65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
ALGUNS ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS RELACIONADOS A PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCOLARES DE FORMOSA,GO
Carlos Henrique Gonçalves Angeluci - Prof. Ms/Orientador- Depto. Áreas Acadêmicas IFG
Nadjania Saraiva de Lira Silva - Licenciatura em Ciências Biológicas- IFG
INTRODUÇÃO:
A análise das condições sócio econômicas da população, assim como seu grau de informação a respeito de cuidados básicos com os aspectos de higiene pessoal são fatores importantes na prevenção de várias parasitoses. As enteroparasitoses têm uma extensa distribuição geográfica e ocorrem com maior intensidade nos países em desenvolvimento. Isso decorre, principalmente, das precárias condições sanitárias (MASCARINI; DONALÍSIO, 2006). Santos et al. (2007) atentam para a elevada prevalência de parasitoses intestinais no Brasil, principalmente nas populações de baixo nível socioeconômico. Um trabalho realizado numa região do sertão baiano encontrou prevalência parasitária em alto grau, associada com as más condições econômicas e sociais predominantes na região estudada (SANTOS-JUNIOR et al., 2006). Nos países subdesenvolvidos as parasitoses intestinais atingem índices de até 90%, ocorrendo um aumento significativo da freqüência à medida que piora o nível socioeconômico (CHERTER et al.,1995). Pesquisas populacionais sobre parasitos intestinais foram realizados em diversas regiões do Brasil e mostram frequências bastante diferentes, de acordo com as condições locais de saneamento e características da amostra analisada (LUDWIG et al.,1999). Experimentos sugerem que programas de controle de parasitos são apropriados e socialmente vantajosos porque as pessoas realmente observam os efeitos dos cuidados com a saúde e aprendem medidas simples sobre prevenção (WHO,1987).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Inventariar as condições socioeconômicas em que vivem as famílias dos escolares estudados e avaliar o grau de conhecimento de seus responsáveis a respeito das parasitoses intestinas, seus métodos de transmissão e as medidas preventivas contra essas infecções. Além disso, a pesquisa pode servir como auxiliar na proposição de campanhas públicas de prevenção e esclarecimento à população.
MÉTODOS:
A pesquisa foi desenvolvida através de questionários, respondidos por escolares na faixa etária entre 6 a 12 anos e por seus respectivos responsáveis. Para a coleta dos dados foram escolhidas duas escolas Municipais de Formosa-GO: Marileila Alves dos Santos e Padre Geraldo Gloudemans, totalizando 137 indivíduos. O levantamento dos dados ocorreu no período de outubro de 2011 a maio de 2012 .Foram analisadas as condições socioeconômicas, grau de escolaridade dos responsáveis, grau de conhecimento, atitudes e percepção da população local sobre parasitoses além de outras questões, incluídas em um questionário totalizando 20 perguntas referentes ao tema.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Segundo o que foi obtido através das entrevistas 67,8% das crianças possuem o hábito de lavar as mãos antes das refeições e 79% delas disseram lavar as mãos após o uso do banheiro. 7,8% dos escolares tem o hábito de comer alimentos crus, 88,3% disseram lavar frutas e verduras antes de comê-los. 73,7% possuem o hábito de brincar em terra e andar descalço. 78,1% bebem água filtrada, 35,1% das crianças nunca fizeram exames parasitológicos de fezes e 26% delas nunca haviam tomado nenhum tipo de vermífugo. Com relação às moradias 94% delas possuem água encanada porém, somente 55% delas possuem coleta de esgoto, sendo que, no restante das casas o esgoto é destinado a fossas negras, este número está acima do indicado pelo Instituo Mauro Borges (SEPLAN, 2010), onde somente cerca de 32.241 habitantes teriam acesso à coleta, aproximadamente um terço da população da área urbana. 92% das casas possuem coleta regular de lixo. Quanto aos aspectos socioeconômicos, 30% dos entrevistados moram em residências com mais de 4 indivíduos por casa, 17,6% das famílias possuem rendimento total igual ou menor que um salário mínimo, 87% dos responsáveis entrevistados disseram não possuir conhecimentos sobre parasitoses e, somente 1% dos responsáveis disseram ter participado de alguma campanha pública de prevenção de parasitoses, porcentagem que ratificam a afirmação de Tavares-Dias; Grandini (1999).
CONCLUSÕES:
A pesquisa constatou uma grande deficiência da população com relação aos conhecimentos sobre a transmissão de parasitoses, juntamente com a falta de um programa público de prevenção dessas infecções. A distribuição de água tratada no município está de acordo com informações fornecidas pela companhia de abastecimento estadual - SANEAGO (com. pessoal,2011), atendendo quase 95% das residências porém, a coleta de esgoto é insuficiente e pode vir a se tornar um problema futuro de contaminação uma vez que, em quase dois terços das moradias do município o esgoto é destinado a fossas negras, podendo haver percolação do material e contaminação do lençol freático. Outro aspecto importante a ser considerado é o fato de que mais de um terço das crianças nunca haviam feito nenhum tipo de exame parasitológico evidenciando negligência por parte da saúde pública, o que confirma as constatações de Gioia (1995) e Ludwig (1999): "o equacionamento das problemáticas esbarra na falta de programas educativos capazes de envolver as comunidades, fundamentais para a mudança de hábitos e crenças que contribuem para os mecanismos de transmissão dessas doenças e que, muitas vezes, representam fatores de subdesenvolvimento social".
Palavras-chave: enteroparasitoses, crianças, saneamento.