65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica
PRÁTICAS CULTURAIS NOS CUIDADOS MATERNOS PRESTADOS AO COTO UMBILICAL
Raísa Rocha Lúcio - Curso de Enfermagem, Universidade Estadual do Maranhão - CESC/ UEMA
Auricélia Costa Silva - Curso de Enfermagem, Universidade Estadual do Maranhão - CESC/ UEMA
Jairina Nunes Chaves - Curso de Enfermagem, Universidade Estadual do Maranhão - CESC/ UEMA
Maria Rita Pereira Moura - Curso de Enfermagem, Universidade Estadual do Maranhão - CESC/ UEMA
Tatiana de Oliveira Lopes - Curso de Enfermagem, Universidade Estadual do Maranhão - CESC/ UEMA
Magnólia de Jesus Sousa Magalhães - Nutricionista Mestre, Profa./ Orientadora- Depto. de Enfermagem – CESC/ UEMA
INTRODUÇÃO:
A cultura das puérperas tem papel influenciador na prestação de cuidados ao recém-nascido, principalmente no que se refere ao coto umbilical, evidenciado pelas práticas culturais usuais inerentes ao processo de higienização e cicatrização do coto. O uso de substâncias e utensílios na prática do cuidado com o coto umbilical faz parte de uma cultura transmitida intergeracionalmente, onde os cuidadores acreditam ser benéfico à saúde do recém-nascido, uma vez que se trata de conhecimentos adquiridos no contexto sociofamiliar. As práticas de cuidados norteados pela influência cultural como a utilização de óleos e azeites no tratamento do coto umbilical podem causar danos à saúde do recém-nascido, em virtude da grande susceptibilidade do coto à infecções. Desse modo, o presente estudo justifica-se pelo reconhecimento das práticas populares no planejamento das orientações às mães com o intuito de produzir mudanças, se necessárias, no ato de cuidar do coto umbilical.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo teve como objetivo conhecer as práticas culturais nos cuidados prestados pelas mães ao coto umbilical de seus recém-nascidos na cidade de Caxias-MA.
MÉTODOS:
A metodologia utilizada no estudo foi uma pesquisa descritiva e exploratória de abordagem qualitativa, que enquadra-se na corrente fenomenológica. O cenário da pesquisa trata-se da única Maternidade Municipal da cidade de Caxias – MA. É de referência regional no interior do estado em atendimento especializado. A delimitação da amostra seguiu o critério de saturação dos dados, encerrando a coleta de dados com quinze sujeitos de estudo. Os critérios de inclusão no estudo foram: puérperas secundíparas ou multíparas admitidas na unidade de alojamento conjunto da maternidade; apresentar condições físicas e psíquicas que viabilizem a realização da pesquisa; aceitar participar do estudo e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados foi executada pela própria pesquisadora, utilizando como instrumento de pesquisa o roteiro de entrevista semi-estruturada composta por questões abertas, sendo que para melhor aproveitamento, as respostas foram gravadas em aparelho mp3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ao analisar o conteúdo das entrevistas, verificou-se que entre as puérperas, a faixa etária variou entre 19 a 36 anos. A maioria possuía o ensino fundamental incompleto. Surgiram na análise dos discursos cinco categorias: conhecimento das puérperas a cerca do coto umbilical; utilização de substâncias estranhas por influências culturais; participação familiar nos cuidados prestados ao coto umbilical; práticas de higienização do coto umbilical e orientações durante o pré-natal. Os resultados demonstraram a falta de informação das puérperas acerca do que é o coto umbilical, podendo este fato estar relacionado ao baixo nível de escolaridade que a maioria possui e a deficiência nas ações de educação em saúde. Evidenciou-se ainda, a utilização de substâncias estranhas como: banhas de galinha, fumo e azeite de mamona, empregadas na higienização do coto, a influência dos valores culturais no sistema familiar, no seu processo de cuidar. No entanto as orientações de cuidados transmitidas e realizadas por membros da família devem ser oportunamente avaliadas, para que o cuidado não venha a se tornar descuido, trazendo risco à saúde do recém-nascido. E o déficit nas ações educativas durante a realização do pré-natal referente aos cuidados maternos prestados ao coto umbilical.
CONCLUSÕES:
O conhecimento popular traz sim, grande contribuição para o desenvolvimento da ciência, auxilia nas tomadas de decisões e ações de cuidados, porém estes que revelam práticas culturais e crenças podem converter o cuidado ao coto umbilical em descuido. Contudo, o importante é que os profissionais de saúde estejam atentos a essas práticas, pois, quanto mais tiverem conhecimento a respeito dos valores, crenças e costumes das famílias, mais capazes serão de satisfazer as necessidades da população, reavaliando saberes no direcionamento de mudanças. No que concerne ao objeto de estudo deste trabalho, constatou-se a necessidade do desenvolvimento de novas pesquisas sobre o tema, em virtude da escassez de publicações científicas que retratem ações voltadas aos cuidados adequados ao coto umbilical.
Palavras-chave: Cultura, Saúde Materno-Infantil, Recém-Nascido.