65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
INFLUÊNCIA DOS EXTRATIVOS NO PODER CALORÍFICO DE RESÍDUOS MADEIREIROS DA AMAZÔNIA
Andressa Caroline Rodrigues da Silva - Mestranda PPGCIFA/UFAM/CAPES
Hellen Alexandre de Oliveira - Aluna de Eng. Química/ PIBIC/INPA/CNPq
Basilio Frasco Vianez - Pesquisador COTI/INPA
Jorge Alves Freitas - Pesquisador COTI/INPA
Maria de Jesus Coutinho Varejão - Pesquisadora COTI/INPA
Cristiano Souza do Nascimento - Pesquisador RHAE/CNPq/INPA
INTRODUÇÃO:
Estudos de fontes renováveis (solar, eólica, biomassa e hidrogênio) de energia em substituição aos combustíveis fósseis tem se intensificado no mundo inteiro, por questões ambientais e econômicas. Das diversas formas existentes dessas fontes, a biomassa tem-se destacado, devido à capacidade produtiva e ampla diversidade de aplicação. No Brasil, essa energia apresenta suprimento energético de 31,6%, da qual a madeira corresponde a 50% desse índice. As chamadas energias renováveis têm progredido bastante com destaque na produção sustentável de biomassa, que constituem parte da matéria-prima de origem de plantios, florestas nativas ou plantadas e/ou resíduos agroindustriais. A Região Amazônica é dotada de elevado potencial energético, entretanto, as informações tecnológicas das matérias-primas vegetais, entre elas a madeira, são escassas ou pouco divulgadas. Na análise química da madeira são quantificados os componentes principais celulose, hemicelulose e lignina, e em menor proporção os minerais e os extrativos, esses por sua vez influenciam em varias propriedades da madeira, entre as quais na sua combustão. O alto poder calorífico quantificado em madeiras está associado a compostos de cadeias de carbono fixo, tais como a lignina e outras substâncias de alto/baixa peso molecular.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a influencia dos extrativos na quantificação do poder calorífico de seis resíduos madeireiros para produção de energia.
MÉTODOS:
Os resíduos madeireiros das espécies Brosimum parinarioides Ducke, (amapá) Brosimum rubescebs Taub (muirapiranga), Holopyxidium latifolium (A.C. Sm) R. Knuth (jarana), Hymenolobium petraeum Ducke (angelim-pedra), Peltogyne sp. (violeta), Simarouba amara Aubl (marupá), foram coletados aleatoriamente em nove serrarias do município de Itacoatiara - AM, e transportadas para o laboratório de anatomia da madeira (COTI/INPA), onde foram identificados e classificados. A seguir, as amostras foram fragmentadas em serra fita e dada à seqüência de preparação da serragem: picotamento da madeira, para obtenção de cavacos, moagem em moinho de facas, para obtenção das serragens e peneiramento nas faixas de 40 e 60 mesh. O teor dos extrativos totais foram determinados conforme ASTM 2007 -D1107, D1105 e D1110. O poder calorífico superior (pcs) foi determinado pela ASTM 1977 - D2015 em bomba calórica (calorímetro PARR 6200). Todos os ensaios foram realizados em triplicata. Ao final os dados do pcs das amostras foram comparados in natura e livres de extrativos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resíduos madeireiros de muirapiranga e violeta apresentaram maiores teores de extrativos totais (22,6, 18,5%, respectivamente), enquanto que em marupá observou-se menor conteúdo (1,7%). Amostras in natura apresentaram variação no pcs de 4.349,2 a 4.866,6 cal/g (marupá e muirapiranga). Resíduos livres de extrativos de jarana e violeta verificou-se menores valores de pcs, 4.263,6 e 4.282 cal/g, respectivamente. Em amapá (4.384 cal/g) e muirapiranga (4.380 cal/g) a remoção dos extrativos mostrou pcs similar, e no marupá o maior poder calorífico (4.442 cal/g). Madeiras de amapá, angelim-pedra, jarana, muirapiranga e violeta quando removidos os extrativos apresentaram redução no pcs variando de 33 cal/g (amapá) a 486,6 cal/g (muirapiranga), sendo que no marupá ocorreu o aumento no pcs ~100 cal/g. Os solventes utilizados na remoção dos extrativos solubilizam óleos, ácidos resinosos e graxos, esteróides, terpenos, sais inorgânicos, polissacarídeos de baixa massa molar, e compostos fenólicos. Alguns compostos possivelmente têm em sua estrutura cadeias de carbono que elevam a combustão, portanto a remoção afeta em menor pcs, como se verificou para a maioria dos resíduos. Em marupá, a remoção resultou no aumento do pcs, indicando a lixiviação de compostos que inibem a incineração.
CONCLUSÕES:
O estudo do poder calorífico de madeiras vem sendo desenvolvido desde 1989 pelo grupo de pesquisa “Caracterização tecnológica da madeira na Amazônia” e representa o esfoço em conjuto dos pesquisadores na contribuição de informações técnicas de espécies até então desconhecidas. Resultados aqui apresentados são inéditos ou sem registro na literatura, quanto ao poder calorífico de amostras livre de extrativos. Conclui-se que a remoção dos extrativos pode influenciar negativamente na produção de energia com os resíduos estudados. Portanto, não é indicado esta remoção, que diminuem consideravelmente o pcs dos resíduos e ainda a inviabilidade técnica e econômica do processo.
Palavras-chave: Madeiras da Amazônia, química da madeira, Biomassa.