65ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia |
DIETA DE TRÊS ESPÉCIES DE LAGARTOS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DE SERGIPE |
Adriano da Cunha Lima - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe. Mayara de Lima Mota - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe. Rafael Júnio de Oliveira Lima - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe. Rony Peterson Santos Almeida - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe. Maria Aldenise Xavier - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe. Eduardo José dos Reis Dias - Prof. Dr./ Orientador. Depto. de Biociências, UFS. |
INTRODUÇÃO: |
A dieta de qualquer espécie está relacionada aos aspectos da ecologia local de suas populações e à história evolutiva do táxon (Carvalho et al. 2007). A ecologia alimentar de lagartos varia para cada comportamento juntamente com características morfológicas e fisiológicas, caracterizando o modo de seu forrageio, a importância da alimentação e os diferentes itens consumidos, tudo isso está relacionado ao tipo de ambiente que o animal vive. Fatores bióticos e abióticos, como também seu modo de forrageio, implicarão em sua dieta, diferenciando a forma de detecção da presa, e diferenças na composição alimentar, pois o individuo não irá se alimentar de todo os recursos existentes no ambiente. O alimento é um componente importante e dinâmico das interações entre populações de lagartos e seus ambientes (Duffield e Bull 1998). A sobreposição de nicho estabelece a relação da divisão de habitat e alimentos por membros de uma guilda. A coexistência entre essas espécies tende a levar a uma maior utilização dos recursos presentes no mesmo ambiente, assim quanto maior for a sobreposição de recursos maior é a tendência a competição. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
O principal objetivo é analisar a dieta de Norops fuscoauratus, Psychosaura macrorhyncha e Coleodactylus meridionalis ao longo do gradiente de variação ambiental em um fragmento de Mata Atlântica no Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco, município de Capela no estado de Sergipe. |
MÉTODOS: |
As atividades foram realizadas no Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco, (10°32’23”S e 37°03’43”’W). As atividades de campo foram desenvolvidas de 23/01/13 a 01/02/2013. Os lagartos foram coletados por busca ativa por tempo determinado, seguindo o gradiente de variação ambiental da borda para o interior da mata. Em laboratório os lagartos foram dissecados e seus conteúdos estomacais analisados sob estereoscópio. Os itens identificados ao nível taxonômico de ordem e medidos seu comprimento e largura com paquímetro eletrônico (precisão 0,01mm) para obtenção do seu volume. Para cada espécie de lagarto foi calculado o índice de importância das presas pela análise ponderada do seu número, volume e frequência. Adicionalmente foi calculada a largura do nicho alimentar e sobreposição na dieta das três espécies de lagartos. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Foram analisados 11 espécimes de lagartos (Norops fuscoauratus – N = 4; Psychosaura macrorhyncha – N = 3 e Coleodactylus meridionalis - N = 4). Norops fuscoauratus se alimentou de Coleóptera (50%), Aranha (50%), Isoptera (25%) e Hymenoptera (25%). Psychosaura macrorhyncha se alimentou de aranha (66%), casulo de inseto (33%), ovo de lagarto (33%) e material vegetal (66%). Coleodactylus meridionalis teve em sua dieta Isoptera (25%), aranha (25%) e pseudo-escorpião (25%). As aranhas constituem o item alimentar comuns as três espécies de lagartos. Isso provavelmente deve-se ao fato das aranhas serem animais bem distribuídos ao longo de todo o ambiente por apresentarem grande diversidade biológica nos diferentes estratos da mata. Quanto à largura do nicho Norops fuscoauratus teve um resultado de B = 2,2; P. macrorhyncha de 3,2 e C. meridionalis de 2,2 a sobreposição foi apenas quanto ao item aranha. |
CONCLUSÕES: |
As três espécies de lagartos estiveram bem distribuídas ao longo dos diferentes habitats da Reserva Mata do Junco, entretanto cada uma delas ocupou microhabitas específicos. Norops fuscoauratus é um animal arborícola, já Psychosaura macrorhyncha e Coleodactylus meridionalis são forrageadores de folhiço, mas diferem fundamentalmente no tamanho das presas ingeridas, pois C. meridionalis é uma das menores espécies de lagartos registradas para o Brasil. Estas diferenças em uso de microhabitats e tamanho corporal provavelmente são as variáveis que afetaram o padrão alimentar das três espécies, gerando as diferenças observadas. |
Palavras-chave: Lagartos, Dieta, Mata Atlântica. |