65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
PERCEPÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SOBRE OS RISCOS DOS AGROTÓXICOS A SAÚDE DO TRABALHADOR RURAL
Jaileny Oliveira Barbosa - Enfermeira, Especializanda em Saúde da Família, UNASUS-UFMA.
Rayane da Costa Santos - Enfermeira, Especializanda em Enfermagem em Urgência e Emergência, Wpós
Letícia da Silva Araújo - Graduanda do 8º período de Agronomia- Universidade Estadual do Maranhão
Nayara Vieira de Faria - Enfermeira, Especializanda em Enfermagem do Trabalho, UNITER
INTRODUÇÃO:
Os agrotóxicos são agentes exógenos potencialmente perigosos à saúde utilizados por cerca de 12 milhões de brasileiros cotidianamente. Estima-se que dois terços da população do país estão expostos, em diferentes níveis, aos efeitos nocivos desses agentes químicos, seja em função do consumo de alimentos contaminados ou pela atividade laboral. Porém, os trabalhadores rurais destacam-se como o grupo mais vulnerável a intoxicação, pois, estão constantemente em contato com essas substâncias. Entre os efeitos mais corriqueiros de intoxicações, estão a cefaleia, vômito, tontura, hipertensão arterial, problemas dermatológicos, problemas respiratórios e depressão. Diante deste contexto, percebe-se a grande responsabilidade da Equipe Saúde da Família (ESF) em identificar trabalhadores e famílias em risco de exposição aos agrotóxicos na sua área e comunicar imediatamente essas situações a Vigilância Sanitária. E, sendo o Agente Comunitário de Saúde (ACS) o membro da Equipe que tem a função de elo entre a comunidade e ESF, percebe-se a importância de verificar a percepção desses profissionais sobre os riscos dos agrotóxicos a saúde do trabalhador rural para identificar possíveis equívocos e desenvolver estratégias de intervenção voltada à assistência das populações rurais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar a percepção dos ACS atuantes no Programa Agente Comunitários de Saúde e Estratégia Saúde da Família sobre os riscos dos agrotóxicos a saúde do trabalhador rural no município de Amarante do Maranhão.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, desenvolvido no Centro de Saúde Unidade Básica de Saúde Adelson Ribeiro de Carvalho, localizado na cidade de Amarante do Maranhão, Maranhão, escolhido por ser um Centro de Saúde onde atuam uma Equipe Saúde da Família e uma Equipe Programa Agentes Comunitários de Saúde atuantes exclusivamente na zona rural do município, possuindo no total 5035 famílias adscritas. A população do estudo foi composta por 28 ACS. Os dados foram coletados durante os meses janeiro e fevereiro por meio de entrevista semi-estruturada contemplando questões relacionadas aos efeitos nocivos do uso dos agrotóxicos a saúde do trabalhador rural, uso de EPI´s e sinas de intoxicação. Para a análise dos dados, adotou-se o referencial de análise de conteúdo do tipo temática, que segundo Minayo envolve um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos, a descrição do conteúdo das mensagens. A partir dos relatos dos participantes e partindo da unidade de análise por temas, traduzimos as questões do instrumento utilizado nas entrevistas extraindo as seguintes categorias a serem discutidas: percepção dos ACS sobre os riscos dos agrotóxicos a saúde do trabalhador, importância do uso de EPI no trabalho no campo e sinais de intoxicação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos 28 profissionais entrevistados, todos relataram que os agrotóxicos causam problemas a saúde, no entanto,17 não especificaram as consequências do seu uso. Estudos indicam que os riscos dos agrotóxicos são atribuídos a um descuido ou a uma imprudência de determinados trabalhadores rurais, que não estariam preparados para lidar com esses produtos. Em relação ao uso dos EPI, a maioria dos ACS afirmou que reconhece a importância do seu uso para diminuir os riscos de contaminação, no entanto, ressaltaram que o assunto não é abordado aos trabalhadores rurais, pois afirmam que estes consideram seu uso desnecessário. De acordo com algumas pesquisas, a contaminação com agrotóxicos podem estar relacionada com a falta de informação técnica e com baixos níveis de alfabetização. Demonstram ainda que a ocorrência do não uso de EPI por muitos trabalhadores rurais, estão relacionados a alguns fatores tais como: questão financeira, calor, falta de costume e desconforto. Alguns estudos apontam para uma descrença do funcionamento do EPI. No que diz respeito à percepção dos ACS sobre os sinais de intoxicação, a maioria dos entrevistados relataram apresentar dúvidas sobre os sinais de intoxicação e medidas que devem ser tomadas diante dessas situações.
CONCLUSÕES:
De acordo com os dados obtidos, pode-se concluir que a maioria dos ACS entrevistados não possui o preparo adequado para abordar sobre os riscos dos agrotóxicos a saúde do trabalhador rural, evidenciando assim, a importância de se incorporar estratégias educativas, de avaliação e comunicação de riscos dos agrotóxicos aos ACS, transformando-os em multiplicadores de conhecimento com o intuito de prevenir danos a saúde do trabalhador rural. Identificou-se também que os entrevistados reconhecem a importância do uso correto dos EPI´s para diminuir os riscos de contaminação, no entanto, apresentam dificuldades para abordar o tema com os trabalhadores rurais. Em relação aos sinais de intoxicação, a maioria dos entrevistados relatou que apresentam dúvidas e não conhecem as medidas a serem tomadas diante dessas situações. Desse modo, torna-se relevante o aprimoramento e aperfeiçoamento desses profissionais que lidam diariamente com essa situação, pois, só assim poderão transmitir as informações necessárias para minimizar os riscos de intoxicação por agrotóxicos e modificar as condições indevidas de utilização deste produto. Pois, à medida que o trabalhador rural compreende os riscos e adota os procedimentos de segurança necessários durante o manuseio desses produtos químicos, o número de casos de intoxicações pode ser diminuído.
Palavras-chave: Agente Comunitário de Saúde, Agrotóxicos, Intoxicação.