65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
Estrutura diamétrica da população arbórea e regenerante de Coffea arabica L. em um fragmento florestal urbano de floresta estacional semidecidual Montana em Minas Gerais.
Diego Raymundo Nascimento - Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora
Cassiano Ribeiro da Fonseca - Universidade Federal de Juiz de Fora
Pablo Salles de Brito - Universidade Federal de Juiz de Fora
Norberto Emidio de Oliveira Neto - Universidade Federal de Juiz de Fora
Fabrício Alvim Carvalho - Professor adjunto no Departamento de Botânica - UFJF
INTRODUÇÃO:
A economia agrária de Juiz de Fora do século XIX, teve como principal atividade econômica a cultura do café (Coffea arabica L), que gerou uma considerável soma de recursos e um significativo crescimento de outras atividades de cunho urbano centradas na cidade de Juiz de Fora. O hoje a cidade é o maior núcleo urbano da Zona da Mata Mineira.
Porém, a medida em que a cafeicultura nacional passava por uma grave crise que se iniciava a partir de 1896, seus reflexos no município foram rapidamente sentidos, com surgimento de outras atividades econômicas rurais, por exemplo a criação extensiva de gado.(DESTRO,2006).Os processos de desmatamento e fragmentação em florestas atlânticas tem sido bem reportados desde o início do século XVI (DEAN, 1995), porém a zona da mata mineira, tem sofrido intenso desflorestamento ao longo dos três últimos séculos, desde o abandono do cultivo do café e posteriormente com a criação de gado, e hoje com a criação dos núcleos urbanos, gerando uma intensa degradação de solos e perda da qualidade ambiental na região.(PIFANO et al, 2007; CAMPANHA et al, 2007).
Com o abandono das atividades agrícolas no fragmento, há aproximadamente 70 anos, a mata do Krambeck (Jardim Botânico da UFJF) vem se regenerando sem intervenção antrópica desde então.(COSTA E SILVA et al., 2011).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve por objetivo, caracterizar a população de Coffea arabica em um fragmento florestal localizado no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora, de acordo com a estrutura diamétrica, possibilitando uma análise mais abrangente da área estudada e visando também, aumentar o conhecimento a respeito da ecologia do fragmento.
MÉTODOS:
A área de estudo está localizada no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora e possui cerca de 80 ha. A vegetação é classificada como Floresta Estacional Semidecidual Montana (VELOSO et., al., 1991).O JB-UFJF e integra o remanescente florestal denominado “Mata do Krambeck”, uma extensa mancha de Floresta Atlântica(ca 370 ha) no perímetro urbano da cidade.
Para amostragem dos indivíduos arbóreos, foram alocadas parcelas de 20 x 20 m e dentro de cada parcela uma de 5 x 5 m, para análise dos indivíduos regenerantes. Em seguida foram sorteadas as 25 parcelas, distribuídas aleatoriamente no fragmento, totalizando uma área amostral de 1 ha para o extrato arbóreo e 625 m para o regenerante.
Todos os indivíduos vivos (exceto lianas) e mortos em pé, nas parcelas de 20 x 20 com DAP ≥ 5 cm (DAP = diâmetro à altura do peito a 1,30 m acima do nível do solo) e nas parcelas de 5 x 5 m com DAP < 5 cm e altura superior a 1 m, foram medidos quanto ao DAP e altura, e identificados.
Foram realizadas análises de distribuição diamétrica para população de C. arábica L., expressas em gráficos com intervalos fixos (classes de diâmetro). Os gráficos foram criados no programa Microsoft Office Excel 2007, utilizando-se os ajustes logarítmicos para as respectivas curvas de tendências.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A comunidade regenerante amostrada teve o total de 825 indivíduos amostrados, e houve uma predominância de 60% (498 indivíduos) de café. Já na comunidade arbórea, foram amostrados, no total, 1776 indivíduos, sendo que destes, 34 eram da espécie C. arabica, o que corresponde a 1,9% do total. Os resultados encontrados indicam uma tendência da permanência de C. arabica no estrato regenerante, porém a espécie não se mostrou competitiva quando analisada no estrato arbóreo, apresentando uma baixa abundância.
Analisando-se a estrutura diamétrica, os indivíduos da regeneração foram divididos em cinco classes diamétricas de 0,5 cm cada, com diâmetros variando de 0,2 a 7 cm. Os indivíduos arbóreos foram agrupados graficamente em 4 classes de 1 cm cada, e os diâmetros variaram de 16 a 28,5 cm. Pode-se perceber que a maioria dos diâmetros na regeneração, está concentrada nas primeiras classes (87,14%), assim como na estrutura arbórea (75,75%). A distribuição gráfica exponencial teve o formato de “j” reverso, típico de florestas heterogêneas, demonstrando que a comunidade é auto-regenerante. (HARPER, 1990).
CONCLUSÕES:
A partir da análise dos dados, podemos perceber que a população de café tende a se auto-regenerar e se manter na comunidade. A predominância dessa espécie em florestas semideciduais é preocupante em termos de conservação da biodiversidade. Uma vez que ela compete por recursos com espécies nativas, o entendimento da estrutura dessa população e da comunidade em geral, é fundamental para manutenção e preservação do sistema ecológico.
Palavras-chave: Conservação, Estrutura Demográfica, Café.