65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática
A CONSTRUÇÃO E EXPERIEMNTAÇÃO DE UM KIT PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DOS CONTEÚDOS DE GEOMETRIA PLANA, FUNÇÕES E GEOMETRIA ANALÍTICA PARA ALUNOS SEM ACUIDADE VISUAL
Marcia Rosa Uliana - Rede Amazônica em Educação em Ciências e Matemática – Polo UFMT
INTRODUÇÃO:
A escolha desse tema reflete a nossa preocupação em estudar a deficiência visual visando aperfeiçoar recurso pedagógico que possa auxiliar no processo de ensino-aprendizagem da matemática para alunos sem acuidade visual. Antes da vigência da Lei 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, as crianças com deficiência eram mantidas em escolas especiais como as APAES e relacionavam-se com outras crianças com a mesma ou outras deficiências. No entanto, o projeto pedagógico dessas escolas não enfocava as Ciências e os conteúdos sistematizados, uma vez que valorizava as atividades de socialização, convivência e trabalhos manuais. Por isso se desenvolveu-se um número reduzido de recursos pedagógicos com potencialidade de ser utilizado por alunos com deficiência. Os alunos que possuem deficiências e/ou ausência no sentido da visão apresentam restrições de vivência e experiências cotidianas. Esse não contato completo com o mundo que o cerca poderá influir para um desempenho negativo no rendimento escolar do aluno deficiente visual, se não for lhe proporcionado recursos pedagógicos que permitam o acesso aos conteúdos por outro sentido.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Com esta pesquisa nos propusemos a conhecer como está acontecendo o processo de inclusão de alunos sem acuidade nas aulas de matemática no Estado de Rondônia e realizar a experimentação empírica de um kit de material confeccionado por nós no processo de ensino-aprendizagem de alguns conteúdos matemáticos.
MÉTODOS:
O estudo aconteceu no estado de Rondônia, envolveu três alunas (uma do sétimo ano, uma do primeiro ano do ensino médio e outra do terceiro ano do ensino médio) sem acuidade visual e dois professores de matemática. Optou-se em utilizar a metodologia de História Oral e o estudo foi dividido em três etapas. A primeira consistiu em uma entrevista semiestruturada com os sujeitos supracitados primando conhecer suas histórias de vida e trajetórias escolares no caso das alunas, e a carreira profissional dos professores. A segunda a experimentação empírica de um kit de material composto de uma placa de metal com manta magnética quadriculada em uma das faces, eixos x e y de ímã com numeração em braile, formas geométricas planas em EVA com manta magnética em um das faces, pinos de ímãs, pedaços de arame flexível e pedaços de raios de bicicleta de tamanhos variados no processo de ensino aprendizado dos conteúdos de geometria plana, funções e geometria analítica. Já,a terceira etapa consistiu em uma outra entrevista semiestruturada com cada envolvido objetivando analisar a funcionalidade do kit de material e a contribuição do mesmo no processo de inclusão das alunas nas aulas de matemática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Constatou-se na primeira entrevista que as alunas sem acuidade visual vêm sendo prejudicadas no processo de aprendizagem de matemática por uma série de motivos: os professores não estão preparados para atender as necessidades educacionais dos alunos com deficiência, os livros didáticos não estão em braile, logo o acesso aos gráficos e figuras matemática é limitado e há falta de materiais pedagógicos. Os professores queixaram-se da falta de formação e de material pedagógico para atender a demanda de alunos sem acuidade visual,abordando que os alunos com deficiência vivenciam nas escolas de ensino regular um processo que ainda não é de inclusão. O kit de material empreendido se mostrou funcional quando experimentado pelas alunas e professores. As alunas utilizando-se do tato conseguiram esboçar e analisar figuras geométricas, investigar as fórmulas de área e perímetro de figuras planas, plotar gráficos de funções de primeiro e segundo grau, visualizar a distância entre dois pontos, analisar os pontos pertencentes a uma reta, dentre outros. As discentes e os docentes elogiaram a funcionabilidade do kit de material no estudo dos conteúdos no qual foi experimentado. Segundo os professores, as alunas tornaram-se mais ativas nas aulas e tiveram acesso a todo o conteúdo em pauta.
CONCLUSÕES:
O estudo evidenciou que ao possibilitar aos alunos sem acuidade visual o acesso aos elementos e objetos matemáticos pelo sentido do tato, eles conseguem ter um desenvolvimento cognitivo semelhante ao dos videntes. O kit de material empreendido mostrou ser funcional como recurso pedagógico, pois o mesmo permite ao aluno com deficiência visual participar das aulas e fazer as mesmas atividades dos alunos normovisuais quando o conteúdo em pauta for geometria plana, funções e geometria analítica.
Palavras-chave: Kit de material, Deficiente visual, Matemática.