65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
PRODUÇÃO DE LITEIRA NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS, BELTERRA - PA: 2007
Alessandra Damasceno da Silva - Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia - UFOPA
Raimundo Cosme de Oliveira Junior - Orientador - Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.
INTRODUÇÃO:
A liteira é a camada mais superficial em solos florestais formada por folhas, galhos, flores, frutos, detritos animais, entre outros. Seu aporte em florestas tropicais representa uma importante forma de transferência de nutrientes e energia da vegetação para o solo. Dentre as variáveis climáticas, a precipitação está entre as que exercem maior influência na formação da liteira (SOUTO, 2006). Assim, pode-se perceber que o tipo de vegetação e as condições ambientais se tornam determinantes para sua quantidade e qualidade. Dependendo das características de cada ecossistema, um determinado fator pode prevalecer sobre os demais (FIGUEIREDO FILHO et al., 2003; SOUTO, 2006). Segundo Schumacher et al (2004) pelo fato da liteira ser o principal meio de transferência de nutrientes para o solo, ela se torna um sítio intenso de interação entre a ciclagem de elementos e a transferência de energia.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estimar a produção de liteira, no ano de 2007, em área localizada no Km 67 da Floresta Nacional do Tapajós, assim como a participação de seus componentes (folha, madeira, flores/frutos e miscelânea) na sua constituição, bem como correlaciona-los com a precipitação do período para verificar há relação entre precipitação e produção de liteira.
MÉTODOS:
A área de estudo está localizada na Floresta Nacional do Tapajós – Flona do Tapajós, no km 67 da Rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163), Município de Belterra, PA. Sendo que os dados da produção de liteira foram obtidos por meio de quatro transectos com 1000 m de comprimento e 50 m de largura cada. Em cada transecto foi distribuído dez coletores circulares de plástico com área de 0,22 m2 cada. O material presente em cada coletor foi recolhido quinzenalmente no período de janeiro a dezembro de 2007, acondicionado em embalagem de papel, identificado e submetido à secagem em estufa de circulação de ar forçada a 65°C, até peso constante. A partir de então, realizou-se a segregação do material nas seguintes frações: folhas, madeira, flores/frutos e miscelânea (material que não foi identificado em função do processo de decomposição). Na sequencia, as frações foram, novamente, secas e pesadas em balança de precisão, cujos valores de peso seco permitiram estimar a produção mensal e anual de liteira fina em kg ha-1. A partir desses dados associados aos de precipitação (mm), obtidos por meio de pluviômetro (Texas Instruments) instalado na estação micrometeorológica localizada no Km 67, foi possível, também, analisar a influência da precipitação nesse processo de produção.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A produção total de liteira no período do estudo foi estimada em 6.199,05 ± 226,88 kg ha-1, representados pela fração folhas, com 4.427,87 ± 166,78 kg ha-1 (71,43%); madeira com 1.031,77 ± 31,80 kg ha-1 (16,64%); e as frações flores/frutos e miscelânea com 293,31 ± 18,12 kg ha-1 (4,73%) e 446,10 ± 29,95 kg ha-1 (7,20%), respectivamente. A análise de correlação entre a precipitação e as frações de liteira não foi significativa. Foram obtidos os seguintes valores de correlação entre precipitação e as frações: folhas (r = -0,08); madeira (r = 0,32); flores/frutos (r = -0,14) e miscelânea (r = -0,31), respectivamente. A ausência de correlação significativa entre a produção de liteira e as variáveis climáticas (precipitação e temperatura), de modo geral, também foi constatada por outros estudiosos (CUSTÓDIO-FILHO et al., 1996; FIGUEIREDO FILHO et al., 2003; LONGHI, 2009). Assim, o aporte total de liteira apresentou a seguinte magnitude: folhas > madeira > miscelânea > flores/frutos. Esse comportamento foi o mesmo encontrado por outros autores em áreas de floresta (MACHADO; RODRIGUES e PEREIRA et al, 2008; LONGHI, 2009).
CONCLUSÕES:
Os resultados mostram que a precipitação e a deposição da liteira no período estudado não teve correlação significativa. No entanto, isto pode está associado ao fato do período experimental (doze meses) não ter sido suficiente para observar a influência da precipitação na deposição desse material.
Palavras-chave: Liteira, Precipitação, Floresta Nacional do Tapajós.