65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 2. Genética de Microorganismos
CARACTERIZAÇÃO PÓS-GENÔMICA DO Vibrio cholerae O1 AMBIENTAL LMA 3984-4 ISOLADO DO MEIO AMBIENTE AMAZÔNICO
Geovani de Oliveira Ribeiro - Seção de Meio Ambiente - IEC
Lena Líllian Canto de Sá Morais - Dra./Orientadora – Seção de Meio ambiente – IEC
INTRODUÇÃO:
Vibrio cholerae é uma bactéria Gram-negativa presente na maioria dos ambientes aquáticos. Algumas variantes de V.cholerae são causadoras da cólera. As sete pandemias registradas foram causadas por cepas portadoras do antígeno de superfície O1, sendo a sorotipagem dos isolados a principal rotina de monitoramento da cólera. Em 2007, uma cepa de V.cholerae O1 ambiental (LMA 3984-4) foi isolada do Igarapé Tucunduba na cidade de Belém, Pará. Esta bactéria levantou diversas questões sobre a origem evolutiva dessa cepa, e sobre as possíveis origens de seu fenótipo O1, uma vez que foi isolada fora do contexto epidemiológico da cólera.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterizar o background genético do V. cholerae LMA 3984-4 para sequestrar genomas ambientais e definir sua relação com outras cepas de V. cholerae clínicos e ambientais baseado em genes vitais e na região codificadora do antígeno O1.
MÉTODOS:
Selecionou-se para este estudo 10 isolados de V.cholerae NAG obtidos no período de 2007 a 2011 do Igarapé Tucunduba e 33 genomas do NCBI, além da sequencia genômica da LMA3984-4. Usamos como método de extração a desproteinização em fenol-clorofórmio e precipitação em etanol. Foram realizadas Reações em Cadeia da Polimerase para genes vitais e responsáveis pela codificação do antígeno O1. Os amplicons foram purificados e usados como moldes nas reações de sequenciamento. Para reconstrução filogenética, as sequências foram editadas, alinhadas por códons e o algoritmo MCMC foi implementado. Utilizou-se também diversos modelos de substituição e reconstrução filogenética como o SRD06, Jukes-Cantor, Kimura e Tamura-Nei. Ao final sintetizou-se as análises, gerando uma árvore consenso.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na árvore gerada com gene vitais, os isolados do Igarapé Tucunduba agruparam-se mais entre si do que com as demais cepas, excetuando-se apenas a LMA 3984-4 e a 7766-3, evidenciando uma estrutura populacional estável e pouco diversificada. Os genes da região codificadora do antígeno O1 das cepas do Igarapé Tucunduba também foram sequenciados e comparados com aquelas do NCBI. Não se observou evidências de que o antígeno O1 teria sido doado à LMA 3984-4 por cepas epidêmicas, pois o mesmo é muito similar ao cluster presente na cepa 12129-1 da Austrália, que também é a mais próxima filogenéticamente do mesmo.
CONCLUSÕES:
Foi possível concluir a partir deste estudo que a LMA 3984-4 não está relacionada com as cepas epidêmicas – nem em seu arcabouço genético, nem em sua relação evolutiva. Ela também não adquiriu o seu fenótipo O1 a partir das epidêmicas. Sugere-se um aporte amostral no sentido de consubstanciar estes achados.
Palavras-chave: V.cholerae, MLST, Análise filogenética.