65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 1. Ciência de Alimentos
PARAMETROS ESTRUTURAIS PRIMARIOS DE PECTINA EM CULTIVARES DE PALMA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL TECNOLÓGICO
Lorena Trajano da Silva - Instituto de Ciências Biológicas – UPE
José Almiro da Paixão - Docente/Orientador - Depto. de Pós-graduação em Nutrição - UFPE
INTRODUÇÃO:
A palma é uma planta da família das cactáceas, mas o seu cultivo destina-se prioritariamente a finalidade forrageira. Das três cultivares encontradas no mundo, a palma miúda Nopalea cochenilifera e a palma gigante Opuntia fícus indica, são as mais encontradas na Região Nordeste, onde apresenta importância agroecológica em cultivo de subsistência e na alimentação de rebanhos em condições extensiva e semi-extensiva. Está sendo investigada como uma função nutracêutica no tratamento de patologias como hiperglicemia, aterosclerose, diabetes e gastrite, destacado por Enouri et al. (2006).
Dentre o grupo das fibras dietéticas, as pectinas pertencem ao grupo de polissacarídeos estruturais sendo a sua importância na tecnologia e no processamento tecnológico por está associada a retenção da firmeza, textura, sabor e flavor, evidenciando seu papel como hidrocolóide em emulsões. (LIMA et al. 2010).
Os parâmetros estruturais mais comumente empregados para caracterização de pectinas são o grau de metoxilação (GME) e o grau de acetilação (GA) que pode ser determinado pela espectroscopia de infravermelho segundo Manrique & Lajolo (2002), o qual ajuda na quantificação devido à localização diferencial das bandas de absorção originadas por modalidades vibracionais específicas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho tem como objetivo apresentar um breve estudo da viabilidade técnica em cultivares de palma forrageira analisadas por infravermelho e o GME, que permite comparar a outras fontes tradicionais de pectina, através da identificação e quantificação dos principais componentes estruturais de pectinas naturais na matriz em questão.
MÉTODOS:
Os ensaios foram realizados a partir de 2-3 raquetes dos quatro cultivares: IPA Sertânia (Nopalea cochenilifera), IPA F21 (Nopalea cochenilifera), Orelha de elefante mexicana (Opuntia fícus indica) e, Miúda (Opuntia fícus indica); de localizações distintas, Arcoverde e Serra Talhada, totalizando oito amostras.
Os extratos de pectina foram obtidos a partir de 100 g de amostra, adicionando-se 400 ml de água deionizada e triturada em multiprocessador industrial. O ajuste de pH a 2,2 foi realizado com solução de ácido cítrico 10%, sendo alterado posteriormente para 15% devido ao volume excessivo usado em algumas amostras. Logo depois, a amostra permaneceu em fervura por 30 minutos, deixando-a esfriar para a filtração. O filtrado obtido em malha de poliéster foi precipitado, com etanol 95%, seguindo-se a metodologia de Lima (2010) que recomenda quantum satis de álcool para obtenção de gel e lavadas com etanol 99% e acetona 99%, para retirada de açucares e pigmentos, respectivamente. As amostras semi-purificadas foram liofilizadas e em seguida analisadas por espectroscopia de infravermelho, pela análise espectral das bandas 1650 e 1750 cm-1, através da equação: [abs1740 cm –1/ (abs1630 cm –1 + abs1740 cm –1 )] descrita por Manrique & Lajolo (2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante a etapa de ajuste do pH, observou-se que a solução de ácido cítrico 10% só foi capaz de ajustar o pH em volume excessivo, resultando uma amostra de baixo rendimento e desestruturando o gel. A amostra IPA sertânia de Arcoverde foi o piloto, no qual se adicionou 300 mL de ácido cítrico 10%, excedendo muito o volume, acima do recomendado pela técnica 1:2 (m/v). Para respeitar a metodologia, utilizou-se solução de ácido cítrico 15%, de modo que foi possível ajustar o pH das demais amostras sem exceder no volume acima do recomendado. As amostras de Arcoverde obtiveram uma variação de pH mínima de 4,87 a 4,98, diferentemente das amostras de Serra Talhada, com uma variação entre 3,24 a 5,08.
Após obtenção e análise no espectrômetro de infravermelho, os espectros obtidos das oito amostras foram interpretados e calculado o grau de metoxilação (GME) dos mesmos. Tendo assim resultados satisfatórios, uma vez que todas as amostras apresentam GME superior a 50%, indicando constituir em sua composição pectinas de ATM. As palmas dessas regiões são produtos efetivos para serem aplicados com finalidade prebiótica.
Em relação ao rendimento, as amostras de Serra Talhada apresentaram rendimento superior às amostras de Arcoverde, indicando uma maior viabilidade para aplicações tecnológicas.
CONCLUSÕES:
Os resultados demonstraram que as oito amostras de palma obtiveram o %GME superior a 50%, classificadas como pectina de ATM e tornando viáveis aplicações tecnológicas pela alta capacidade de formar géis e efeito prebiótico. A palma Miúda de Serra Talhada foi a amostra que obteve tanto o GME, quanto o rendimento, superior as demais, o que indica boas condições para explorar essa espécie na região de Serra Talhada.
Por fim, a utilização da palma forrageira como ingrediente funcional, deverá ser melhor estudada para informar com maior precisão a adequabilidade nutricional/tecnológica dessa matéria para alimentação humana e animal. As condições de extração que garantam a obtenção de pectinas de ATM permitem mensurar propriedades reais, com efetividade e funcionalidade, na formação de géis e associando a qualidade das funções na aplicação para a alimentação humana e animal.
Palavras-chave: grau de metoxilação, prebiótico, função nutracêutica.