65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
ASPECTOS BIOMÉTRICOS DOS FRUTOS E SEMENTES DA INGÁ-DE-MACACO (Inga laurina (Sw.) Willd. Fabaceae) ORIGINÁRIA DO ACRE.
Ednéia Araújo dos Santos - Engenheira Florestal, Mestranda em Botânica/INPA
Luiara Paiva Gomes - Uninorte-ACRE/Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC
Adriano Santos da Silva - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Romário de Mesquita Pinheiro - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC/Núcleo de Pesquisa do INPA-ACRE
Izailene Monteiro Saar - Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC
Evandro José Linhares Ferreira - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Núcleo de Pesquisa do Acre
INTRODUÇÃO:
A ingá-de-macaco (Inga laurina (Sw.) Willd.) é uma árvore de porte médio que atinge até 15 m de altura e se encontra amplamente distribuída em áreas tropicais das Américas e no Caribe. Cresce espontaneamente em áreas de florestas primárias e secundárias, mas também é cultivada, pois além dos frutos comestíveis, ela tem excelente características para uso em arborização urbana.
Seus frutos, em forma de vagem achatada quando verdes e quase cilíndricas quando maduros, são indeiscentes e possuem entre 1 e 15 sementes recobertas por um arilo comestível de cor branca e sabor adocicado, muito apreciadas por animais silvestres, especialmente pássaros e macacos. Além dos usos alimentar e ornamental, estudos recentes encontraram que extratos da casca apresentam metabólitos com atividade antibacteriana, com potencial de controlar a massa de bactérias colonizadoras da cavidade oral e prevenir doenças bucais.
Sendo uma espécie de rápido crescimento, é apropriada para cultivo em sistemas agroflorestais e recuperação de áreas degradadas, proporcionando sombreamento para espécies de crescimento lento que não toleram alta luminosidade. A realização de estudos biométricos dos frutos e sementes dessa espécie é importante para o desenvolvimento de um método de propagação da espécie.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi avaliar a biometria dos frutos e sementes de Inga laurina colhidos em plantas nativas do Acre.
MÉTODOS:
Os frutos usados neste estudo foram colhidos de plantas existentes no campus da Universidade Federal do Acre, localizado nas cercanias da cidade de Rio Branco, Acre (10º02'11"S; 67º47'43"W; altitude: 152 m). A avaliação biométrica foi realizada no Laboratório de Sementes Florestais do PZ. Para a avaliação, um lote de 100 frutos maduros e sadios foi selecionado. A pesagem dos frutos e sementes foi feita em balança com precisão de 0,001 g e as medidas de comprimento, largura e espessura (mm) com paquímetro digital de precisão (0,01 mm). Dos frutos foram avaliadas as seguintes variáveis: peso total, comprimento, largura, espessura e número de sementes. Depois de medidos, os frutos foram abertos manualmente e as sementes foram contadas. As sementes com arilo e sem arilo foram avaliadas quanto ao peso, comprimento, largura e espessura. Os dados foram analisados no programa BioEstat 5.0. Para todas as variáveis avaliadas foram calculados os valores máximo e mínimo, média, desvio padrão (DP), coeficiente de variação (CV) e o coeficiente de correlação de Pearson (r).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O peso do fruto variou entre 3,932 g e 36,989 g (média=23,302 g; DP=6,665; CV=28,60%), e o peso das sementes com arilo variou de 0,612 g e 1,900 g (média=1,208 g; DP=0,167; CV =13,81%). O comprimento do fruto variou entre 6,20 cm e 16,10 cm (média=12,6 cm; DP=2,1; CV=16,35%) e o comprimento das sementes com arilo variou de 13,26 mm a 19,91 mm (média=16,64 mm; DP=1,06; CV=6,40%). A largura dos frutos variou entre 10,34 mm e 24,60 mm (média=19,76 mm; DP=1,56; CV=7,91%) e a largura das sementes com arilo variou de 4,52 mm a 17,9 mm (média=8,29 mm; DP=1,52; CV=18,31%). A espessura dos frutos variou entre 12,65 mm e 18,61 mm (média=15,78 mm; DP=1,19; CV=7,52%) e a espessura das sementes com arilo variou de 6,35 mm a 16,03 mm (média=13,51 mm; DP=1,31; CV=9,68%). O número de sementes dos frutos variou de 4 a 8 unidades (média=12,36 unidades; DP=3,37; CV=27,25%). O coeficiente de correlação de Pearson (r) foi forte entre as variáveis peso do fruto e número de sementes (r=0,8675). O coeficiente foi fraco entre a largura do fruto e a largura da semente com arilo (r=-0,1391), entre o comprimento da semente com arilo e a largura da semente (r=- 0,2506) e entre o peso da semente e a espessura da semente com arilo (r=-0,2548).
CONCLUSÕES:
Foi encontrado um alto coeficiente de variação nas variáveis peso do fruto (28,60%) e número sementes, e também um alto coeficiente de correlação (0,8675) indicando que os frutos mais pesados possuem maior número de sementes. Houve também grande variação no peso da semente (20,44%), que foi altamente correlacionado com o peso da semente com arilo (0,7477).
Palavras-chave: Frutos e Sementes, Inga, Biometria.