65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
CRONOTIPOS, QUALIDADE DO SONO E SONOLÊNCIA DIURNA EM ESTUDANTES DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
Lunna Maria Casimiro Sarmento - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Gabriela Lemos Negri Rique - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Gilson Mauro Costa Fernandes Filho - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Amanda Dantas Cavalcante Ferreira - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Aline Dantas de Sá - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Rilva Lopes de Sousa-Muñoz - Prof. Dra./ Orientadora - Departamento de Medicina Interna - UFPB
INTRODUÇÃO:
Descrevem-se três cronotipos humanos, matutino, vespertino e indiferente, que se caracterizam pelas preferências individuais para realização de atividades em determinado período do dia, com melhor nível de alerta durante a manhã, no início da noite ou sem preferência, respectivamente. Em estudantes de Medicina, este processo é modificado por vários fatores, tais como carga curricular em horário integral, atividades extracurriculares, estresse emocional e físico, pressão por alto rendimento acadêmico e influência de demandas hospitalares. De modo geral, os estudantes de Medicina têm uma média de seis horas de sono por dia, inferior à da população geral, que tem cerca de oito horas diárias de sono. A pergunta de pesquisa é: o cronotipo apresenta associação com qualidade do sono e sonolência diurna excessiva entre estudantes de Medicina? Nossa hipótese é que existe tal associação. A contribuição deste estudo é a de demonstrar a importância da biologia circadiana sobre os estudantes, especialmente os de medicina.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar a associação de cronotipos com qualidade do sono e sonolência diurna excessiva em estudantes de Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), identificar a proporção dos cronotipos entre estes estudantes e correlacionar cronotipos com sonolência diurna e características demográficas dos alunos.
MÉTODOS:
Pesquisa observacional e transversal envolvendo estudantes do 1º ao 6º anos do curso de Medicina da UFPB. A aplicação dos instrumentos foi feita em sala de aula, de forma auto-administrada, após decorridas quatro semanas do início do semestre letivo. A abordagem dos estudantes foi realizada por meio da entrega de um protocolo contendo os quatro instrumentos de coleta de dados da pesquisa: Questionário Sócio Demográfico; Questionário padrão para identificação de cronotipos (MEQ), Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (IQSP) e Escala de Sonolência de Epworth (ESE). A variável principal do estudo foi o cronotipo e as secundárias foram escore de Qualidade do Sono (IQSP), escore de Sonolência Diurna (escala de Epworth), sexo, idade, estação de nascimento e período do curso. Para avaliar a possível relação entre o cronotipo e a estação do ano de nascimento, utilizou-se a divisão de estações do ano segundo sua ocorrência no Hemisfério Sul.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Compuseram a mostra 221 estudantes de Medicina, 55,7% do sexo masculino. A média de idade foi de 22,3 ± 3,8 anos. A média do escore do IQSP foi de 6,5 ± 2,6, e verificou-se que 136 (61,5%) dos alunos apresentavam má qualidade do sono. Verificou-se que 84 (38%) tinham sonolência diurna discreta e 9 (4,1%) sonolência intensa. Observou-se que 46 estudantes (20,8%) foram classificados como vespertinos, 114 (51,6%) indiferentes, e 61 (27,6%) matutinos. Houve correlação estatisticamente significativa entre as pontuações do questionário de cronotipo (MEQ) e de qualidade do sono (IQSP) (rho = -0,3; p< 0,0005). A correlação negativa implica que a vespertinidade (baixas pontuações no MEQ) associou-se com pior qualidade do sono (escores elevados do IQSP). Não se observou correlação significativa entre pontuações do MEQ (cronotipo) e da ESE (sonolência diurna). Não se verificou diferença entre os grupos vespertino, indiferente e matutino quanto às variáveis sexo e estação do ano ao nascer. Os resultados encontrados demonstram uma relação significativa entre cronotipo e qualidade do sono, de modo que os indivíduos vespertinos apresentaram pior qualidade do sono quando comparados aos indivíduos matutinos e indiferentes.
CONCLUSÕES:
A maioria dos estudantes de Medicina da UFPB apresenta cronotipo vespertino. A hipótese de pesquisa foi corroborada parcialmente, pois verificou-se que os estudantes vespertinos tenderam a apresentar pior qualidade do sono em comparação aos matutinos e aos indiferentes, mas os cronotipos não se relacionaram a sonolência diurna. Existe alta prevalência de má qualidade do sono e sonolência diurna excessiva entre os estudantes de Medicina da UFPB. Sonolência diurna não se correlacionou com idade, gênero e estação do ano ao nascer. Sugere-se a realização de outros estudos sobre esse problema de pesquisa para ampliar os conhecimentos sobre as complexas relações do sistema circadiano humano, e em especial, dos estudantes de Medicina.
Palavras-chave: Circadiano, Vespertino, Estresse.