65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
CHURRASQUEIROS DE PARINTINS: ALTERNATIVA DE RENDA E INCLUSÃO SOCIAL.
Michelle Barros de Souza - Depto. Ciências Socias - UEA
Paulo Isaac Gonçalves de Souza - Depto. Ciências Socias - UEA
Lena Andrea Lima Muniz - Profa. Msc/Orientadora - Depto. Ciências Socias - UEA
INTRODUÇÃO:
A conjuntura do mundo globalizado, capitalista e excludente em que vivemos, marginaliza os indivíduos que não correspondem às suas exigências educacionais e profissionais. O modelo econômico dominante apresenta-se desfavorável ao consumo de bens e produtos para a sobrevivência destes elementos desprovidos. A saída para estes indivíduos é buscar alternativas que venham suprir as lacunas deixadas pela exclusão. Na fuga do desemprego e pela necessidade de consumo de produtos básicos para a sobrevivência, muitos optam pelo subemprego. No Brasil, apesar dos consideráveis avanços, alcançados nas ultimas décadas, ainda é grande a parcela de indivíduos desprovidos de quaisquer formações profissionais e como vítimas do sistema econômico dominante, recorrem a diversas alternativas, na tentativa de sanar suas necessidades. Os churrasqueiros, catadores de lixo, carroceiros, tricicleiros entre outros, são exemplos característicos desse contexto. Em Parintins, município amazonense com aproximadamente 102.033 hab. (IBGE 2010), dezenas de famílias sobrevivem das bancas de churrasco expostas em praças, beiradas de ruas e calçadas da cidade. Este trabalho de pesquisa busca investigar o modo de vida destes agentes e demonstrar sua importância socioeconômica para o município de Parintins.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar o modo de vida dos churrasqueiros parintinenses e demonstrar a importância socioeconômica destes atores para a sociedade.
MÉTODOS:
Os churrasqueiros parintinenses foram tomados como base de estudo para esta pesquisa. Ao abordá-los, os pesquisadores expuseram o objetivo do estudo, informando-os da liberdade em participar ou não da pesquisa. Utilizou-se 20 questionários que continham 22 perguntas abertas e fechadas, compostas por questões socioeconômicas e de percepção do ambiente em que atuam. A entrevista foi realizada por 2 pesquisadores, no mês de março de 2013. O horário de entrevista se deu no período da noite, por ser o horário em que os churrasqueiros trabalham. Após a coleta, os dados foram tabulados e expressos em gráficos e porcentagens no programa Microsoft Office Excel, para sua interpretação, a fim de responder aos objetivos pré-constituídos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com a análise dos resultados é possível traçar o perfil socioeconômico dos churrasqueiros parintinenses, dos abordados 70% são mulheres, 85% se consideram caboclos, 40% vivem em uma união estável. Apenas 40% dos abordados são responsáveis economicamente por suas famílias. A maioria representada por 60% dos entrevistados têm em média 36 anos. Dos entrevistados, 70%, possuem casa própria, suas famílias são formadas em média por 5 pessoas. Quanto à escolaridade, apenas 20% possui o ensino médio completo. Segundo os entrevistados, a falta de opção, por não possuírem qualificação, tanto educacional, quanto profissional é o principal motivo que os levaram à atividade. Os churrasqueiros trabalham em média a pelo menos 5 anos na atividade. A maioria, 70%, fatura mensalmente até 3 salários. Gastam em média R$ 700,00 mensalmente com materiais necessários, como carnes, legumes, farinhas e outros. Quanto a qualquer rendimento extra, 40 % disseram receber transferência do governo, através do Bolsa Família. A atividade para a maioria é vista como um meio de sobrevivência. Os churrasqueiros, afirmam em maioria, se sentirem bem com a rotina de trabalho. Porém, sentem dificuldades no que diz respeito ao período de chuvas, pois quando chove, o faturamento é insignificante.
CONCLUSÕES:
A investigação do perfil socioeconômico dos churrasqueiros permite perceber a importância da atividade como alternativa para sobrevivência de seus agentes. Os vendedores de churrasco oportunizam aos indivíduos inseridos na atividade o resgate de sua condição como parte integrante da sociedade. Esta atividade apresenta inúmeras dificuldades que são superadas pelo contentamento e satisfação de seus atuantes, visto que estes afirmam ter conhecimentos da importância de sua participação na economia do município, através da compra de insumos e pagamentos de encargos para a disponibilização de seus serviços. Pode se verificar que além do atendimento de suas necessidades, estes promovem o crescimento de sua auto-estima no contexto social.
O que se percebe é que apesar da importância desses indivíduos na conjuntura socioeconômica parintinense há a necessidade de um maior amparo do poder público, no que tange a qualidade do atendimento e padronização dos serviços.
Palavras-chave: Economia, Modo de Vida, Alternativa de Renda.