65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura
AOS CORAÇÕES FEMININOS: OS CONTOS DE MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO EM FOLHETIM
Sara Vasconcelos Ferreira - Instituto de Letras e Comunicação – UFPA
Germana Maria Araújo Sales - Profa. Dra. /Orientadora – Instituto de Letras e Comunicação – UFPA
INTRODUÇÃO:
A Província do Pará foi um dos mais importantes jornais paraenses, iniciou sua circulação em 1876 e, durante aproximadamente 125 anos, manteve-se entre os principais periódicos no estado. Desde o início de sua circulação mantinha, no rodapé da segunda página, um espaço destinado ao entretenimento, no qual eram publicados romances, contos, novelas, crônicas e até mesmo notas sobre livros. Um espaço dominado por textos assinados por escritores do Brasil e da Europa – especialmente franceses e portugueses – entre os quais destacamos Maria Amália Vaz de Carvalho, uma autora portuguesa de grande expressão no cenário das letras. Maria Amália escreveu diversos contos, textos sobre educação e bons costumes e foi destaque entre as mulheres de sua época.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho é apresentar os contos assinados pela autora portuguesa Maria Amália Vaz de Carvalho, divulgados na coluna Folhetim do periódico A Província do Pará durante a penúltima década do século XIX.
MÉTODOS:
A obtenção dos dados desta pesquisa se deu a partir da análise de rolos de microfilmes referentes ao jornal A Província do Pará disponíveis no Arquivo de Microfilmes do Laboratório de Linguagem da Universidade Federal do Pará (UFPA) e no setor de microfilmes da Biblioteca Pública Arthur Vianna da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (FCPTN). Quanto aos processos metodológicos, realizou-se, primeiramente, uma pesquisa bibliográfica que permitiu a obtenção de informações sobre a autora e, posteriormente, fez-se uma pesquisa documental, na qual os contos foram compilados e analisados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Maria Amália Vaz de Carvalho é a mais frequente na coluna folhetim, entre os autores portugueses. Foram identificados seis contos durante a década de oitenta, mais precisamente nos primeiros anos, quando a presença portuguesa foi intensa. Esses contos tinham um cunho pedagógico, de educação feminina. Maria Amália com tom firme de quem tem destaque na sociedade defendia, em seu discurso, a igualdade de instrução das mulheres em relação aos homens; por isso seus contos apresentavam de forma muito clara que a mulher deveria estudar, pois uma mulher instruída estaria mais bem preparada para cuidar dos filhos e gerir bem uma família, assim como servir a sociedade. O cunho moral também foram marcas dos contos veiculados no periódico, essas narrativas mostravam que uma atitude insana de uma mulher poderia destruir a família e consequentemente destruí-la. Constatou-se, ainda, que os textos veiculados na folha paraense já haviam sido publicados em jornais fluminenses ou em edições no formato livro.
CONCLUSÕES:
Com esse estudo verificou-se que Maria Amália Vaz de Carvalho foi uma das poucas mulheres que ocupou as páginas do periódico paraense. Com textos dedicados ao público feminino da época, o jornal mantinha um de seus princípios de educar e moralizar a sociedade paraense através dos textos que, embora fossem publicados para o entretenimento e lazer, mantinham o discurso pedagógico em nome da moral e da família. As moças tinham, nessas prosas, exemplos a serem seguidos, os vícios a serem condenados, as consequências das más escolhas; eram contos destinados aos corações femininos com a finalidade de educá-los para a vida na sociedade da época. Maria Amália foi uma das vozes mais importantes da sociedade intelectual portuguesa; uma mulher que escreveu sua história pela coragem e inteligência, uma mulher que viveu sua época em um momento em que as mulheres tinham mais deveres que direitos e deixou seu legado às gerações posteriores.
Palavras-chave: periódicos, contos, autora portuguesa.