65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
A Educação de Jovens e Adultos: um ensaio na sala do 1º segmento da I etapa
Manuella Souza de Oliveira - Centro de Educação – UFAL
Edilma José da Silva - Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente - UFAL
INTRODUÇÃO:
Consideramos que o Brasil vem (re) construindo, ao longo de sua história, as instituições democráticas e, nesse processo, a escola tem um importante papel a cumprir, dentre tantos outros, com relação à educação de Jovens e Adultos (EJA). Porém, em relação ao estado de Alagoas, mais precisamente à cidade de Maceió, esse processo de alfabetização de jovens e adultos está um pouco distante do que se pretende alcançar, conforme afirma Amorim, Moura e Queiroz (2009, p.166): “Supondo que as ações de alfabetização de jovens e adultos em Alagoas permaneceram federalizadas e que não ocorreram significativos avanços nas ações que promovem a escolarização, o estudo referente às ações de EJA realizado nas décadas de 1990 a 2000 comprovou que existe uma lacuna entre as ações anunciadas nos planos e as ações implementadas [...]”. O presente trabalho é um recorte dos resultados de uma investigação realizada na Educação de Jovens e Adultos numa turma do 1º segmento da I etapa, em uma escola da rede pública estadual da cidade de Maceió em 2009, que buscou compreender o processo da prática pedagógica da professora em sala de aula, através de um estudo de caso. Em geral os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que” (YIN, 2001).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo principal da pesquisa consistiu em identificar e refletir sobre as concepções teórico-metodológicas que sustentavam a prática pedagógica de uma professora que atuava na Educação de Jovens e Adultos em uma escola pública de Maceió/AL, através de um estudo de caso.
MÉTODOS:
A abordagem metodológica que melhor responde ao objetivo traçado é a do tipo qualitativa. O estudo de caso permite ao investigador coletar dados que através de entrevistas, etc., como forma de entender a complexidade da realidade que pretende investigar. André (2005), afirma que na educação, o Estudo de caso aparece em manuais de metodologia de pesquisa apenas nas décadas de 60 e 70, porém com um sentido muito estrito, predominando estudos de caráter mais descritivo de uma unidade, seja ela uma escola, um grupo ou uma sala de aula. Neste caso, elegemos a observação, a entrevista semi-estruturada como técnicas de recolha de dados. Esta combinação de técnicas – permitida, justamente, pelo caráter qualitativo da pesquisa – possibilitou uma aproximação com o campo de investigação e a consequente reflexão sobre as questões que foram se desdobrando a partir do escopo geral, a saber: a professora nas suas aulas tem uma concepção teórico-metodológica definida? Infantiliza os alunos no cotidiano da prática pedagógica? A observação e a entrevista permitiram aos pesquisadores uma aproximação mais contundente com a professora e até mesmo com os alunos da EJA. Além disso, utilizou-se a estratégia do diário de bordo, que ajudou no momento de reflexão e escrita dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dividi-se aqui, de maneira didática, os resultados em duas partes: uma primeira de caracterização dos sujeitos (professora e sua classe); e o segundo ligado às reflexões em torno da prática pedagógica da docente entrevistada. A docente apresentava 27 anos de magistério e cursava o ensino superior normal em pedagogia na altura da entrevista; sua turma era composta por vinte cinco alunos/as sendo dezessete mulheres e oito homens, cuja faixa etária situava-se entre 20 a 80 anos de idade. Para Oliveira (2007, p. 1), “Talvez uma das características que conforme a EJA como modalidade diferente do ensino regular seja a diversidade de contextos em que ela se desenvolve e a pluralidade de seus sujeitos”. Foi possível perceber, através da entrevista e das observações realizadas, que a educadora utilizou o método tradicional de ensino, no qual o docente é o detentor dos saberes e um mero transmissor de conteúdos, diante da passividade dos alunos. Uma vez que “O ensino tradicional pretende transmitir os conhecimentos, isto é, os conteúdos a serem ensinados por esse paradigma seriam previamente compendiados, sistematizados e incorporados ao acervo cultural da humanidade [...]” (LEÃO, 1999, p.191).
CONCLUSÕES:
O presente relato de experiência, através do estudo de caso, objetivou apreender quais concepções teórico-metodológicas a professora entrevistada utilizava no cotidiano da sua prática profissional e, consequentemente, como os sujeitos alfabetizados encontram-se inseridos nesse processo de ensino-aprendizagem. A partir dessa experiência vivenciada na sala de aula, percebemos o quanto é importante à participação e o investimento das políticas públicas na EJA. Necessita-se de formação continuada para os professores, além de fornecimento de materiais pedagógicos que possam ajudar e dar suporte ao trabalho docente nas aulas. Esta discussão acaba por desaguar na questão da responsabilidade do Estado, da escola, bem como da sociedade de uma maneira geral no que se refere à formação desses educandos; além de nos provocar a problematizar os conceitos e métodos privilegiados no processo ensino-aprendizagem, já que estamos inseridos em uma sociedade cada vez mais individualista, e que acaba exigindo educação escolar dos sujeitos. “É como se os sujeitos da educação de jovens e adultos, as professoras e os professores acabassem, também, por compor o contingente dos socialmente excluídos pela nossa sociedade capitalista, cujo peso na agenda política neoliberal é ínfimo” (OLIVEIRA, p.3, 2007).
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Docente, Ensino-aprendizagem.