65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE O COMPORTAMENTO DO EMPURRADOR
KARINA DE CARVALHO DA SILVA - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM NEUROPSIQUIATRIA E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO-UFPE.
VANESSA CAVALCANTI VIEIRA MELO - DEPTO. DE FISIOTERAPIA- UNICAP
DAVID PLÁCIDO LOPES - DEPTO. DE FISIOTERAPIA-UNICAP
INTRODUÇÃO:
O comportamento do empurrador (CE) é uma alteração postural do corpo em relação à gravidade, na qual os pacientes apresentam uma característica peculiar de se empurrar lateralmente para o lado hemiplégico/hemiparético utilizando o membro não afetado. Isso ocorre devido ao fato de os pacientes possuírem uma percepção alterada do próprio corpo em relação ao centro de gravidade. Tal comportamento implica perda do equilíbrio, aumento do risco de quedas e dificuldade na independência na marcha. Embora o AVC seja a causa mais comum, o CE também está associado a outras etiologias como traumatismos cranianos e tumores cerebrais. Devido às suas limitações, pacientes com o CE são muitas vezes interpretados como incapazes para a reabilitação e pouca importância é dada pelos profissionais da área de saúde. Entretanto, estudos apontam que o CE tem um bom prognóstico e apresenta sintomas reversíveis. Dessa forma, o conhecimento satisfatório sobre o CE, ajudaria na identificação precoce das características do mesmo e, dessa forma, levaria a um tratamento mais específico, consequentemente, esses pacientes apresentarão um melhor prognóstico e retornarão mais rapidamente a sua independência nas atividades de vida diária (AVD`s).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o nível de conhecimento dos profissionais de saúde que realizam atendimento de pacientes neurológicos, a nível hospitalar, a respeito do Comportamento do Empurrador (CE).
MÉTODOS:
Aplicou-se um questionário com 45 profissionais de saúde vinculados ao serviço de Neurologia do Hospital da Restauração (HR) e do Hospital Getúlio Vargas (HGV), ambos localizados em Recife-Pernambuco. O questionário foi dividido em duas partes: a primeira parte, composta por perguntas aos dados pessoais do entrevistado (sexo, profissão e tempo de formação), além de questão sobre o conhecimento CE. Posteriormente, apenas os profissionais que afirmavam conhecer o CE, procediam para a segunda parte do questionário no qual constavam perguntas específicas, tanto objetivas quanto subjetivas, sobre o CE. Após ter respondido o questionário, os participantes receberam um informativo, sobre o CE, baseado nas perguntas presentes no próprio questionário. Foram aplicados os testes t-Student, o teste qui-quadrado de proporções e qui-quadrado, e, quando, necessário Fisher. Todas as conclusões foram tomadas ao nível de significância de 5% (p<0.05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos 45 profissionais, apenas 16 conheciam o CE. Seria esperado que mais profissionais informassem conhecer a referida síndrome, não só por serem profissionais que trabalham diretamente com pacientes neurológicos, mas também por ser uma síndrome amplamente relatada na literatura. Deste universo de 16, 68.8% associaram as causas típicas do CE ao AVC; entretanto, o traumatismo cranioencefálico e o tumor cerebral foram referidos por menos de 13% dos profissionais. Dessa forma, devido ao pouco conhecimento, os profissionais poderão comprometer o tratamento desses pacientes que já apresentam o CE associado, uma vez que poderiam reforçar os padrões patológicos do CE. Quanto à estrutura ou sistema lesionado, o tálamo pósterolateral foi apontado por apenas 20% dos profissionais. Estudos apontam que a estrutura encefálica mais frequentemente envolvida com o desequilíbrio postural do CE é o tálamo, sobretudo a região pósterolateral, devido a sua grande relação com a orientação do corpo humano na postura vertical. Finalmente, dentre as características clínicas, as mais citadas foram: o centro de gravidade está deslocado para o lado sadio (31.3%) e, quando o paciente encontra-se sentado, ocorre alongamento do lado hemiplégico (31.3%).
CONCLUSÕES:
Constatou-se que poucos foram os profissionais de saúde que se disseram conhecedores do CE e, destes, o conhecimento pode ser considerado insuficiente e, alguns aspectos, contraditórios.
Palavras-chave: síndrome de pusher, hemiparesia, doenças cerebrovasculares.