65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação a Distância
A Educação a Distância no contexto da expansão da rede federal de educação técnica e tecnológica no Brasil: uma análise a partir da percepção dos professores do IFB
Cláudio Nei Nascimento da Silva - Professor e pesquisador do Instituto Federal de Brasília - IFB / Câmpus Gama
Cláudia Luiza Marques - Professor e pesquisador do Instituto Federal de Brasília - IFB / Câmpus Gama
Sérgio Mariani - Professor e pesquisador do Instituto Federal de Brasília - IFB / Câmpus Gama
INTRODUÇÃO:
Já se tornou lugar-comum dizer que vivemos um novo paradigma, um momento novo na história humana. Embora a este novo contexto seja atribuída a idéia de que os indivíduos nele inseridos estão em constante aprendizado, o ensino sistematizado ainda é visto como uma possibilidade de inclusão ou ascensão social, como também, de acesso ao saber. Mas como a oferta desse ensino na modalidade regular se mostra insuficiente em todos os níveis, torna-se mister considerar o surgimento de modelos de educação que venham minimizar o impacto do déficit social gerado pelas reduzidas oportunidades de acesso à escolarização formal. Esse argumento reforça a constatação de que experiências democratizantes estão em curso em nosso país, como o incremento das estratégias de ensino a distância conjugado com a expansão da rede federal de ensino técnico e tecnológico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a percepção dos professores do Instituto Federal de Brasília sobre o papel da Educação a Distância no contexto da expansão da rede de educação técnica e tecnológica no Brasil.
MÉTODOS:
A presente pesquisa situou-se na abordagem qualitativa. Esta abordagem se caracteriza por tentar abordar a realidade de forma ampla e a partir do contexto no qual os fenômenos se revelam. É a abordagem que “compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo de significados” (NEVES, 1996, p. 01). Em geral, na pesquisa qualitativa, os estudos qualitativos são feitos no local dos dados. Nesse tipo de pesquisa, é importante ter em mente que o pesquisador não é um mero manipulador de variáveis. Sua posição na pesquisa é determinante para o sucesso do trabalho.
Como instrumento de coleta de dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada, escolhida porque “oferece ao entrevistador uma amplitude de temas considerável, que lhe permite levantar uma série de tópicos e oferece ao sujeito a oportunidade de moldar o seu conteúdo” (BOGDAN; BIKLEN, 2010, p. 135). As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas para um editor de texto. Seguiu-se a este trabalho a categorização, que buscou levantar os aspectos da percepção dos professores sobre o fenômeno em estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As percepções dos professores reforçaram as intencionalidades embutidas nas políticas de EaD como um todo por representarem a própria concepção do que vem a ser esta modalidade de ensino e seu papel na educação geral na visão dos docentes. As definições apresentadas confirmaram o pressuposto de que esta modalidade de ensino tem uma preocupação maior com seu potencial quantitativo, podendo representar uma releitura da perspectiva taylorista-fordista a partir do contexto educacional. É, portanto, a confirmação de que a educação a distância serve à expansão da rede porque há inequívoca predominância do aspecto técnico sobre o acadêmico, do ideológico sobre o teórico, e do quantitativo sobre o qualitativo.
CONCLUSÕES:
A educação a distância tem uma enorme contribuição a dar na política expansionista encampada pela rede federal de educação, por meio de seu potencial multiplicador. Entretanto, como afirma John Daniel (2003), antes de dizer que a educação a distância é a resposta, precisamos saber qual é a pergunta. Ou seja, é preciso que os institutos observem princípios pedagógicos e sociais na utilização da EaD para fins de expansão da rede e multiplicação das vagas. A educação a distância, assim como a educação geral, deve ser ocupar de oferecer à sociedade ferramentas capazes de fomentar o desenvolvimento tanto das capacidades individuais, como sociais. Ao invés de se tornar um instrumento para aumento da oferta de matrículas em cursos que não seriam expandidos no regime presencial, ela deve se ocupar em fornecer as reais ferramentas para superação das condições desfavoráveis a que, principalmente, os filhos das famílias menos favorecidas estão submetidos. Sem essa preocupação ela se torna uma falácia.
Palavras-chave: Educação a distância;, Inclusão;, democratização..