65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DE BANCOS DE BIVALVES DE ÁGUA DOCE NO RIO TOCANTINS, MUNICÍPIO DE MARABÁ, PARÁ
Flávia Gisane Soares da Silva - Graduanda do Curso de Ciências Biológicas – UFPA/Bragança
Elvis Silva Lima - Graduando do Curso de Ciências Biológicas – UFPA/Bragança
Cláudia Helena Tagliaro - Profa. Dra. – Laboratório de Conservação e Biologia Evolutiva – UFPA/Bragança
Colin Robert Beasley - Prof. Dr./Orientador – Laboratório de Moluscos – UFPA/Bragança
INTRODUÇÃO:
Conhecer a biodiversidade aquática é um fator essencial para a avaliar impactos ambientais, além de ter uma contribuição para o manejo e conservação de habitats. Os macroinvertebrados de água doce formam um diversificado grupo de animais com funções importantes nesses ecossistemas. São representados por diversos filos, como Arthropoda, Mollusca, Annelida, Nematoda e Platyhelminthes. Apesar de sua importância ecológica, os moluscos têm sido colocados em segundo plano em relação aos insetos e crustáceos nos estudos de ecologia de água doce. Portanto, é preciso mais atenção para manejo e conservação dos moluscos e seus habitats. Os bivalves representam o maior percentual de biomassa da comunidade bentônica. Em água doce, são mais abundantes e diversificados em represas e rios de grande porte. As espécies nativas de bivalves de água doce existentes no Brasil são representadas pelas famílias: Hyriidae e Mycetopodidae da ordem Unionoida; Corbiculidae, Sphaeriidae e Dreissenidae da ordem Veneroida e Lyonsiidae da ordem Pholadomyoida. Na Amazônia foram registradas 37 espécies de Unionoida, porém, Corbicula fluminea é a única espécie de bivalve invasor conhecida da bacia amazônica. Os estudos sobre os bivalves amazônicos ainda são escassos, principalmente para a família Mycetopodidae.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterizar a morfologia de bivalves de água doce e a composição da fauna associada aos bancos de bivalves e relacionar estas características à variação nas características físico-químicos do habitat no rio Tocantins e na região em torno da cidade de Marabá, Estado do Pará.
MÉTODOS:
O trabalho foi realizado em quatro pontos no rio Tocantins em torno da cidade de Marabá, no mês de setembro de 2012. A amostragem do banco foi feita manualmente para coletar os bivalves e um pegador de fundos Ekman foi usado para coletar parcelas de sedimento com a macrofauna, com três réplicas de sedimentos com macrofauna para cada ponto.
Nos pontos de amostragens, foram realizadas varias coletas de água próximo ao fundo usando a garrafa Van Dorn para medir temperatura (°C), pH, oxigênio dissolvido (mgl-1), turbidez (FAU) e condutividade (µScm-1). A profundidade da água (m) também foi medida. As amostras de sedimento foram peneiradas em malha de 300 μm e o material retido colocado em sacos plásticos com álcool 70%. Os bivalves foram fotografados, identificados e armazenados para serem transportados até o laboratório onde foi medido comprimento anterior-posterior, altura e largura com a ajuda de um paquímetro digital. A partir daí, foram calculados os valores médios (e o desvio padrão) para a população. Os macroinvertebrados foram contados e identificados com a ajuda de um microscópio estereoscópico e literaturas especializadas. Os bivalves foram utilizados para estudos de genética de populações e as valvas para estudos morfológicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram encontrados 276 macroinvertebrados, distribuídos em 22 táxons nas 12 réplicas obtidos dos quatro pontos de coleta. Dos filos registrados (Nematoda, Annelida, Mollusca e Arthropoda), Arthropoda foi o mais diverso, apresentando 14 táxons (Acari1, Acari1, Insecta1, Pupa não identificada, Ceratopogonidae, Chironomidae, Baetidae, Caenidae, Ephemeriidae, Leptophlebiidae, Helicopsychidae, Hydropsychidae, Leptoceridae e Odontoceridae), com 91 indivíduos. O filo com a maior abundância foi Mollusca com 108 indivíduos, distribuídos em duas ordens (Gastropoda e Bivalvia). As ordens ou classes mais abundantes foram Oligochaeta (maioria Naididae) 68 indivíduos, Gastropoda (maioria Thiaridae) 59, Diptera (maioria Chironomidae) 55 e Bivalvia (maioria Corbiculidae) 49 indivíduos. Insecta apresentou 88 indivíduos, 10 famílias distribuídas em três ordens: Diptera (Ceratopogonidae e Chironomidae), Ephemeroptera (Baetidae, Caenidae, Ephemeriidae e Leptophlebiidae) e Trichoptera (Helicopsychidae, Hydropsychidae, Leptoceridae e Odontoceridae).
As variáveis físico-químicas condutividade (35 a 70), turbidez (3 a 49) e oxigênio dissolvido (6,75 a 9,65) foram as mais variáveis. A profundidade variou de 0,9 a 1,5 m. A única espécie registrada para a população de bivalves coletada foi Castalia ambigua, com 44 indivíduos.
CONCLUSÕES:
No presente trabalho, foram encontrados 276 indivíduos, classificados em 22 táxons, distribuídos em quatro filos: Nematoda, Annelida, Mollusca e Arthropoda. Sendo Mollusca o filo mais abundante com 108 animais divididos entre Gastropoda e Bivalvia. Quatro ordens também foram considerados abundantes: Oligochaeta 68 indivíduos, Gastropoda 59, Diptera 55, seguido de Bivalvia com 49 indivíduos. Insecta (Arthropoda) foi a classe mais diversa com 88 indivíduos em três ordens distribuídas entre 10 famílias: Ceratopogonidae e Chironomidae (Diptera), Baetidae, Caenidae, Ephemeriidae e Leptophlebiidae (Ephemeroptera) e Helicopsychidae, Hydropsychidae, Leptoceridae e Odontoceridae (Trichoptera). Chironomidae foi a família mais frequente, aparecendo em nove das doze réplicas, totalizando 53 indivíduos. Naididae foi a família mais abundante apresentando 67 indivíduos. Os fatores físico-químicos que variaram mais foram a condutividade elétrica (35 a 70), a turbidez (3 a 49). O comprimento médio da população de bivalves é de 22,85 mm. A altura e a largura média da conchas foi 17,41mm e 14,03mm, respectivamente.
Palavras-chave: Bivalves, Físico-químico, Macrofauna.