65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
ESSA ESCOLA TAMBÉM É MINHA / UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA A PARTIR DO PERTENCIMENTO DE ALUNOS, SERVIDORES, ÓRGÃOS PÚBLICOS E MORADORES DO ENTORNO DA ESCOLA.
Mariana Gomes da Fonseca - Depto de Área de Serviços - IFMT
Camila Kaziuk Pereira - Depto de Área de Serviços - IFMT
Maria Dalva de Souza Siqueira - Profa. MS./ Orientadora - Depto.de Área de Base Comum – DABC - IFMT - Cuiabá
INTRODUÇÃO:
A escola hoje no século XXI, muitas vezes esta cercada de muralhas altas, isolada da cidade, do mundo. Uma grande parcela de alunos de fora, filhos de migrantes, desconhecem a escola, sua história e sua vizinhança. Acredita-se que a violência contra o patrimônio escolar, público, sua degradação constante se deva a esse desconhecimento. NALINI (2001) cita que a questão ambiental está ligada a uma questão de conduta. A crise, segundo o autor, não é do ambiente, é de valores, onde a natureza é vista apenas como um meio e os objetivos do homem um fim. A harmonia do ambiente passa pela forma de percepção do local e da sociedade que cria e recria seus valores em relação ao ambiente. Não se ama o que não se conhece, não se respeita se não houver envolvimento. Essa experiência foi vivenciada numa estratégia de inserção da comunidade escolar no seu entorno percebendo o espaço geográfico numa categoria de lugar, com sentimento de pertença e responsabilidade continuada, mobilizando alunos e moradores do entorno a perceberem a escola com outros olhos. Pesquisa e ação resultaram na arborização da calçada do entorno da escola, feita pelos alunos e comunidade externa. Pesquisa se articulou com o ensino e numa interação forte, transformadora: escola, comunidade escolar e comunidade do entorno.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Promover e incentivar o envolvimento da comunidade escolar e do entorno. Contribuir para a formação de laços fortes de respeito com parcerias numa convivência harmoniosa. Perceber a produção do espaço como processo histórico construído e mantido pelos alunos e comunidade num envolvimento recíproco. Exercitar a responsabilidade em relação ao ambiente escolar de forma ativa e consciente.
MÉTODOS:
O grupo executor foi o terceiro ano médio integrado de técnico em eventos em 2012. Os conteúdos programáticos deram o embasamento teórico: Estatuto das Cidades, Plano Diretor da cidade de Cuiabá, Cartilha de normas das calçadas, Metamorfose do Espaço Urbano, arborização urbana. Foram feitas pesquisas bibliográficas sobre a história do instituto e as ruas do entorno, personalidades que deram nome às ruas, aula de campo no entorno da escola e uma enquete sobre a escola e seu entorno. Os departamentos ligados à manutenção da escola forneceram dados de consumo de luz, água e material de limpeza, transformados em tabelas e expostos em murais com os resultados das enquetes e fotos mostrando os descasos e depredações na escola. O projeto foi divulgado aos moradores do entorno e alunos líderes dos segundos anos, convidados para o plantio e adoção das árvores. Outros parceiros foram envolvidos: o Horto Florestal, o Setor de Parques e Jardins, Secretaria de Serviços Urbanos, técnicos para adequar espécies e normas de arborização. Foi criado a logo do projeto, os certificados e a cartilha, além dos cartazes sobre o cuidado com a escola. O plantio foi no dia da árvore na semana do aniversário da escola com a participação dos alunos, diretor, funcionários e moradores do entorno
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ao conhecerem o entorno, os alunos se surpreendem com marcas refletidas nas casas cuiabanas, eiras e beiras, o cemitério, a verticalização e novas funções das residências. A calçada como moradia entre os latões de lixo completa a representação da cidade pelas suas ruas, levando à reflexão a memória urbana de ANUNCIAÇÃO (2001) com valores e elementos históricos antigos e modernos. Chegou-se ao conceito de meio ambiente de José Ávila Coimbra (1979) que vê o homem social numa interação da qual depende a harmonia do ambiente. O desconhecimento do entorno se repetiu nas enquetes sobre a escola e ruas. Ficou visível uma nova percepção do local num pertencimento valorizado pela divulgação em murais, dos gastos com consumo e manutenção da escola. A temática ambiental incorporou questões éticas e culturais que influenciaram as ações dos alunos, funcionários e moradores vizinhos. HANNIGAN (2000) realça a importância da cultura e que risco ambiental para uns podem não ser para outros. Antes das mudanças ambientais, ocorrem as culturais de posturas. Os moradores do entorno conhecem a escola e alunos, assumindo com eles o plantio e manutenção de árvores na calçada. Novos envolvidos surgem: comerciantes, Igreja, agência bancária, moradores distantes, afinal a escola também é deles.
CONCLUSÕES:
O projeto - Essa escola também é minha - foi concluído, mas como um processo, as ações são mantidas pelos alunos e comunidade num envolvimento recíproco de responsabilidade continuada. Alguma coisa mudou em relação ao espaço público, sua preservação e utilização sustentável. Alunos de vários cursos, turnos e idades, funcionários administrativos de diferentes departamentos foram envolvidos em uma campanha de alerta sobre os gastos de consumo e manutenção da escola, dados de despesas, entrevistas e fotos de situações de depredação. A comunidade externa acolheu a escola criando laços de pertencimento. Alguns moradores acompanham o crescimento das árvores, mas ainda se incomodam com as atitudes de alguns alunos que teimam em destruir as árvores, as grades. Um grupo maior de interessados está se formando na escola para manter uma pesquisa-ação, agora direcionada para os motivos da depredação. A escola como Instituição Pública também se manifesta interessada em participar, até de forma continuada como um programa institucional de manutenção dessa convivência, desses caminhos que se abriram além dos muros. Novos encontros já estão programados, não só para manter as árvores, mas para ver a escola como minha, sua e cada vez mais de todos nós.
Palavras-chave: Pertencimento, comunidade escolar, comunidade externa.