65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
ECOFISIOLOGIA DE VEGETAÇÃO NATIVA DE VÁRZEA AMAZÔNICA
Suellen Castro Cavalcante - Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA
Deliane Penha - Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA
Jacqueline Braga - Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA
Patrícia Chaves de Oliveira - Profa. Dra./Orientadora - Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA
INTRODUÇÃO:
Florestas de várzea são áreas de planícies inundadas que se estendem às margens dos rios, onde se desenvolvem um considerável número de espécies. São o tipo de vegetação mais comum na Amazônia, abrangendo uma área de cerca de 200.000 km2, correspondendo a dois terços da área total das planícies inundáveis da Região. A inundação é o principal fator que limita o estabelecimento de espécies nas áreas de várzea. Por esta razão, plantas que colonizam esse ambiente apresentam mecanismos morfofisiológicos de tolerância às condições ambientais como estratégia adaptativa para usar de maneira eficiente os atributos da zona de transição aquática e terrestre. No contexto das mudanças climáticas globais, o conhecimento acerca do comportamento ecofisiológico de espécies nativas desse ecossistema é de grande relevância pois permite verificar espécies potenciais quanto ao sequestro do carbono e que melhor controlam as perdas hídricas. Para tanto a condutância estomática é um parâmetro essencial e que sinaliza de forma satisfatória o estado fisiológico dos vegetais quanto às trocas gasosas. Adicionalmente destaca-se a importância da comunidade vegetal do ecossistema de várzea por serem capazes de manter a integridade deste ambiente, principalmente pelos seus serviços ecossistêmicos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterizar o comportamento ecofisiológico de espécies de várzea amazônica a partir de um screening de condutância estomática durante o período chuvoso.
MÉTODOS:
A área de trabalho está inserida na Região do Baixo Amazonas, cidade de Santarém, Estado do Pará, Brasil, na comunidade de Saracura (02°22’01.5”S e 54°36’40.3”W), uma região de várzea banhada pelo rio Amazonas distante cerca de 13 km desta cidade. O clima é do tipo Ami, com temperatura média anual entre 25,4ºC a 27,1ºC e umidade relativa de 86,7%. Com dois períodos de precipitação distintos: um chuvoso (dezembro a maio) e outro menos chuvoso (julho a novembro) com médias anuais de 1.920mm. Seus solos variam de Latossolo Amarelo a Glei Pouco Húmico. A análise ecofisiológica foi realizada a partir de um screening de condutância estomática (gs - mmol H2O/m2/s) em quatro espécies nativas do ecossistema de várzea: Embaubeira (Cecropia sp), Caximgubeira (Ficus anthelminthica), Sapupieira (Andira inermis), Paumulateiro (Pentaclethra macroloba). Foram amostradas quatro folhas intactas, não destacadas e saudáveis de um exemplar genético de cada espécie, com o auxílio de um porômetro AP4 (∆T Devices, Cambridge, Inglaterra). Os dados foram coletados no horário de 9 ás 10 horas, no mês de dezembro de 2012, no período chuvoso. As análises estatísticas foram determinadas pelo programa BioEstat. versão 5.0, através de Análises de Estatística Descritiva e Análise de Variância ANOVA um critério.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados da estatística descritiva demonstraram que as espécies estudadas possuem comportamento ecofisiológico diferentes. Caxingubeira e sapupieira são as mais sensíveis as condições do ambiente uma vez que apresentaram os maiores valores de gs já nas primeiras horas da manhã, mesmo no período chuvoso. Sugerindo que em condições ambientais críticas, como por exemplo períodos de seca e maior demanda evaporativa da atmosfera, essas espécies tenderiam a perder mais água pelo processo de transpiração, quando comparadas com paumulateiro e embaubeira, as quais tiveram as menores médias. A Análise de Variância ANOVA um critério demonstrou que as diferenças existentes baseadas na taxa de gs entre as espécies embaubeira e caximgubeira e entre caxingumbeira e paumulateiro são significativas (p<0,001). Demonstrando que, embora, essas espécies estejam em uma mesma condição ambiental, possuem respostas estomáticas diferentes.
CONCLUSÕES:
Em condições ambientais naturais de radiação fotossinteticamente ativa, de déficit de pressão de vapor e CO2, as espécies Cecropia sp (Embaubeira) e Pentaclethra macroloba (Paumulateiro), tendem a ter uma melhor estratégia de regulação hídrica e melhor taxa de absorção de CO2.
As espécies Ficus anthelminthica (Caximgumbeira) e Andira inermis (Sapupieira) não possuem uma eficiente estratégia de regulação hídrica quando não reduzem suas taxas de gs perdendo muita água pelo processo de transpiração.
Palavras-chave: Ecofisiologia, Condutância estomática, Várzea amazônica.