65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada
ESTUDO DAS GARRAFADAS COMERCIALIZADAS POR RAIZEIROS EM FEIRAS LIVRES DE ARAPIRACA-AL
Aline Priscila Ferreira de Oliveira Neto - Graduanda de Licenciatura em Ciências Biológicas - UNEAL
Lucília de Araújo Santos - Graduanda de Licenciatura em Ciências Biológicas - UNEAL
Mayany Mykaela Correia Araújo - Graduanda de Licenciatura em Ciências Biológicas - UNEAL
Rubens Pessoa de Barros - Prof. MSc./Orientador - Depto. de Ciências Biológicas - UNEAL
INTRODUÇÃO:
As plantas medicinais correspondem às mais antigas “armas” empregadas pelo homem no tratamento de enfermidades de todos os tipos, ou seja, a utilização de plantas na prevenção e/ou na cura de doenças é um hábito que sempre existiu na história da humanidade (CUNHA et al., 2010).
Conforme Rates (2001), os fitoterápicos e as plantas medicinais são produtos de venda livre, sendo necessário, além das informações fornecidas pelos raizeiros, o aconselhamento do farmacêutico, que detém o conhecimento científico sobre o uso farmacológico de fitoterápico.
Dantas (2002) define raizeiros como aqueles que procuram, recomendam e vendem plantas medicinais em mercados públicos, feiras livres e calçadões, sendo muitas dessas plantas conhecidas pelo povo.
Entre os medicamentos preparados pelos raizeiros estão as garrafadas, que são definidas por Camargo (1985), como sendo uma combinação de plantas medicinais, cujo solvente utilizado é geralmente aguardente ou vinho branco e raramente água, onde podem ser também acrescentados elementos de origem animal ou mineral.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A pesquisa teve como objetivo verificar a variedade das plantas medicinais utilizadas no preparo de garrafadas comercializadas por raizeiros em feiras livres de Arapiraca- AL.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada em feiras livres do Município de Arapiraca-AL, que possui aproximadamente 214.006 habitantes, distribuídos em uma área territorial de 356,1 km² e com uma densidade demográfica de 600,84 habitantes por km². É o segundo maior município de Alagoas, destaca-se como importante centro comercial da região agreste atendendo não só ao Agreste, mas ao Sertão e ao Baixo São Francisco (IBGE, 2010).
Durante os meses de setembro a dezembro de 2012 foram visitadas feiras livres, nas quais foram entrevistados raizeiros. Os dados foram adquiridos a partir de entrevistas semi-estruturadas.
Para Manzini (1991, p. 154), “A entrevista semi-estruturada está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista”. Para o autor, esse tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não estão condicionadas a uma padronização de alternativas.
Os entrevistados foram questionados sobre quais plantas eram utilizadas na confecção de garrafadas e como foram adquiridos o conhecimento sobre as referidas plantas e suas combinações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nesta pesquisa os resultados da entrevista apontaram 31 plantas: abacaxi (Ananas comosus), anil estrelado (Illicium verum), aroeira (Myracrodruon urundeuva), alecrim (Rosmarinus officinalis), angico (Anadenanthera colubrina), babatimão (Stryphnodendron), batata-de-pulga (Operculina sp.), boldo (Peumus boldus), bom-nome (Maytenus rigida), cabeça de negro (Cayaponia tayuya), cajueiro-roxo (Anacardium occidentale), cajuí (Anarcardium humile), catingueira rasteira (Caesalpinia pyramidalis), catuaba (Anemopaegma arvense), cebola branca (Allium scalonicumv), cebola roxa (Allium cepa), espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), gengibre (Zingiber officinalis), imburana-de-cheiro (Amburana cearensis), jatobá (Hymenaea courbaril), junça (Caesalpinia ferrea cearensis), jurubeba (Solanum paniculatum), louro (Laurus nobilis), orégano (Origanum vulgare), pau d’arco-roxo (Tabebuia avellanedae), pau-ferro (Caesalpinia ferrea), pindaíba (Duguetio lanceolata), quebra-pedra (Phyllanthus niruri), quixabeira (Sideroxylon obtusifoliumoem), salsaparrilha (Smilax japicanga), velame do campo (Solanum cernuum), citadas pelos entrevistados. Dados semelhantes foram encontrados por Monteles e Pinheiro (2007) em quilombo maranhense e Dantas (2008) em feiras de Campina Grande na Paraíba.
CONCLUSÕES:
Existe uma variedade de ervas medicinais conhecidas popularmente e utilizadas na confecção das garrafadas juntamente com outros complementos.
Percebe-se que as garrafadas apresentam diversas utilidades na medicina popular e segundo os raizeiros o seu uso não apresenta qualquer efeito adverso ou condição imprópria predominando a idéia das plantas atuarem como medicamento.
Contudo, não se sabe se a mistura destas plantas pode provocar efeitos colaterais devido a diversidade de princípios ativos presentes. Desta forma, é necessário um estudo mais criterioso do efeito curativo das garrafadas, uma vez que ficou demonstrado um desconhecimento dos riscos destas misturas.
Palavras-chave: plantas medicinais, garrafadas, feiras livres.