65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 4. Turismo e Hotelaria - 3. Turismo e Hotelaria
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA: O TAMBOR DE MINA EM SÃO LUÍS – MA
Maria da Graça Ferreira Ribeiro - Depto. de Turismo e Hotelaria - UFMA
Rosana Cristina Caldas Souza - Depto. de Turismo e Hotelaria - UFMA
INTRODUÇÃO:
As religiões de matriz africana no Brasil nasceram nas senzalas das fazendas e nos quilombos, formando uma vasta gama de denominações religiosas afro-brasileiras. Suas práticas e representações foram perseguidas, a partir das mais diversas motivações. Deste modo, durante muitos anos, essas práticas foram socialmente negadas. O trabalho forçado, a marginalização, o racismo e a discriminação que acompanha a maioria de seus adeptos desde o período da escravidão, encontrou nos terreiros, sob a proteção dos Orixás, um importante lugar de expressão e experiência cidadã. Em São Luís, observa-se uma manifestação significativa de religiões de matriz africana. Os terreiros mais antigos são a Casa das Minas – Jêje e a Casa de Nagô, que deram origem ao tambor de mina no Estado. Essas religiões, ao contrário do que imagina o senso comum, não são religiões politeístas, são monoteístas e, para muitos são cercadas de muitas dúvidas e mistérios, sendo assim, mal interpretadas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve como objetivo fazer um estudo acerca do Tambor de Mina em São Luís, onde, pretende-se reduzir as dúvidas e esclarecer os equívocos sobre essa parcela da religiosidade brasileira.
MÉTODOS:
Trata-se de pesquisa de caráter descritivo e o procedimento para a coleta de dados deu-se em duas etapas. Na primeira etapa foram realizadas pesquisas bibliográficas e visitas em blogs e websites para um levantamento teórico das informações necessárias. Na segunda, foi realizada uma entrevista com aplicação de questionário com perguntas abertas, com um “filho” da Casa Fanti-Ashanti, esta por sua vez, se trata de um terreiro, onde são praticadas atividades referentes ao Tambor de Mina em São Luís, na intenção de se obter maiores informações a respeito da temática em questão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
De acordo com as pesquisas realizadas, constatou-se que as religiões de matriz africana, ao contrário do que se poderia imaginar, são religiões monoteístas. Conforme a tradição Yorubá, Olodumaré é o Deus Supremo e, não recebe oferenda diretamente, as divindades que recebem cultos e oferendas são os Orixás, que são figuras divinizadas a serviço do governo do mundo e cada um está ligado a uma força da natureza. Essas religiões não tem nada a ver com rituais satânicos, as divindades africanas cultuadas são basicamente representações das energias da natureza que influenciam na vida das pessoas. O Tambor de Mina é uma religião voltada para a ancestralidade, sendo iniciática e de transe ou possessão. A origem do nome vem da importância que o instrumento - Tambor - tem nos rituais afro-brasileiros e da denominação dada aos escravos africanos trazidos da costa leste do Castelo de São Jorge da Mina Togo, Benin e Nigéria, que também eram conhecidos como mina-jêjes e mina-nagôs. Em São Luís, teve origem com a Casa de Nagô e a Casa das Minas por volta de 1792, existindo dois modelos principais, o mina jêje e mina nagô. Quase 90% dos participantes do culto são do sexo feminino, os homens desempenham a função de tocadores de tambores ou abatazeiros, entre outras atividades.
CONCLUSÕES:
Com o estudo realizado, entendeu-se que as religiões de matriz africana, ao contrário do que muitos acreditam, são monoteístas e, para muitos são cercadas de muitas dúvidas e mistérios, dessa forma, ainda enfrentam muitos preconceitos e discriminação, sendo mal interpretadas por muitas pessoas, que julgam equivocadamente. Em São Luís, observa-se uma manifestação significativa dessas religiões, os terreiros mais antigos são a Casa das Minas – Jêje e a Casa de Nagô, que deram origem ao Tambor de Mina no Estado e a Casa Fanti-Ashanti, que foi inaugurada em 1958 pelo Pai Euclides. O Tambor de Mina tem maior destaque, tendo mais adeptos, devido ao fato da mesma ser originada no Maranhão.
Palavras-chave: Religiosidade Afro, Discriminação, Maranhão.