65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
TOLERÂNCIA E CRESCIMENTO DE Burkholderia SMF 090 EM MEIO BUSHNELL-HAAS NA PRESENÇA DE GASOLINA COMERCIAL.
Bruno Bezerra Carneiro - Cursando Graduação em Biologia/Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA
Mônica Valéria de Almeida Aguiar - Cursando Graduação em Biologia/Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA
Aurilene Gomes Cajado - Cursando Mestrado em Biotecnologia/Universidade Federal do Ceará – UFC
Jedson Antônio de Souza Aragão - Cursando Mestrado em Biotecnologia/Universidade Federal do Ceará – UFC
Mariana da Silva de Lima - Mestra em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará – UFC
Rodrigo Maranguape Silva da Cunha - Prof. Dr./Orientador - Dpto. de Biologia da Univ. Estadual Vale do Acaraú – UVA
INTRODUÇÃO:
A gasolina comercial é constituída de hidrocarbonetos voláteis e compostos aromáticos monocíclicos ou policíclicos. Além disso, etanol e os compostos tóxicos BTEX (Benzeno, Tolueno, Etileno e Xileno) são encontrados em quantidades consideráveis, aumentando assim os danos ao ambiente e à saúde humana.
Com a vasta ampliação de processos industriais, métodos de descontaminação se fazem necessários, a fim de minimizar danos causados por substâncias com alto potencial de degradação ambiental ou de riscos à saúde como o referido grupo BTEX. Neste contexto, a biorremediação se mostra uma eficiente ferramenta, pois consiste em um processo não agressivo ao ambiente, ocorrendo naturalmente quando microrganismos metabolizam substâncias tóxicas que constituem sua fonte de alimento, eliminando resíduos menos tóxicos ou sem nenhuma toxidade (geralmente gás carbônico e água).
O gênero Burkholderia, é conhecido por sua versatilidade de biodegradação em diferentes concentrações de poluentes, de diferentes substâncias poluidoras e em condições ambientais diversas. No entanto, o uso destes microrganismos como produto biotecnológico requer um conhecimento das condições ideais em que a fisiologia destas bactérias atua, resultando em uma melhor eficiência na degradação do poluente de interesse.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo objetivou analisar condições de tolerância de Burkholderia SMF 090 em meio mineral suplementado de gasolina comercial, bem como estabelecer curvas de crescimento bacteriano, indispensáveis para o estudo a nível molecular de fatores de biorremediação.
MÉTODOS:
A fim de analisar a tolerância à gasolina do isolado de Burkholderia sp., ora identificado como SMF 090, três crescimentos distintos foram realizados.
Para o crescimento 1 (direto), foi feito um pré-inóculo das cepas em meio TY. Após atingir densidade óptica de 1,0 foi lavado e ressuspenso em solução de NaCl 0,85%. As cepas foram submetidas a crescimento em meio mineral Bushnell-Hass na proporção 1 mL de solução contendo bactérias para 250 mL de meio BH. Os tratamentos testados foram: gasolina na concentração de 2000 partes por milhão (500 uL de gasolina e 250 mL de meio BH), a mesma concentração de glicose a 1 M, e controle negativo (sem gasolina).
O crescimento 2 (adaptado), diferiu apenas pelo fato que seu pré-inóculo foi acrescido de 50 uL de gasolina comercial (1000 partes por milhão) para adaptação das cepas ao poluente.
Um terceiro crescimento (repique) foi feito a partir de bactérias que estiveram empregadas na segunda curva, com o dobro da concentração de poluente (1 mL de gasolina em 250 mL de meio BH) a fim de testar possível adaptação a maiores concentrações de gasolina.
Todos os tratamentos foram feitos em triplicata e o crescimento bacteriano foi acompanhado, pela leitura da densidade ótica (OD) a cada 3h em espectrofotômetro até atingir a fase estacionária.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A determinação da curva de crescimento é fundamental, sendo que a metade da fase log é ideal para se obter RNAs e proteínas satisfatoriamente, para estudos envolvendo tais moléculas. Os valores das absorbâncias foram obtidos a um comprimento de onda de 600 nm.
Nas curvas derivadas do crescimento 1, o tratamento com gasolina teve a menor taxa de crescimento (OD < 0.1 em sua maioria), quando comparada aos outros tratamentos (ODs máximas em torno de 0.15 e 0.7 para controle e glicose, respectivamente).
No crescimento 2, o tratamento com gasolina mostrou boa tolerância ao poluente, apresentando fase log com intervalo de OD entre 0.03 e 0.2. Nos demais tratamentos a fase log se deu entre as ODs 0.04 e 0.25 para glicose e 0.03 e 0.15 para o controle.
Sugere-se que o bom rendimento obtido nesta curva foi influenciado pelo uso de bactérias previamente adaptadas, visto que, estudos relacionados, citam que vários fatores como a concentração do poluente, temperatura, pH e a adaptação microbiana influenciam na velocidade e na eficiência da biodegradação dos BTEX.
Nas curvas obtidas do crescimento 3, o tratamento com gasolina, atingiu fase log com ODs entre 0.03 e 0.2, muito embora não tenha havido crescimento significativo nos tratamentos glicose e controle.
CONCLUSÕES:
Tendo em vista a análise dos resultados obtidos foi possível caracterizar o isolado de Burkholderia SMF 090 como uma potencial ferramenta biotecnológica, uma vez que este apresentou tolerância e desempenhou suas funções metabólicas de crescimento em meio mineral Bushnell-Hass, suplementado de gasolina comercial, especialmente quando há disponibilidade de adaptação das cepas frente ao poluente. Conclui-se ainda que este trabalho abre portas para posteriores estudos em padrões moleculares de biodegradação de compostos tóxicos pela bactéria estudada através da disponibilização de dados metodológicos importantes para estudos genômicos e proteômicos envolvendo este microrganismo.
Palavras-chave: Burkholderia, Curva de Crescimento, Gasolina.