65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
EDUCAÇÃO DE SURDOS: (RE) CONSTRUINDO CULTURA E IDENTIDADE NOS CURSOS DO IFMA - CAMPUS SANTA INÊS
Francisco Rokes Sousa Leite - Depto.de Educação Profissional - IFMA
INTRODUÇÃO:
A velocidade em que as políticas públicas inclusivas veem sendo divulgadas não correspondem às práticas executadas nas escolas federais, principalmente no que tange a educação da pessoa surda. Por isso, abordamos a (re) construção da cultura e identidade dessa comunidade no IFMA-Campus Santa Inês. O objetivo foi analisar as práticas e atitudes que garantem igualdades ao acesso, permanência e aprendizagem, confrontando estudos da realidade inclusiva da pessoa surda. Segundo Skliar (1999), avaliamos que muitos profissionais da educação alegam que o modelo excludente da Educação Especial está sendo substituído por outro, em nome da inclusão que não respeita a identidade surda, sua cultura. Conforme Silva (2001), a escola, ao considerar o surdo como ouvinte numa lógica de igualdade, lida com a pluralidade dessas pessoas de forma contraditória. Nas palavras de Sà (2006), podemos observar que a língua materna dos surdos é a Língua Brasileira de Sinais - Libras, a qual compõe todos os elementos concernentes às línguas orais. Assim, as discussões partiram da Lei 10.436/2002 e Decreto 5.626/2005, legislações que dispõem sobre a Libras, assim como o processo da inclusão do surdo e a formação do professor e do instrutor de Libras. Portanto, a relevância desse trabalho justifica-se pelo crescimento do interesse na área surdez nos últimos tempos, sobretudo entre os profissionais da educação.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Contribuir didática e pedagogicamente para (re) construção de valores educacionais, culturais e identitários das pessoas surdas; Explicitar expectativas e atitudes em relação aos surdos, destacando o papel da escola e dos principais documentos nacionais e internacionais; Conhecer as dificuldades de comunicação do surdo em uma sociedade ouvinte, refletindo sobre preconceitos na escola regular.
MÉTODOS:
Os procedimentos utilizados na pesquisa foram os métodos qualitativos, pois possibilitou a descrição de pessoas, situações, fatos históricos, comportamentos, atitudes e outros. Isto significa que a interpretação dos resultados baseou-se na percepção do fenômeno surdez no contexto educacional e social. A abordagem foi realizada de forma sistemática e abrangente com a participação de um professor pesquisador, estudantes e colaboradores do IFMA Campus Santa Inês. O referencial metodológico apoiou-se em Oliveira e Freitas (1998), visto que tais autores consideram que os grupos locais possuem destaque na abordagem da pesquisa qualitativa porque propiciam riqueza e flexibilidade na coleta de dados, normalmente não disponíveis quando se aplica um instrumento individualmente. A coleta de dados ocorreu através das pesquisas em material bibliográfico; análises em documentos e legislação educacional; aplicação de questionários e entrevistas a respeito da aceitação e/ou preconceito para com a pessoa com surdez na sala regular de ensino; além de registros e depoimentos sobre as dificuldades de formação de professores de Libras. Enfim, esses foram os meios das análises e registros norteadores dos novos caminhos para educação do surdo, porquanto identificaram as potencialidades desses atores sociais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados da pesquisa revelaram que existe uma lacuna de conhecimentos em relação à educação do surdo. Igualmente, é preciso refazemos a leitura do processo cultural e educacional da pessoa surda, a fim de esclarecermos os equívocos existentes, o campo científico é o melhor caminho. Já que a nossa subjetividade atrapalhar o desenvolvimento integral do surdo. Haja vista que se deflagram, atualmente, falas erradas sobre a comunidade surda. Essas questões são polêmicas e, quando analisadas pelos educadores, antropólogos, sociólogos, filósofos e profissionais em geral, levam a interpretações conceituais dúbias, provocando divergências relacionadas à aplicação de procedimentos escolares. Por exemplo: - O surdo é mais lento? - Deve haver uma normalização na educação do surdo? - Os surdos só se destacam entre a comunidade surda? - Os ouvintes oferecem oportunidades aos surdos? Para responder a tais indagações é imperativo compreendermos que, na educação do surdo há uma organização psíquica, cultura e identária diferente da ouvinte. Por conseguinte, o pensamento abstrato do surdo é tal qual o do ouvinte, quiçá, melhor, porque suas sensações e percepções são acuradas. Isto é, o surdo não é igual ao ouvinte, e, pode se sobressair na maioria dos campos de trabalho. Para Sá (2006), quando os ouvintes não reconhecem a língua materna dos surdos não há como garantir inclusão.
CONCLUSÕES:
O respeito à diversidade mediante a surdez é fruto de uma corrente do pensamento respaldado nas relações sociais, culturais e identitários, na qual a pessoa surda é respeitada enquanto cidadão possuidor de uma língua materna. Isso tudo nos remete a educação do surdo, em temos linguísticos, e a importância da Língua de Sinais Brasileira – Libras como forma de comunicação e expressão do surdo. Daí a necessidade da contribuição didática e pedagogicamente para (re) construirmos valores educacionais, culturais e identitários a partir das políticas educacionais inclusivas, com o apoio das escolas regulares, considerando as especificidades de cada cidadão. Nesse sentido, a educação não pode ser algo relegado nas escolas federais, haja vista que a política inclusiva possui uma vasta legislação obrigando providências inclusivas. Destarte, no IFMA – Campus Santa Inês o surdo não pode ser excluído por desconhecimento de sua cultura e identidade. Muito menos pela falta de domínio da Libras, posto que a condição social, origem e cor não podem ser critérios marginalizadores na escola. Visto que não são doentes, incapazes ou carentes, mas sonhadores de um ambiente linguístico adequado. Cabe agora, sedimentar as conquistas dos surdos, aplicando aquilo que sabemos, isto é, a imprescindível riqueza de sua cultura e identidade na formação plena e participação em todos os seguimentos sociais
Palavras-chave: Educação, Inclusão, Escola.