65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
A HORTA ESCOLAR COMO ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: REFLEXÕES A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA COM O ENSINO FUNDAMENTAL
Givania Dionisio Roque - Depto. Biologia/UFRPE e bolsista do PET/Conexões Políticas Públicas (PET/MEC)
Wagner José de Aguiar - Depto. Biologia/UFRPE e bolsista do PET/Conexões Políticas Públicas (PET/MEC)
Bruna Tarcília Ferraz - Depto. Educação/UFRPE e Profª Colaboradora do PET/Conexões Políticas Públicas
INTRODUÇÃO:
A horta inserida no ambiente escolar se constitui em um laboratório vivo que permite o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas, como em educação ambiental e alimentar, além disso, favorece o estreitamento das relações entre os indivíduos através da promoção do trabalho coletivo e cooperado (MORGADO & SANTOS, 2008, p. 9). Nesse contexto, o conhecimento e a ação participativa na produção e no consumo principalmente de hortaliças - fonte de vitaminas, sais minerais e fibras - despertam nos alunos mudanças em seu comportamento alimentar, atingindo toda a família, conforme relata Turano (1990). Considerando que a horta vem sendo de grande aceitação para atividades interdisciplinares na maior parte das escolas, é de grande importância a aproximação da universidade com as escolas através de projetos de extensão, com propósito de promover trocas de conhecimentos e experiências entre os atores da escola e graduandos, agregando novas ideias às práticas desenvolvidas na escola. Neste sentido apresentaremos no presente trabalho o projeto “Horta como estratégia de segurança alimentar e educação ambiental nas escolas” desenvolvido pelo Pet Conexões políticas Públicas da UFRPE.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem o objetivo de apresentar os resultados iniciais do projeto de extensão do grupo PET Conexões Políticas Públicas “Horta como estratégia de segurança alimentar e educação ambiental nas escolas”, discutindo as contribuições relevantes das atividades realizadas sobre as temáticas de educação ambiental e educação alimentar.
MÉTODOS:
O projeto da horta é uma iniciativa do Programa de Educação Tutorial/PET - Conexões Políticas Públicas, da UFRPE, em parceria com a Escola Municipal João Pessoa Guerra, situada no bairro da Várzea – Recife/PE. As atividades vêm sendo desenvolvidas desde julho de 2012, sendo organizadas nas seguintes etapas: planejamento dos encontros, execução das atividades e avaliação dos resultados obtidos a curto, médio e longo prazo. As atividades são realizadas semanalmente com alunos do 2º ciclo do ensino fundamental I, sendo os encontros intercalados entre atividades sobre educação ambiental e educação alimentar. Dentre as atividades realizadas, destacam-se a produção escrita, leitura e interpretação de textos, dinâmicas de grupo, experimentações, produção de cartazes. Em termos de temas, são focados preferencialmente os temas transversais “ética, meio ambiente e saúde”, buscando-se uma abordagem interdisciplinar, que evidencie a possibilidade de correlação dos conteúdos das diferentes disciplinas (ciências, matemática, etc.) com a proposta apresentada, no intento de os professores se apropriarem da horta como um laboratório propício a desenvolver aulas referentes a temas programados no seu planejamento do ano letivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No momento da realização das atividades, observou-se o entusiasmo dos alunos em participar, embora esse interesse fosse maior nos momentos relacionados à prática diretamente da montagem da horta. Como esse projeto partiu do interesse da escola, onde os próprios alunos solicitavam esta horta, foi notável a colaboração não só dos alunos, mas também da comunidade escolar, o que é de suma importância para a continuidade e o fechamento da horta, já que o projeto encontra-se em andamento. Outro resultado positivo observado tem sido a iniciativa de muitos em desenvolver voluntariamente algumas experimentações com germinação de sementes em suas casas, com a colaboração dos familiares. Essa iniciativa explicita o interesse em ampliar o vivenciado na escola para as suas residências, o que reforça não só a potencialidade do projeto em termos de mobilização de pensamentos e atitudes, mas evidencia o impacto de sensibilização da proposta de adoção da horta, inclusive para o ambiente doméstico. Por outro lado, algumas limitações de conhecimento técnico inviabilizaram a germinação de algumas variedades, o que possibilitou uma problematização de cunho científico, pela qual os alunos foram instigados a pensar criticamente sobre as causas que não permitiram a germinação.
CONCLUSÕES:
Percebe-se que é possível, através de uma horta trazer para o ambiente escolar, questões como: preservação da boa qualidade ambiental, a relação saúde pública e saúde ambiental, alimentação, sustentabilidade, trabalho em equipe, cooperação, dentre outras. Entretanto, percebemos que o desafio para o desenvolvimento da horta se refere ao cuidado com esse espaço de convivência, considerando seu caráter público e democrático. Observa-se que o processo de ensino aprendizagem neste espaço deve ser pautado no envolvimento e na participação da comunidade escolar. Além disso, as atividades que envolvem leitura e interpretação de texto, desenvolvidas com o objetivo de construir concepções acerca de meio ambiente e saúde, vêm sendo realizadas com êxito, embora os alunos tenham demonstrado maior interesse e se sentido mais incluídos, nas atividades práticas de construção da horta. Isso nos dá base para concluir que nas atividades práticas os alunos conseguem se sentir mais inseridos, tomam posse do papel de protagonista, momento em que conseguimos fazer com que eles construam seus conceitos de cuidado com o meio ambiente e com a saúde do ser humano, promovendo também um repensar sobre os valores sociais indispensáveis à formação cidadã.
Palavras-chave: Educação, Qualidade de vida, Formação cidadã.