65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
PLANTAS ÚTEIS NO DISTRITO BONFIM DE FEIRA, BAHIA.
Carla Alessandra Melo de Freitas Bastos - Graduanda em Geografia - UEFS
Liana Maria Barbosa - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Ciências Exatas - UEFS
INTRODUÇÃO:
O distrito de Bonfim de Feira-Bahia, situa-se no setor oeste de Feira de Santana e dispõe de 27 centros religiosos (dados de dezembro de 2011), dos quais dezesseis são de orientação cristã (católica, evangélica, pentecostal e outra orientação cristã) e onze de orientação afro-brasileira, conforme se apresenta na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. A motivação para o estudo das plantas medicinais do distrito ocorreu durante a observação da “Procissão de Ramos” de 2009. Nesta procissão, Barbosa et al. (2010) identificaram vários itens vegetais de uso medicinal e místico. Portanto, o projeto de extensão foi elaborado e desta maneira, as plantas tornaram-se objeto e as manifestações religiosas passaram a ser campo de investigação.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem como objetivo apresentar o inventário das plantas úteis, que resultou do projeto de extensão, cuja finalidade foi elaboração do inventário e a partir dele criar espaços de ações educativas informais com a população do distrito Bonfim de Feira, Feira de Santana, Bahia.
MÉTODOS:
A pesquisa constou dos seguintes procedimentos metodológicos: a) Levantamento bibliográfico para o exercício de leitura e subsídios para a compreensão sobre o tema; b) Trabalhos de campo com observação direta, visitas guiadas para coleta dos itens vegetais e conversas informais para a identificação do significado e uso das plantas pela população. A identificação do uso das plantas foi registrada em cinco manifestações religiosas e populares, que foram documentadas no período 2009 – 2011: “Domingo de Ramos”, “Caboclo”, “Festa de São Roque” e “Festa do Lavrador”; e também com visitas aos quintais e aos terreiros da comunidade. Após esta catalogação foram realizadas reuniões com o Grupo União de Idosos do distrito para complementação e correção, principalmente sobre a forma de uso dos principais itens amostrados; c) Identificação científica dos itens amostrados em 2010 pela mestre e bióloga Teonildes Nunes e em 2011, pelo bolsista Ricardo Machado, ambos do Herbário da UEFS. Outros vegetais foram identificados por comparação no quadro obtido no HUEFS e nos referenciais Matos (2007), Lorenzi & Matos (2008), Souza & Lorenzi (2008), Lorenzi (2008) e Queiroz (2009); d) Tabulação e estatística simples dos dados para compreensão dos principais vegetais usados pela população; e) Divulgação dos resultados para socialização dos dados e realização de atividades educativas informais direcionadas para a comunidade e comunicações em eventos científicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As manifestações religiosas do distrito foram promovidas pela Igreja do Senhor do Bonfim e pelos Centros de Umbanda. Dentre estas, na Procissão de Ramos foi possível identificar principalmente itens medicinais e místicos do inventário; na Festa para Caboclo, o uso sacro de folhagens é comum nos rituais de trabalho, nas oferendas alimentares, em chás e banhos, bem como na ornamentação; na Festa de São Roque, a ornamentação dos andores (charolas) com flores e ramagens varia de acordo com o pedido do grupo ou da pessoa, que arca com a arrumação da imagem; na Festa do Lavrador, os itens identificados representam colheita. Foram feitas visitas guiadas em oito quintais e um setor da cobertura vegetal, onde há coleta de folhas para uso nos rituais dos terreiros. Dentre estes, um quintal na zona rural (povoado de Santa Bárbara) e um sitio de cobertura vegetal (“Monte do Mussuca”) foram escolhidos para coleta e identificação do nome científico. Esta documentação foi tabelada para coleta e identificação botânica.
De posse do quadro das plantas úteis, foram realizadas atividades de extensão na Escola Estadual Dr. Carlos Valadares (1ª a 5ª série); no Centro Paroquial Senhor do Bonfim para a comunidade em geral e no Salão Santo Antonio com o Grupo União (idosos). Desta forma, efetuamos um retorno para a comunidade. Em Bonfim de Feira, a população adota itens vegetais, principalmente para alívio de enfermidades, rituais, ornamentações e culinária, conforme identifica Bastos (2010).
CONCLUSÕES:
Adotamos neste trabalho a terminologia “plantas úteis” para incluir as diversas finalidades apresentadas pela população, tais como medicinais, místicas, mítica ou outras formas de uso (madereira, lenha, ornamental). Portanto, o inventário das plantas úteis de Bonfim de Feira consta de 232 itens, distribuídas em 58 famílias: Acanthaceae (01), Amaranthaceae (08), Amarylliaceae (01), Anacardeaceae (14), Annonaceae (02), Apiaceae (02), Apocynaceae (07), Araceae (04), Arecaceae (04), Asphodelaceae (01), Asteraceae (14), Bignoniaceae (03), Bixaceae (01), Boraginaceae (04), Brassicaceae (05), Bromeliaceae (06), Cactaceae (02), Capparaceae (01), Caryophyllaceae (01), Chenopodiaceae (02), Chrysobalanaceae (01), Commelinaceae (01), Convolvulaceae (01), Crassulaceae (01), Cucurbitaceae (03), Cyperaceae (06), Euphorbiaceae (09), Fabaceae (23), Lamiaceae (24), Lauraceae (01), Liliaceae (02), Lytraceae (03), Malpighiaceae (02), Malvaceae (08), Maranthaceae (02), Meliaceae (01), Moraceae (01), Myrtaceae (04), Nyctaginaceae (01), Olacaceae (01), Oxalidaceae (02), Passifloraceae (01), Phyllanthaceae (02), Phytolaccaceae (03), Piperaceae (01), Plantaginaceae (03), Poaceae (04), Portulacaceae (04), Rhamnaceae (02), Rubiaceae (05), Ruscaceae (02), Rutaceae (05), Sapotaceae (01), Solanaceae (08), Urticaceae (03), Verbenaceae (07), Vochysiaceae (01), Zingiberaceae (01).
Dentre estas, Fabaceae e Lamiaceae contribuíram com o maior número de espécie que corresponde a 9,9% e 10,3 % respectivamente.
Palavras-chave: Manifestações, Medicinais, Inventário.