65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia Geral - 1. Biologia da Conservação
ARANEOFAUNA DE UM FRAGMENTO DE VEGETAÇÃO URBANA ANTROFIZADO EM FORTALEZA, CEARÁ
RAUL AZEVEDO - Departamento de Ciências Agrárias,Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri.
JOSÉ LUCAS ALVES FERREIRA, - Departamento de Ciências Agrárias,Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri.
KAMILLA GONÇALVES DE MENEZES - Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Ceará.
RAISSA AGUIAR BARBOSA - Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Ceará.
Alysson Guedes Coutinho - Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Ceará.
Luis Gonzaga Sales Júnior - Professor Msc./ Orientador, Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual
INTRODUÇÃO:
As aranhas constituem um grupo com alta diversidade de espécies e abundância relativa elevada, com alta taxa de adaptação aos diversos tipos de ambientes e ecossistemas existentes e com relativa facilidade de amostragem. Com 43.678 espécies, as aranhas exercem no ambiente natural e principalmente em ecossistemas florestais, o controle biológico de comunidades de insetos e de outros artrópodes. A vegetação cria microclimas e habitats que possibilitam a existência de diversas comunidades de artrópodes, de modo que a riqueza de porções individuais de uma paisagem ou fragmentos são relevantes para a riqueza de espécies da paisagem. Diversos trabalhos têm mostrado que modificações de origem antrópicas na vegetação e em ecossistemas influenciam as comunidades de aranhas, bem como tendem a reduzir a vegetação original à fragmentos. Apesar dos efeitos da fragmentação de ecossistemas serem bem delimitados em comunidades de aranhas por diversos autores, percebe-se uma carência de informações sobre os efeitos da fragmentação de ecossistemas urbanos em comunidades de aranhas e estudos se fazem necessários para mensurar como ação antrópica afetará as comunidades locais desses aracnídeos em áreas urbanas
OBJETIVO DO TRABALHO:
Os objetivos do trabalho são caracterizar os efeitos resultantes da fragmentação de vegetação urbana em comunidade de aranhas (Arachniida: Araneae).
MÉTODOS:
O presente trabalho foi realizado em um fragmento de Tabuleiro Litorâneo antropizado, no município de Fortaleza, Ceará (3°47'42.08"S; 38°33'32.89"W), durante o período de agosto de 2010 a julho de 2011. A área de pesquisa é caracterizada pela presença de edificações científicas, e a vegetação presente constitui-se de árvores frutíferas e arbustos, bem como campos de gramíneas, e poucos elementos que configuram a vegetação de tabuleiro original. A amostragem da fauna foi realizada por meio de 12 coletas mensais, utilizando-se armadilhas do tipo Pitfall trap, contendo uma solução de 30% de monoetileno glicol à 30% e 70% de álcool à 70%, operantes por 7 dias e espaçadas entre si por 10metros. Cada armadilha foi considerada uma unidade amostral, totalizando 50, e somente os indivíduos adultos foram incluídos nas análises. Foram calculados os Estimadores de Riqueza Chao II e Jack-Knife II e os Índices de Diversidade de Shannon e Simpson.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram coletados 1238 indivíduos, pertencentes à 18 famílias, totalizando 52 espécies. As espécies que obtiveram maior freqüência relativa foram Leprolochus sp.1 e Trochosa sp.1. As famílias em que se coletaram mais espécies foram Salticidae e Theridiidae, bem como o mês em que foram coletadas mais espécies foi fevereiro. As curvas geradas pelos estimadores de riqueza Chao II e Jack-Knife II exibiram tendência a se estabilizar com 73 e 78 espécies respectivamente, indicando que mais de 50% da fauna local foi amostrada. O Índice de Simpon não exibiu diferenças significativas ao longo dos meses, contrariamente ao Índice de Shannon. Áreas urbanas tendem a abrigar mais espécies devido a heterogenidade ambiental existente,de modo que as comunidades de aranhas são influenciadas pela diversidade ambiental, e pela antropização e suas alterações ambientais. A abundância elevada de espécies como Leprolochus sp.1pode ser considerada um indício de área degradada. Do mesmo a abundância elevada dos licosídeos (Lycosidae) refletem o estado de fragmentação e aumento de áreas abertas, visto que os indivíduos dessa família têm preferência por áreas abertas.
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos nos levam a concluir que o estado de preservação da área decorrente do processo de fragmentação existente, influenciou diretamente a composição da fauna de aranhas amostrada. A pouca diversidade vegetal existente na área, bem como a ausência de serapilheira contribuiu para a baixa ocorrência de grupos arborícolas e tecedores de teia. A abundância elevada dos indivíduos de Leprolochus sp. (Zodariidae) e dos indivíduos amostrados de Lycosidae podem ser um indicativo de formação de fragmentos de ecossistemas e pouca diversidade vegetal associada ao processo de antropização. Estudos mais concisos se fazem necessários a fim de que possa delimitar melhor os efeitos da fragmentação de ecossistemas em áreas urbanas e preservar a biodiversidade local.
Palavras-chave: Aranhas;, Fragmentos;, Indicadores de áreas degradadas.