65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
O uso de Tecnologia Digitais no Colégio Comendador Soares para o Enfrentamento da violência escolar – a criação de um @book para a comunidade.
Carmen Lucia Guimarães de Mattos - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Riselda Maria Franca Oliveira - Colégio Comendador Soares
Tânia Maria Rafael Machado - Colégio Comendador Soares
Marcelo Alex de Oliveira Candido Maria Soares - Colégio Comendador Soares
Tatiana Bezerra Fagundes - Universidade do Estado de Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO:
O aumento da violência na sociedade contemporânea é protagonizado nas instituições educacionais nas relações interpessoais não só local, mas global. A Escola como um espaço interativo é, portanto, um dos loci da reprodução da violência.
Violência na escola é de difícil definição, pois, não somente remete aos fenômenos heterogêneos, difíceis de delimitar e de ordenar, com também as desestruturas e representações sociais que tem valor fundador, como aquelas aprendidas na infância, nos primeiros anos escolares e a em sociedade, que atuam sobre as ações necessárias à convivência em um regime democrático. Além disso, o significado de violência não é consensual e varia em função do estabelecimento escolar, do status de quem fala, da idade e, provavelmente, do sexo.
Guimarães (1996), descreve que é possível haver uma compreensão descentralizadora na análise dos fenômenos escolares e que a escola não pode ser vista apenas como produtora das experiências de opressão, de violência de conflitos, advindas da macroestrutura social (p.77), pois, as escolas também produzem sua própria violência.
Os atos de violência envolvem tanto o corpo discente como os alunos e eles, não estão implícitos no cotidiano escolar. A violência é difusa por toda a sociedade e repercute nas escolas, que muita vezes se omite à crítica institucional e falha em comunicar como se estrutura a cultura da violência.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Um dos objetivos da pesquisa que originou este texto foi: identificar e estudar as imagens: percepções, fotos, filmes e narrativas, produzidas por alunos do Ensino Fundamental relacionadas as categorias gênero e pobreza que orientam as diferentes formas interativas entre alunos e professores. Buscou-se, ainda, entender os fatores e formas interativas que levam a violência escolar.
MÉTODOS:
O objeto de estudo deste texto é a violência escolar. Este tema surgiu das análises dos dados originários da pesquisa etnográfica intitulada “Gênero e Pobreza: Práticas, Políticas e Teorias Educacionais - Imagens de escolas” desenvolvida por Pesquisadores do Núcleo de Etnografia em Educação (NETEDU/UERJ) e por alunos e professores do C.E. Comendador Soares, da rede pública, localizado em Nova Iguaçú, no Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa foi realizada a partir de observação participante, fotos, filmes e entrevistas, com os alunos (as), dos diversos seguimentos da educação básica. Frente ao resultado inicial da pesquisa decidiu-se estudar a questão da violência escolar. Reuniu-se um grupo de seis alunos do 9º ano, formado por quatro alunos e duas alunas, das respectivas turmas: 902 e 903. As questões que orientaram esta fase da pesquisa foram: Como pensam os alunos e alunas da situação de violência na escola? Como a relação professor – aluno em sala de aula se dá a luz da questão da violência escolar? Que escola, se quer ter com esse tipo de interação? Quais os motivos que levam a violência escolar? O que pode ser feito para se minimizar o impacto da violência escolar no desempenho dos alunos?
A professora de língua Portuguesa solicitou que cada aluno envolvido escrevesse o seu texto respondendo a essas questões. Após a construção de cada texto decidiu-se confeccionar cartazes que formariam a base para o desenvolvimento de uma cartilha digital.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os relatos sobre as percepções dos alunos em relação a violência escolar sugerem que, dentre as formas interativas utilizadas pelos atores sociais perpetres da violência, a linguagem, as troca simbólica e a força física foram as maneiras mais utilizadas para o exercício da violência na escola. A violência foi tratada como vontade de destruir, de avaliar preconceituosa e pejorativamente, atormentar, dentre outros. Os alunos pensam que uma das formas para minorar esses problemas seria o investimento da escola na Educação para a Paz. De acordo com Guimarães (2005,p.28) os estudo para a paz, oferecem espaços para a argumentação positiva, para interpretar os sentidos e significados da não violência. Os alunos e professores compreenderam que um documento escrito pelos membros da escola para a comunidade escolar e seus arredores pode contribuir e oferecer aos profissionais de educação e famílias dos alunos uma proposta educativa para o desenvolvimento e avanço de novos paradigmas para o exercício da democracia na escola.
CONCLUSÕES:
Uma das conclusões deste estudo foi que a escola – alunos e professores percebem sobre as diversas formas pelas quais as interações e ordenações de gênero e a situação de pobreza pode levar a reprodução de relações sociais que geram e multiplicam a violência no interior da escola e fora dela. Foram unânimes em perceber que as diversas formas de violências na escola afetam sobremaneira as relações escolares e com isso, também o desempenho dos alunos. Eles entendem que uma Educação pela Paz pode ser uma das saídas para minimizar a violência escolar e decidiram criar uma cartilha eletrônica com textos que eles próprios escreveram para comunicar e alertar a comunidade escolar e seus arredores sobre as dificuldades que escola enfrenta em relação a violência e esclarecer que para enfrentar a violência escolar não somente a escola, mas a comunidade devem fazer um esforço coletivo para esse enfrentamento.
Palavras-chave: Educação, Violência Escolar, Gênero e Pobreza.