65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
LIGAÇÕES QUÍMICAS EM NANOCIÊNCIA E NANOTECNOLOGIA: UM CAMINHO PARA A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E TÉCNICA
Victor Fernandes de Souza Gomes - Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UFRPE
Maria Suely Costa da Câmara - Profa. Dra./Orientadora - Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UFRPE
INTRODUÇÃO:
Com uma importância primordial, a Alfabetização Científica e Técnica (AC&T) tem o intuito de levar o estudante a buscar respostas para eventos cotidianos a partir do saber científico, efetuando, desse modo, uma ponte entre o que é estudado na escola e o que é visto à sua volta (CHASSOT, 2003).
De acordo com Toma (2005), a tecnologia atual caminha definitivamente para a escala nanométrica, tanto através da miniaturização na eletrônica, como através da montagem nanoestrutural a partir de átomos e moléculas.
Dessa forma, abordar as ligações químicas a partir da ótica nanotecnológica traz uma renovação ao método tradicional além de motivar o aluno a compreender os avanços da ciência, pois definições e conceituações superficiais afastam o aluno da química e perpetuam a noção de que esta é uma disciplina maçante e sem sentido.
Portanto, um caminho para essa alfabetização consiste na abordagem da nanociência e da nanotecnologia (N&N), que, de acordo com Melo e Pimenta (2004) referem-se, respectivamente, ao estudo e às aplicações tecnológicas de objetos e dispositivos que tenham uma de suas dimensões físicas menores que, ou da ordem de, algumas dezenas de nanômetros, nas aulas de química. (TOMA, 2005; PEREIRA; HONÓRIO; SANNOMIYA, 2010; REBELLO et al., 2012).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Desenvolver métodos para aulas de química relacionando ligações químicas, nanociência e nanotecnologia para efetuar a alfabetização científica e técnica.
MÉTODOS:
O trabalho foi iniciado com a escolha da escola pública em que a pesquisa seria executada e, em seguida, quais as séries e turmas do ensino médio que participariam do processo. A escola escolhida faz parte da rede estadual de ensino de Pernambuco e está localizada na zona urbana do município de Serra Talhada. As duas turmas escolhidas, 1ª e 2ª séries, são do período matutino.
Após a definição da amostra a ser trabalhada, foi elaborado um questionário contendo somente perguntas abertas para efetuar o diagnóstico sobre o conhecimento da turma sobre nanociência e nanotecnologia (N&N) bem como sobre ligações químicas.
Em detrimento das respostas dadas, foram elaboradas aulas com caráter de debate para que fossem discutidos os conceitos de ligações químicas e N&N além de suas inter-relações e atividades interdisciplinares envolvendo os referidos temas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nesta análise foi constatado que dentre os alunos, embora já submetidos à aulas sobre ligações químicas, 17,4% da 1ª série e 64,3% na segunda série não sabem conceituar tal assunto. Ao abordar a relação entre ligações químicas e N&N os alunos apresentaram total desconhecimento a respeito dessa relação: a resposta “não sei” ou afins foi repetida por 78,3% dos alunos da 1ª série bem como por 85,7% da segunda série.
Levando em consideração que apenas 13% dos estudantes da 1ª série e 35,8% da 2ª série já tiveram contato com algumas informações referentes à N&N, torna-se completamente compreensível o fato de que 82,6% e 92,8%, respectivamente 1ª e 2ª séries, não tenham a menor noção de que se trate o assunto.
Ao fim das atividades envolvendo a inovação tecnológica e as ligações químicas, foi possível constatar que os estudantes apresentaram maior domínio sobre tais assuntos, além de sentirem-se estimulados ao aprendizado de outros aspectos da química e até de outras disciplinas afins como matemática e física. Para os estudantes, a química recebeu sentido e aplicabilidade no seu cotidiano. Nesse sentido, corrobora-se o proposto de acordo com trabalhos de Rebello et al. (2012) e Pereira; Honório e Sannomiya (2010), que levaram a N&N para a sala de aula e obtiveram ótimos resultados.
CONCLUSÕES:
Percebendo a química em todo seu potencial e importância, considera-se essencial a desconstrução da ideia de que essa ciência, no âmbito escolar, é “maçante e sem sentido”. Para que esse objetivo seja executado com êxito são necessários métodos que incorporem as inovações científico-tecnológicas, acompanhadas pelos estudantes, aos conceitos químicos, isto é, indica-se incorporar o saber científico à vida cotidiana.
Assim sendo, utilizar a nanociência e nanotecnologia como agente motivador ao aprendizado das ligações químicas desperta no aluno o interesse pela investigação, pela compreensão do novo mundo que lhe é apresentado e, com plena certeza, melhora seu desempenho frente a esta disciplina.
Desse modo, as atividades efetuadas visam, claramente, a integração ciência-aluno pelo fato de aproximá-los e desmistificar o saber científico. Por isso espera-se que os estudantes, ao fim do processo de alfabetização científica e técnica, tenham total desenvoltura para discutir esse e tantos outros temas relacionados à química e à nanotecnologia.
Palavras-chave: Ensino de química, Inovação científica e tecnólogica, Método de ensino.