65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE PALMEIRAS NATIVAS EM ÁREAS DE CAMPINA, CAMPINARANA E FLORESTA DENSA NO OESTE DO ESTADO DO ACRE
Gisele Francioli Simioni - Mestranda em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais - UFAC
André de Almeida Silva - Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente - UNIR
Evandro José Linhares Ferreira - Pesquisador, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA/Núcleo do Acre
Márcia Ribeiro Denicol - Mestranda em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais - UFAC
INTRODUÇÃO:
A fitofisionomia da região amazônica inclui, além das florestas tropicais abertas e densas, outras formações pouco conhecidas e com distribuição restrita, como são os casos das Campinas e Campinaranas. As Campinas caracterizam-se pela vegetação rala, aberta, e quase arbustiva, sobre areia branca. Já as Campinaranas apresentam uma vegetação de porte maior e mais adensado ou ainda um ambiente de transição entre savanas e florestas. Além do Acre, essas tipologias, pouco conhecidas sob o ponto de vista da diversidade florística, estão presentes nos estados do Amazonas, Rondônia, Roraima. As palmeiras (Arecaceae) são um grupo de plantas que ocorrem em todos os biomas brasileiros e na Amazônia é uma das famílias botânicas mais importantes pelo seu papel ecológico e importância socioeconômica para os habitantes desta região. A diversidade de palmeiras no Brasil é estimada em 40 gêneros e 250 espécies, sendo que 35 gêneros e 150 espécies são encontrados na Amazônia. Pouco se sabe sobre a ocorrência de palmeiras em áreas de Campinas e Campinaranas. A fragilidade desses ambientes e a limitação de sua ocorrência na região sugerem que a realização de estudos para conhecer a composição das espécies vegetais nos mesmos é importante para planificar de forma eficiente seu manejo e conservação.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho foi realizado com o intuito de determinar a composição florística de palmeiras em áreas de Campina, Campinarana e Floresta Densa no entorno dessas áreas nas cercanias da cidade de Cruzeiro do Sul, no extremo Oeste do Estado do Acre.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado em um complexo vegetacional sobre areia branca localizado ao longo da rodovia BR-307, a cerca de 30 km da cidade de Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil. A temperatura média anual na região é de 24,4°C e os totais pluviométricos anuais variam entre 1.600 mm e 2.750 mm, sem uma estação seca bem definida, mas com três meses com menos de 100 mm de precipitação (julho a setembro). As tipologias vegetais predominantes na região são as Campinas, Campinaranas e Florestas Densas com variações fisionômicas sutis. O estudo foi desenvolvido em uma parcela do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio). Para os indivíduos com mais de 50 cm de altura e 2 cm de diâmetro foram definidas quatro parcelas de 10 x 25m (250 m2) instaladas ao longo da trilha linear principal de 5 km da parcela PPBio. Para indivíduos com mais de 50 cm de altura e mais de 2 cm de diâmetro, foram definidas parcelas de 1 x 10 m (10 m2) em cada uma das três tipologias florestais, totalizando 12 parcelas. A distância entre cada parcela foi maior que 25 m.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O resultado do levantamento indicou a ocorrência de 188 indivíduos pertencentes a 7 gêneros e 8 espécies de palmeiras. Na área de Campina ocorreu apenas Mauritiella armata, com 21 indivíduos. Na área de Campinarana ocorreram Iriartella setigera, Lepidocaryum tenue, Oenocarpus bataua, Oenocarpus sp., e uma espécie não identificada, totalizando 60 indivíduos. A área de Floresta Densa apresentou, além das espécies encontradas na Campinarana, uma espécie não identificada de Bactris e uma de Geonoma, totalizando 91 indivíduos. A espécie mais abundante no levantamento foi Lepidocaryum tenue, com 24 indivíduos na Campinarana e 67 em Floresta Densa. A espécie Mauritiella armata ocorreu apenas na área de Campina, onde o solo é extremamente arenoso e encharcado, um habitat típico da espécie. Iriartella setigera foi encontrada em área de Campinarana e Floresta Densa, embora seja típica do sub-bosque de florestas de terra-firme que ocorrem sobre solos bem drenados e úmidos. Lepidocaryum tenue foi mais numerosa no subosque da Floresta Densa, seu habitat preferencial em outras regiões da Amazônia. O resultado deste estudo corrobora levantamentos de palmeiras realizados no estado do Amazonas que encontraram diversidade mais alta em áreas de Campinarana e florestas de terra-firme.
CONCLUSÕES:
As tipologias Campinarana e Floresta Densa apresentaram maior diversidade de palmeiras por serem áreas com melhor estrutura vegetacional e um solo mais rico em nutrientes, em comparação com os solos extremamente arenosos e pobres das áreas de Campinas.
Palavras-chave: Areias Brancas, Arecaceae, Amazônia.