65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
INFLUÊNCIA DO Elaeis guineensis JACQ (ARECACEAE) NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UM FRAGMENTO URBANO DE FLORESTA ATLÃNTICA
Marília Larocerie Lupchinski Magalhães - Depto. Acadêmico de Meio Ambiente, Saúde e Segurança – IFPE
Nélio Domingos da Silva - Depto. Acadêmico de Meio Ambiente, Saúde e Segurança – IFPE
Maria de Lourdes Almeida Gonçalves - Depto. Acadêmico de Meio Ambiente, Saúde e Segurança – IFPE
Elhane Gomes dos Santos - Depto. de Biologia – UFRPE
Ana Maria da Silva - Depto. de Biologia - UFRPE
Elba Maria Nogueira Ferraz - ProfªDra./Orientadora-Depto. Acadêmico de Meio Ambiente, Saúde e Segurança–IFPE
INTRODUÇÃO:
A invasão de espécies exóticas é um dos principais fatores que causam a perda da biodiversidade na Mata Atlântica, que é um dos ecossistemas mais ameaçados de extinção. Dentro desta perspectiva encontra-se Elaeis guineensis (dendê), palmeira natural da África e introduzida no Brasil para cultivo. Esta espécie apresenta alto poder de dispersão e adensamento populacional, apresentando facilidade em se estabelecer em fragmentos de florestas tropicais, sendo responsável pela invasão e consequente modificação dos habitats naturais, ocasionando perdas na fauna e flora local. Estes aspectos tornam Elaeis guineensis uma espécie considerada de alto risco para a conservação de florestas nativas da Mata Atlântica, pois ela pode se tornar um filtro de regeneração e impedir que os indivíduos regenerantes se estabeleçam e colaborem para a manutenção e renovação das populações presentes na floresta. Desta maneira, o presente trabalho teve como objetivo caracterizar a composição e estrutura da vegetação regenerante sob a influência da Elaeis guineensis em um fragmento de Floresta Atlântica localizado na Mata de Tejipió, Recife – PE. Os dados obtidos neste estudo poderão contribuir com informações que subsidiem metodologias de manejo e recuperação de áreas perturbadas/degradadas dentro do domínio Atlântico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem como objetivo discutir as modificações causadas na composição e estrutura da vegetação regenerante em um fragmento de Floresta Atlântica com a presença de Elaeis guineensis (dendê).
MÉTODOS:
A presente pesquisa foi desenvolvida em uma área de Floresta Ombrófila Densa localizada no 4o Batalhão de Comunicação do Exército, Tejipió, Recife – PE. Esta é uma área militar de 172 ha situada no estado de Pernambuco a 08o06”S e 34o57”W fazendo parte do conjunto de fragmentos florestais descontínuos ao longo da BR-101 sul. Para amostragem da vegetação foram plotadas 30 parcelas de 1x1m, aleatórias, sendo 15 em um bosque de Elaeis guineensis (área 1), popularmente conhecida como dendê e 15 em um trecho sem a presença desta espécie exótica e invasora (área 2), onde foram amostrados todos os indivíduos herbáceos e plântulas/indivíduos jovens do componente lenhoso com altura até 100 cm. O material botânico coletado foi herborizado conforme técnicas usuais de preparação, secagem e montagem de exsicatas. A identificação taxonômica foi realizada com o auxílio de literatura específica, chaves taxonômicas e por comparação com exsicatas depositadas no Herbário Prof. Vasconcelos Sobrinho (PEUFR) da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Assim, através dos dados coletados, foram calculados parâmetros fitossociológicos (Densidade Total = DT; Densidade Relativa = DR) e foi elaborada uma lista florística do assembleia de regenerantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na área 1 foram amostrados 317 indivíduos com DT de 211.334,39 ind/ha. As espécies com maior DR foram a Heliconia psittacorum L. f. (9,14%) e Elaeis guineensis (6%). Enquanto que na área 2, foram amostrados 198 indivíduos com DT de 132.000,66 ind/ha, onde o Thyrsodium schomburgkianum Benth foi a espécie que contribuiu com 48,48% da DT da comunidade, seguida por Allophylus edulis Radlk ex Warm com 13,63%. O maior número de indivíduos encontrados na área 1 pode ser decorrente do maior aporte de luz devido a descontinuidade do dossel da área, uma vez que a luz ocasiona mudanças bruscas na composição e densidade das populações que colonizam o sub-bosque, principalmente com relação às espécies que requerem uma maior condição de luminosidade para a colonização do ambiente, já que tais espécies aumentam seu quantitativo de indivíduos, causando desbalanço entre as populações. Este fato pode ser observado para a espécie H. psittacorum, que neste trabalho apresentou a maior DR na área 1, e vem sendo descrita como uma espécie que eleva a sua densidade à medida que aumenta a disposição de luz. Apesar de a DT ser menor na área 2, os indivíduos típicos da Mata Atlântica conseguem recrutar e chegar a fase adulta, diferente da área 1, onde o estrato superior neste trecho é um bosque monoespecífico.
CONCLUSÕES:
Com base nos dados é possível afirmar que E. guineensis pode estar influenciando o recrutamento dos indivíduos regenerantes nativos da Mata Atlântica, impedindo que estes indivíduos se estabeleçam e atinjam a fase adulta. Deste modo, no futuro as populações poderão sofrer por não está ocorrendo renovação das mesmas e os indivíduos adultos também desaparecem do sistema, por morte natural (idade, doenças), acarretando em extinções locais dessas espécies. Para isso é necessário à realização de estudos mais aprofundados sobre a dinâmica regenerativa das populações nativas sob a influência desta espécie exótica.
Palavras-chave: Exótica, Mata Atlântica, Regeneração.