65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
A DINÂMICA DAS FEIRAS NO MUNICÍPIO DE PARINTINS: RELAÇÃO SOCIAL E RENDA.
Evaldo Barbosa de Vasconcelos - Depto. de Ciências Sociais - CESP/UEA
Paulo Isaac Gonçalves de Souza - Depto. de Ciências Sociais - CESP/UEA
Lena Andrea Lima Muniz - Profa. Msc./Orientadora - Depto. de Ciências Sociais - UEA
INTRODUÇÃO:
As feiras surgem da necessidade que os homens têm de comprar, vender e trocar produtos de diversos tipos, atraindo pessoas residentes em locais distantes para o ponto central de comercialização, sendo essa atividade um costume muito antigo (MOTT, 1969). Os produtos comercializados nas feiras, que abastecem os centros urbanos, basicamente são oriundos da agricultura familiar. O Brasil é um país agrícola, e apesar de sua vasta extensão territorial, nem toda terra é fértil, principalmente as da região norte, devido às limitações do solo e do clima, que dificultam o desenvolvimento da agricultura em grande escala. Portanto, os produtos consumidos nas feiras da região, em particular nas feiras dos municípios amazonenses são, em sua maioria, importados de outras regiões do país. Nesse contexto, assim como as mais altas classes empresariais que movem a economia, os feirantes com sua lida diária, também movimentam, em menor escala, a economia global. O papel do feirante para Parintins/AM, município com cerca de 102.033 hab. (IBGE, 2010), exerce grande importância como fonte geradora de alimento, renda e inclusão social. Este trabalho é uma pesquisa junto aos feirantes do município, que busca apresentar o perfil socioeconômico e contribuição desta classe para a sociedade Parintinense.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Apresentar através das informações coletadas o perfil dos feirantes do município, sua importância socioeconômica e contribuição para o abastecimento de produtos básicos no Município de Parintins.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada no município de Parintins/AM nos dias 07, 08, 09 e 13 de Março de 2013. Foram aplicados 40 questionários que continham 22 perguntas abertas e fechadas, a aplicação do questionário foi feita através de 4 pesquisadores, que se dividiram entre as principais feiras do município: Feira do Produtor, Feira da Francesa, Feira Zezito Assayag, popularmente conhecida como “Feira do Itaúna”, e Mercado Municipal. A pesquisa se deu no período da tarde, horário em que há maior fluxo de feirantes. As informações obtidas foram agrupadas em conjuntos de dados, expressos em gráficos e porcentagens no programa Excel, facilitando sua verificação e compreensão de forma a responder os objetivos específicos preestabelecidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados apontam que 53% dos abordados são homens, 90% se consideram caboclos, 83% são casados e 73% são responsáveis economicamente por suas famílias. Os feirantes estão distribuídos em diversas faixas etárias, 50% deles têm em média 46 anos. A maioria, 83%, possui casa própria e 70% vivem na sede do município, todos têm filhos, em média 2 por feirante. Quanto à escolaridade, 34% possuem o ensino fundamental incompleto, 33% concluíram o ensino médio. A tradição familiar e a falta de opção são os principais motivos que levaram os pesquisados tornarem-se feirantes. Destes, 60% trabalham a mais de 5 anos nas feiras. Considerando o salário mínimo de R$ 678,00, 83% dos entrevistados faturam mensalmente até 3 salários. A renda é composta basicamente pela venda frutas e de produtos regionais. Contudo, 57% disseram possuir outra fonte de renda, destes 94% recebem o Bolsa Família. Dos produtos comercializados, 56% são da zona rural, 37% são importados de outras cidades ou estados e apenas 7% é produzido na sede do município. A lida na feira é tida pelos feirantes, como forma de sobrevivência. A rotina de trabalho, segundo a maioria, é o que mais gostam. Em relação à satisfação com o trabalho, a maioria diz se sentir bem e o restante afirma estar acostumados com a atividade.
CONCLUSÕES:
Em linhas gerais, as feiras parintinenses podem ser consideradas como uma forma de comércio democrática. O contexto social no qual os feirantes interagem diariamente é notadamente multicultural. As feiras parintinenses vão muito além de um espaço para compra e venda, é um ambiente de relações sociais onde indivíduos se co-relacionam em busca atender suas necessidades de sobrevivência. Parintins situa-se em um arquipélago e esta particularidade dificulta o abastecimento do mercado local. A importância das feiras para o município abrange tanto o contexto social, que oportuniza ao individuo nele inserido, prover seu sustento diário, como também é de fundamental relevância para o abastecimento de produtos agrícolas. Apesar das relevantes contribuições para a economia parintinense, o que se percebe é que os feirantes carecem de atenção por parte do setor público, visto que notadamente as condições de suas instalações estão em um profundo desgaste. O dispêndio com infraestrutura para adequação da atividade destes indivíduos é de suma importância, pois assim, os produtos e os serviços oferecidos à população serão de melhor qualidade.
Palavras-chave: Abastecimento, Modo de vida, Economia.