65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA, ANTIMICROBIANA E CITOTÓXICA DA PRÓPOLIS VERMELHA DO ESTADO DE ALAGOAS
Thierry José Oliveira Sena - Depto. de Ciências Exatas e da Terra – UNEAL
Kelly Barbosa da Silva - Depto. de Ciências Exatas e da Terra – UNEAL
José Aparecido Silva Santos - Depto. de Ciências Exatas e da Terra – UNEAL
James Cleudson Barbosa Farias - Depto. de Ciências Exatas e da Terra – UNEAL
Larissa Isabela Oliveira de Souza - Doutoranda em Biociências e Biotecnologia em Saúde /CPqAM-FIOCruz
Aldenir Feitosa dos Santos - Profa. Dra./ Orientadora - Depto. de Ciências Exatas e da Terra - UNEAL
INTRODUÇÃO:
Dentre a imensa diversidade de produtos naturais com ação fitoterápica de uso popular, encontra-se a própolis vermelha, que de acordo com relatos possui ação antiinflamatória, cicatrizante, anestésica e antitumoral. A própolis é uma resina coletada por abelhas Apis mellifera em diversas partes das plantas, é utilizada pelas abelhas tanto de forma estrutural quanto para defesa frente a insetos e microrganismos. A própolis Vermelha encontra-se predominantemente em algumas regiões do nordeste, como no estado de Alagoas. A grande biodiversidade brasileira e a possibilidade de acesso com baixo custo têm se tornando um dos fatores que fazem dos produtos naturais e posteriormente seus subprodutos uma alternativa significativa na busca por novas fontes terapêuticas de origem natural. Inúmeras pesquisas direcionadas aos produtos naturais com ação bioativa vêm sendo realizada, com o intuito de descobrir novas substâncias que possam ser empregada no tratamento e prevenção de patologias diante da resistência adquirida por alguns microorganismos (bactérias ou fungos) mediante os medicamentos comumente utilizados no seu combate ou controle. Desta forma tais produtos são essenciais para produção de novos fármacos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A presente pesquisa teve o objetivo de avaliar a importância biológica do extrato etanólico da própolis vermelha através do estudo de sua ação antifúngica frente à Candida Krusei, antimicrobiana frente cepas de Staphylococcus aureus, Escherichia coli e toxidade frente às larvas de Artemia salina, além da identificação de constituintes químicos.
MÉTODOS:
O extrato da própolis vermelha foi obtido por maceração etanólica por 24 horas com secagem em rotaevaporador. No teste antimicrobiano e antifúngico foram utilizadas bactérias Staphylococcus aureus, Escherichia coli e fungo Candida Krusei, os testes foram realizados pelo método de difusão de disco de papel em triplicata. Em placa de Petri contendo Ágar Mueller Hinton adicionou-se isolados bacterianos e placa de Ágar Sabouraud isolados fúngicos, foram aplicados discos de papel estéreis de 6 mm embebidos em 20 µL da solução do extrato etanólico nas concentrações de 25, 50, 75 e 100mg/mL. As placas foram incubadas por 24 horas a 37 ºC. Após incubação, foi considerada atividade antibiótica halos superiores a 7 mm. Já no teste toxicológico o extrato (20 mg) foi dissolvido em 2 mL de solvente apropriado e dessa solução, amostras de 5, 50 e 500 μL foram transferidas, em triplicata, para os frascos de 5 mL. Após a remoção do solvente, uma solução salina (0,38 g/L, 5 mL) foi adicionada em cada frasco, resultando em concentrações finais de 10, 100 e 1000 μg/mL. Larvas nauplii de A. salina (10 por frasco) foram adicionadas e após 24 h de contato, os sobreviventes foram contados. A triagem fitoquímica foi realizada através de uma metodologia já descrita na literatura com adaptações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Através do teste de toxidade foi observado que a própolis vermelha de Alagoas sob a forma de extrato etanólico foi considerada atóxica frente à Artemia salina nas concentrações testadas (200, 400, 600, 800 e 1000 μg/mL). Os resultados da avaliação antimicrobiana do extrato etanólico da própolis apresentou atividade inibitória em todas nas concentrações de 25mg/mL (halo 10,67), 50mg/mL (halo 13), 75mg/mL (halo 15,57) e 100mg/mL (halo 13) frente a bactéria Staphylococcus aureus, sendo que a concentração 75mg/mL demonstrou maior sensibilidade. O extrato etanólico da própolis não apresentou atividade frente bactérias gram-negativas (Escherichia coli). Já para avaliação antifúngica do extrato frente à Candida krusei a concentração 50mg/mL(halo 12,4) foi a que apresentou maior sensibilidade. Tais resultados relevam a importância de pesquisas que proporcionem a procura de novos antibióticos, já que muitos microorganismos apresentam resistência a alguns medicamentos comercializados. Mediante o teste de triagem fitoquímica foram identificados no extrato etanólico da própolis a presença dos seguintes constituintes químicos: flavononas, xantonas, triterpenóides pentacíclicos livres e flavonóis.
CONCLUSÕES:
Diante dos resultados adquiridos foi possível concluir que a própolis vermelha alagoana pode ser considerada uma potencial fonte de substâncias ativas, com ação antimicrobiana frente à Staphylococcus aureus e ação antifúngica, além de demonstrar ser atóxica nas concentrações testadas e a presença de constituintes químicos como flavononas, xantonas, triterpenóides pentacíclicos livres e flavonóis. Desta forma fica evidente a grande importância da espécie própolis vermelha como produto natural atribuindo de grande importância biológica.
Palavras-chave: Produtos naturais, Bactérias, Fármacos.