65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
INFLUÊNCIA DE COMPOSTOS VOLÁTEIS DE CANA-DE-AÇÚCAR, NO COMPORTAMENTO DO PARASITÓIDE Cotesia flavipes (HYMENOPTERA: BRACONIDAE)
Regivaldo dos Santos Melo - Laboratório de Ecologia Química - IQB - UFAL
Paulo David Martins Pereira - Laboratório de Ecologia Química - IQB - UFAL
Cyro Rego Cabral Júnior - Laboratório de Ecologia Química - IQB - UFAL
Ruth Rufino do Nascimento - Profa. Dra./ Laboratório de Ecologia Química - IQB - UFAL
Adriana de Lima Mendonça - Profa. Dra./Orientadora - Laboratório de Ecologia Química - IQB - UFAL
INTRODUÇÃO:
A praga broca pequena Diatraea flavipennella (Lepidoptera: Crambidae), se destacou nos últimos anos nos canaviais do Estado de Alagoas (FREITAS et al., 2006). O controle é feito com liberação do parasitóide Cotesia flavipes (Hymenoptera: Braconidae) (MENDONÇA, 1996) que através de pistas olfativas, localiza e elimina a praga (VET & DICKE, 1992). Tais pistas estão relacionadas com odores do complexo planta-hospedeiro (TURLINGS et al., 1991; GEERVILIET et al., 1994) e as respostas induzidas por dano em plantas são mediadas por compostos de via octadecanóide, como o ácido jasmônico e o jasmonato de metila. Estes compostos voláteis proveem informação sobre o estado da planta induzida, podendo ativar as defesas de plantas adjacentes independentes da espécie (DICKE E DIJKMAN, 2001). A cis-jasmona é um composto que ativa a resistência de plantas, atuando como sinal externo, alertando a planta receptora e a vizinha, não atacada, para ativar a defesa na iminência de um ataque. Segundo BIRKETT et al. (2000), a indução com cis-jasmona gera oportunidade de ativar a defesa da planta baseada em sinais químicos voláteis, sem influenciar o rendimento e o processo fisiológico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O estudo investigou o comportamento de busca do parasitóide diante de voláteis produzidos por diferentes variedades e estágios da planta que quando elucidados, podem ser aliado aos conhecientos e estratégias de controles utilizados para a praga, possibilitando um aumento da eficiência do parasitismo e a diminuição do seu ataque.
MÉTODOS:
Lagartas de D. flavipennella obtidas da criação do laboratório de Ecologia Química foram alimentadas com dieta artificial. Os parasitóides foram criados nestas lagartas e na fase adulta alimentados com solução de mel a 5%. Os colmos das três variedades de cana (SP791011, RB92579 e RB867515) foram cultivados em substrato (Max Plant ®), em casa de vegetação, de dimensões 2,0m x 2,0mx 2,50m com temperatura variando de 24-28oC e umidade relativa de 70%+10. Plantas dessas variedades foram tratadas com cis-jasmona (Aldrich® com 90% i.a.) através da pulverização. Outras foram infestadas com D. flavipennella durante 48h. Dez plantas infestadas, dez sadias e 10 tratadas com o composto foram utilizadas para coleta dos compostos voláteis usando a microextração em fase sólida escrito por STEWART-JONES & POPPY (2006). Os extratos hexânicos foram transferidos para o freezer a -200C. Os bioensaios foram realizados em olfatômetro com tratamentos de: extratos de planta infestada, de sadia, de induzidas e o controle (hexano), nas três variedades. Realizou-se 20 repetições por tratamento e para cada 10 fêmeas do parasitóide. Testes não-paramétricos de Kruskal-Wallis e Nemenyi (p<0,05) foram conduzidos além do teste de Mann-Whitney (p<0,05) para comparação com o controle.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foi constatada uma resposta olfativa das fêmeas de C. flavipes por extratos obtidos de diferentes variedades de cana-de-açúcar (sadia, infestada pela praga e induzidas a resistência por cis-jasmona) diante dos bioensaios. O parasitóide não apresentou preferência diante das variedades. Porém, existe uma diferença significativa na atração destes, por plantas induzidas e infestadas em comparação as sadias (p < 0,05). Diversos trabalhos já demonstraram que as plantas são capazes de produzir compostos voláteis direcionados a diversos organismos aumentando a eficiência do seu mecanismo de defesa e isto inclui os parasitóides (ARIMURA et al., 2008). Estudos têm mostrado que C. flavipes é atraída para plantas de milho, sorgo e uma variedade de gramíneas selvagens infestadas por diversas brocas (SIGNORETTI, 2008). Assim, os dados obtidos até o presente momento, deste estudo, reforçam esta hipótese. Isto é benéfico do ponto de vista de sua aplicação no manejo Integrado de pragas como D. flavipennella, visando um aumento na eficiência da atração do seu inimigo natural. Através de métodos espectrométricos, análises químicas desses extratos deverão ser conduzidas, posteriormente, para elucidação da natureza química dos compostos envolvidos nestas interações.
CONCLUSÕES:
Plantas de cana-de-açúcar podem ser induzidas a resistência por compostos como cis-jasmona e, independente da variedade, são atrativas para o parasitóide C. flavipes.
Palavras-chave: Parasitóides, Compostos voláteis, Cana-de-açúcar.