65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
ENCHENTE DE 2012 E SEUS IMPACTOS NO SETOR SECUNDÁRIO DA ECONOMIA PARINTINENSE.
Paulo Isaac Gonçalves de Souza - Depto. de Ciências Sociais – CESP/UEA
Michelle Barros de Souza - Depto. de Ciências Sociais – CESP/UEA
Lena Andréa Lima Muniz - Profa. Msc./ Orientadora – Depto. de Ciências Sociais – UEA
INTRODUÇÃO:
O setor secundário é um setor bastante abrangente na economia, transforma matéria-prima, extraídos e, ou produzidos pelo setor primário, em produtos de consumo. O setor agrega indústrias de todos os tipos, como frigoríficos, lacticínios, fábricas de roupas, calçados e alimentos em geral, além de construções que vão desde as mais simples até as mais complexas obras. No Estado do Amazonas o setor é formado por Indústria Extrativa Mineral, Indústria de Transformação, Indústria da Construção Civil e Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP). Em Parintins, município amazonense com cerca de 102.033 hab. (IBGE, 2010), o setor é composto basicamente por micro e pequenas empresas, como Indústria Madeireira, Oleira, Gráfica, Naval, Vestuário, Gelo, Construção Civil entre outras. Em 2012, como a maioria dos municípios amazonenses, o município de Parintins foi afetado pela grande enchente, e o setor secundário como os demais setores da economia local, sofreu com os impactos que desequilibraram a economia parintinense. Nesse mister, este trabalho de pesquisa busca levantar dados para discussões sobre os impactos da enchente de 2012 sobre o setor secundário do município de Parintins e assim apresentar um diagnóstico sobre sua repercussão na economia local.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar os impactos da cheia de 2012 nos principais estabelecimentos pertencentes ao setor secundário no município, atingidos direta ou indiretamente. Demonstrar as ações tomadas para minorar tais impactos, e discutir acerca de ações preventivas a serem adotadas pelo setor em futuros eventos de igual ou superior magnitude, visto que as cheias dos rios da região tem se tornado constantes.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada na cidade de Parintins-AM, com visitas realizadas em 10 (dez) empresas do setor secundário nos dias de 23 e 24 de agosto de 2012, onde foi aplicado questionário fechado, objetivando a identificação dos principais impactos causados pela cheia. O questionário continha 23 perguntas diretas e de percepção. As entrevistas foram realizadas durante o horário comercial, sendo seis realizadas entre 8h e 12h, e quatro realizadas entre as 14h e 18h, dada a disponibilidade dos entrevistadores e entrevistados. Após as entrevistas foram realizados as análises dos dados obtidos, possibilitando aproximar indivíduos ou variáveis numéricas em conjuntos de dados e gráficos no programa Microsoft Office Excel, expressos em porcentagens, facilitando a verificação e compreensão dos principais problemas enfrentados e ações tomadas para mitigar tais impactos no setor.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As empresas abordadas são de propriedade privada, classificadas em sua maioria, como microempresas e destas apenas 20% classificadas como pequenas. No primeiro trimestre de 2012, as empresas geraram 151 empregos diretos, porém, durante a pesquisa havia somente 127. No período de fevereiro a abril, as empresas juntas apresentaram o faturamento de R$ 847.600,94. O faturamento no período da cheia (maio a julho) foi de R$ 798.428,24, redução de 5,8%, que de acordo com a pesquisa é oriunda dos impactos da enchente, alavancadas principalmente pelos impactos sofridos no setor primário, que é o principal fornecedor de matéria prima. No geral, todas as empresas afirmaram ter sofrido algum tipo de dano ou perda na infraestrutura produtiva, evidenciando assim, a redução de faturamento. Dessas, 50% desenvolveram alguma ação mitigadora: empréstimos bancários, adequação da infraestrutura produtiva, redução na produção e demissões. No entanto, somente uma empresa obteve êxito, dado pelo deslocamento da infraestrutura produtiva para outro logradouro. Para as empresas que não desenvolveram nenhuma ação, a expectativa se deu através de medidas subsidiadas por entidades governamentais, para que recuperem ao menos parte de seus prejuízos.
CONCLUSÕES:
A Indústria parintinense ainda é basicamente artesanal, e sua permanência no mercado em longo prazo carece de modernização. Para tanto, o setor necessita de maior suporte técnico-financeiro, e menor burocratização para que seus agentes possam adquiri-los. O município possui um amplo Distrito Agroindustrial localizado em área que não é afetada pelas águas, e possui dezenas de empresas instaladas, e espaço para instalação de outras. A organização da classe no Distrito possibilitará o acesso ao crédito e conseqüentemente o desenvolvimento do setor no Município. Não há em Parintins um fornecimento adequado de energia elétrica para a produção do setor secundário, e a insipiência do serviço dificulta a expansão da infraestrutura produtiva, assim como seu desenvolvimento. Muitos foram os impactos sofridos no setor secundário. Contudo, para minorar tanto os impactos da enchente, como para preparar o setor para futuros eventos de igual ou superior proporção, todos os setores da economia parintinense deverão promover ações preventivas, visto que as cheias amazônicas, como a de 2012, tendem ser cada vez mais freqüentes.
Palavras-chave: Economia, Produção, Mercado.