65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química
JUNK FOOD - UMA ABORDAGEM DA QUÍMICA NO COTIDIANO: ESTUDANDO FUNÇÕES INORGÂNICAS ATRAVÉS DA ANÁLISE DE EMBALAGENS
Patrícia Brito Souza da Nóbrega - Curso de Licenciatura em Química - Bolsista PIBID – IFPB / Campus João Pessoa
Ana Emília de Brito Martins Vieira - Curso de Licenciatura em Química / Campus João Pessoa
Josias Alves Rocha dos Santos - Supervisor do PIBID – EEEM Cônego Luiz Gonzaga de Oliveira
Sérgio Ricardo Bezerra dos Santos - Curso de Lic. em Química – Coordenador PIBID - IFPB / Campus João Pessoa
Márcia de Lourdes Bezerra dos Santos - Curso de Lic. em Química – Coordenadora PIBID - IFPB / Campus João Pessoa
Jorge Gonçalo Fernandez Lorenzo - Curso de Lic. em Química – Coordenador PIBID - IFPB / Campus João Pessoa
INTRODUÇÃO:
Tradicionalmente o ensino da Química tem sido tomado pelos professores como a transmissão de conteúdo, de conceitos e fórmulas que devem ser reproduzidas pelo aluno de forma mecânica, dissociada de qualquer contexto. Por vezes, alguns professores tentam contextualizar sua aula, no entanto limitam-se a dar vagos exemplos, partindo de imediato para o modelo de aula tradicional, baseado no professor como aquele que repassa um conteúdo e o aluno como aquele que deve assimilar os conceitos que lhe são fornecidos. Por esse modelo, raramente os conceitos fazem sentido para o aluno, que não visualiza conexão pessoal com os conteúdos ministrados. Trabalhar com a temática junk food aproxima a química dos estudantes na faixa etária da adolescência, numa abordagem, inclusive, interdisciplinar, já que trabalha hábitos alimentares, cultura jovem e globalização, permitindo abordar a Química no cotidiano e a identificação de substâncias químicas, como compostos orgânicos e inorgânicos. Ademais, permite-se a identificação e a classificação de aditivos químicos normalmente presentes nos alimentos industrializados.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Ministrar aula em uma turma do 1º ano do ensino médio e nela analisar rótulos de alimentos industrializados de baixo valor nutricional (junk food), para que os alunos identifiquem nos ingredientes desses produtos a nomenclatura química das substâncias e possam, através dela, perceber a Química no cotidiano pela presença de ácidos, bases, sais e óxidos nos alimentos.
MÉTODOS:
A aula foi ministrada aos alunos do 1º ano B do ensino médio, na Escola Estadual de Ensino Médio Cônego Luiz Gonzaga de Oliveira, localizada em João Pessoa/PB, no dia 19 de março de 2013, estando presentes 20 alunos. No intuito de trabalhar a Química no cotidiano, introduzindo as funções inorgânicas, trabalhamos com alimentos relacionados à cultura adolescente contemporânea. Inicialmente, lemos com a turma o texto motivador “Cultura fast food atinge os mais jovens”, e questionamos os alunos sobre sua alimentação, aferindo a opinião deles acerca de composição, valor nutricional e preferências. Em seguida, dividimos a turma em 4 grupos de 5 alunos, distribuindo a cada equipe uma cartolina e um produto alimentício: cheetos, guaraná, maionese e suco artificial em pó. Cada grupo passou a analisar e transcrever os ingredientes de seu produto, tentando também classificá-los de forma espontânea. Após isso, passaram a compartilhar suas conclusões e discutiram as possibilidades de classificação. Seguimos introduzindo noções teóricas básicas sobre ácido, base, sal e óxido e como reconhecê-los nos rótulos de produtos através da nomenclatura. Por fim, passamos a fazer releitura dos cartazes, reclassificando e ressignificando os termos transcritos com base na teoria.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A turma não conhecia o termo junk food, mas tinha noção sobre o que se tratava pela associação com a expressão fast food. Após a leitura do texto motivador, os alunos passaram a discutir seus próprios hábitos alimentares, intuindo que os produtos industrializados conteriam corantes e conservantes, os quais não seriam muito saudáveis. Quando questionados sobre a composição e ingredientes dos alimentos, a turma relatou que não costumavam prestar atenção aos rótulos, além de que, quando da análise dos ingredientes dos produtos, os alunos demonstraram pouca familiaridade com nomenclatura química. Quando da classificação, o grupo responsável pela análise da maionese dividiu os ingredientes em sólidos e líquidos; a equipe responsável pela análise do guaraná classificou em ingredientes ácidos e conservantes; e as equipes responsáveis pelo cheetos e pelo suco artificial, em carboidratos, gorduras, proteínas e vitaminas. Após ministrados os conteúdos teóricos, os alunos, munidos do conhecimento científico, passaram a utilizar outro critério para classificar os ingredientes, baseado em ácido, base, sal e óxido, de modo que, ao fazermos a releitura dos ingredientes nos cartazes confeccionados, rapidamente se fazia a associação com alguma das funções inorgânicas.
CONCLUSÕES:
Os objetivos da aula ministrada foram plenamente atingidos, uma vez que a turma percebeu a Química em seu cotidiano e aprendeu a reconhecer as funções químicas no seu entorno através da análise da nomenclatura, tomando como base uma realidade da qual os adolescentes fazem parte. Assim, ainda que ao final da aula os alunos não fossem capazes de nomear substâncias a partir da fórmula molecular, puderam, com facilidade, reconhecer funções inorgânicas a partir da nomenclatura. A turma, por outra banda, aceitou bem a metodologia aplicada, posto que houve dinamização e discussão, abrindo espaço para que o aluno também protagonizasse na sala de aula, descobrindo com autonomia a aplicação dos conceitos no seu dia a dia.
Palavras-chave: Ensino de Química, Metodologias Inovadoras, Química no Cotidiano.