65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
Efeitos da administração oral de Spirulina platensis sobre os níveis estriatais de Dopamina e de seu metabólito DOPAC em modelo experimental de doença de Parkinson em ratos.
Francisco Arnaldo Viana Lima - Universidade Federal do Ceará
Ana Paula Fontenele Menezes - Universidade Federal do Ceará
Maria Vilani Rodrigues Bastos - Universidade Federal do Ceará
Glauce Socorro de Barros Viana - Universidade Federal do Ceará e Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do N
INTRODUÇÃO:
A doença de Parkinson (DP) é um distúrbio neurodegenerativo do movimento que afeta 1% da população, na faixa etária de 65 anos, aumentando para 4-5% na população acima de 85 anos. A origem da degeneração neuronal dopaminérgica na substância negra é desconhecida e provavelmente envolve muitos eventos celulares e moleculares, incluindo estresse oxidativo, acúmulo de proteínas alteradas, excitotoxicidade, processo inflamatório, mecanismos pró-apoptóticos e disfunção mitocondrial. A 6-OHDA é uma das neurotoxinas utilizadas em modelos de degeneração da substância negra, tanto in vitro como in vivo. A Spirulina platensis (Arthrospira) é uma microalga que pode conter até 74% de proteínas. A alga é actual- mente comercializada como um suplemento alimentar, devido ao seu elevado teor de proteínas, ácido γ-linolênico, vitaminas e minerais. Há muitos relatos sobre as implicações terapêuticas de Spirulina em diabetes, hipertensão, artrite, anemia, doenças cardiovasculares e câncer.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Evidenciar um possível efeito neuroprotetor da S. platensis em modelo experimental de doença de Parkinson pela determinação dos níveis estriatais de dopamina e DOPAC.
MÉTODOS:
Utilizaram-se ratos Wistar albinos machos, com peso entre 150-240 gramas, provenientes do Biotério Central da Universidade Federal do Ceará (UFC). A Spirulina utilizada foi proveniente de cultivo no município de Eusébio-CE (Projeto em parte financiado pelo CNPq) e dessecada a vácuo. Os animais foram pesados e tratados por via oral com o Spirulina, nas doses 10, 25 e 50 mg/kg por 15 (quinze) dias. Após este período, todos os animais foram eutanasiados por decapitação, para dissecação do estriado. Para a detecção dos níveis de Dopamina e DOPAC (em ng/g tecido), utilizou-se o equipamento de HPLC com detecção eletroquímica. Os tecidos foram sonicados em ácido perclórico (HCLO4) e o homogenato, colocado em tubos Eppendorf, para centrifugação a 14000 rpm, por 15 minutos em centrífuga refrigerada. Uma alíquota de 20 µL do sobrenadante foi injetada no equipamento. Os resultados foram apresentados como média±S.E.M. Os dados foram analisados por One-Way ANOVA, seguido de Student-Newman-Keuls como teste post hoc, e os resultados considerados como estatisticamente significantes com p<0.05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os animais tratados com Spi 10, 25 e 50 mg/kg mostraram um aumento de 1,5 a 1,7 vezes na concentração de DA com as doses de Spi utilizadas (cont: 2619±368,9; Spi10: 3839±160,5; Spi25: 4372± 544,1; Spi50: 4575±315,0). Com exceção da Spi25, as demais doses não alteraram de modo significativo as concentrações de DOPAC (cont: 2352±206,3; Spi10: 1897±219,6; Spi25: 3482±610,9; Spi 50: 2198± 90,1).
CONCLUSÕES:
Os resultados demonstram que a Spirulina aumenta os níveis estriatais de Dopamina, nas doses de 10, 25 e 50 mg/kg, com relação ao grupo controle, evidenciando um possível efeito neuroprotetor, podendo ser potencialmente útil no tratamento alternativo de doenças neurodegenerativas em geral e particularmente na doença de Parkinson.
Palavras-chave: Doença de Parkinson, Spirulina platensis, Neuroproteção.