Orientadora/Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Ceará - UFC
INTRODUÇÃO:
Desde que a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) começou a ser reconhecida como problema de saúde pública, tem havido preocupação crescente com o papel desempenhado pelos usuários de drogas na disseminação global do Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV), sendo esta, atualmente, a segunda causa de morte entre eles.
Neste contexto, a população de usuários de drogas injetáveis (UDI) é aquela em que o HIV se dissemina mais rapidamente. Além da via de exposição parenteral ser extremamente eficiente do ponto de vista da transmissibilidade, existe acentuada rede de interação neste grupo, cujo compartilhamento de equipamentos de injeção, assim como o uso de drogas pré-preparadas, é incentivado por hábitos, e facilitam uma maior exposição a situações de risco sexual.
Contudo, as estratégias de prevenção entre os usuários de drogas têm maior impacto na modificação do comportamento de risco relacionado ao uso de droga (como compartilhamento de apetrechos) do que modificações no comportamento sexual de risco, o que aponta para um nicho a ser explorado na tentativa de se permitir redução de danos a esta população de forma mais ampliada.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Promover, por meio dos Círculos de Cultura, espaço crítico-reflexivo acerca da prevenção do HIV/aids junto aos jovens usuários de cocaína/crack.
MÉTODOS:
Trata-se de pesquisa-ação, realizada de janeiro a setembro de 2012. Os sujeitos do estudo foram dez jovens usuários de cocaína/crack, do sexo masculino, com idade entre 18 e 24 anos, acompanhados para tratamento de dependência na comunidade terapêutica Desafio Jovem do Ceará. Os instrumentos e as técnicas utilizados para coleta das informações foram: entrevista semiestruturada, observação-participante, registro fotográfico, gravação dos discursos e registro em diário de campo. Como método e técnica para articular a dimensão coletiva e interativa da investigação proposta pela pesquisa-ação, utilizou-se o Círculo de Cultura. Deste modo, foram realizados seis Círculos de Cultura construídos de acordo com as seguintes etapas: o conhecer do universo individual e coletivo, seleção dos temas, dinâmicas de sensibilização e problematização, reflexão teórico-prática, construção coletiva do conhecimento e avaliação de cada círculo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Neste sentido, os jovens discutiram e refletiram sobre: o viver dos jovens com as drogas, a vulnerabilidade do usuário de drogas ao HIV/aids, a relação da Aids com as drogas, a prevenção e a transmissão do HIV/aids e o que aprendemos sobre Aids? Os achados frutos desta discussão foram os seguintes: no início dos círculos, os jovens demonstraram conhecimento sobre a aids bastante incipiente e desarticulado, com predominância de mitos; relataram nunca terem feito uso de drogas injetáveis, porém se consideravam vulneráveis às DST/aids visto que o compartilhamento de canudos e cachimbos para o uso da cocaína/crack e a perda da consciência favoreciam ao não uso do preservativo durante as relações sexuais e à multiplicidade de parceiros; os amigos desses jovens foram os principais fatores de risco para que viessem a experimentar as drogas; as festas, as “raves” eram lugares propícios para o início do uso de drogas, porém casas abandonadas, escolas, e casas dos amigos, também foram incluídas como opções para o consumo de drogas, e que a religião era muito importante para que os jovens decidissem não usar mais as drogas e iniciassem o tratamento para dependência.
CONCLUSÕES:
O processo educativo despertou nos nossos jovens o interesse e a necessidade de conversar com seus pares acerca da problemática que envolvia as DST/aids e as drogas, e além disso ensinou várias maneiras de trabalhar a questão das drogas nas escolas com crianças e adolescentes que ainda não são usuários, ratificando que o Círculo de Cultura possibilita a reflexão e a transformação do sujeito e do meio no qual ele está inserido. Diante do exposto, o enfermeiro pode trabalhar com metodologias dialógicas e participativas, como a de Paulo Freire, para favorecer a reflexão crítica do educador e educando em prol da prevenção de DST/aids em usuários de cocaína/crack.
Palavras-chave: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Drogas Ilícitas, Adolescente.