65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 4. Engenharia de Água e Solo
HIDRÁULICA DE MICROASPERSORES EM CONDIÇÕES DE BAIXA PRESSÃO
Renato Augusto Soares Rodrigues - Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Rodrigo Otávio Rodrigues de Melo Souza - Prof.Dr./Orientador- Instituto de Ciências Agrárias - ICA/UFRA
Luís Carlos Nunes de Carvalho - Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Paulo Barros de Souza Filho - Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Tamires Borges de Oliveira - Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
INTRODUÇÃO:
A irrigação é uma excelente alternativa para os pequenos agricultores paraenses desenvolverem uma agricultura produtiva durante todo o ano. Entretanto, um dos entraves para o crescimento da irrigação nesta região é a distribuição de energia elétrica. A possibilidade de realizar a irrigação sem a utilização de energia elétrica é uma característica importante que credencia os sistemas de irrigação de baixa pressão como uma ferramenta tecnológica que pode contribuir para o desenvolvimento de uma agricultura produtiva nas pequenas comunidades agrícolas do Estado do Pará. A irrigação localizada por gravidade pode ser realizada sem energia elétrica, pois a baixa pressão do sistema permite que seja possível o aproveitamento da água que esteja em uma condição energética favorável, ou a utilização de bombas acionadas com energia alternativa. Entretanto, os emissores (microaspersores) comerciais disponíveis no mercado são fabricados para operarem em uma condição operacional de pressões acima de 5 mca. Para que estes emissores possam ser utilizados em condição de baixa pressão (abaixo de 5 mca) é importante as suas características hidráulicas sejam determinadas, para que os sistemas sejam adequadamente dimensionados.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Com o intuito de oferecer embasamento técnico para o desenvolvimento de uma irrigação eficiente entre os pequenos agricultores o presente trabalho teve como objetivo a determinação das características hidráulicas de gotejadores em condição de baixa pressão.
MÉTODOS:
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Hidráulica e Irrigação da Universidade Federal Rural da Amazônia. Para realizar as avaliações foram selecionados nove microaspersores Naan/hadar 7110. O fabricante recomenda a utilização do emissor entre as pressões de 15 e 30 mca. As características hidráulicas do emissor selecionado foram avaliadas em condição de baixa pressão (pressões até 10 mca). As características hidráulicas importantes para caracterização do emissor são o Coeficiente de Variação de Fabricação (CVF) e a equação “vazão x pressão” do emissor. Assumindo que as diferentes vazões ocasionadas pelos processos construtivos têm distribuição normal, isso permite utilizar os conceitos de estatística correspondentes a essa distribuição para conclusões quantitativas. Torna-se importante, portanto, quando se seleciona um emissor, conhecer o CVF, que deve ser fornecido pelo fabricante. A representação da variação da vazão dos emissores em função da pressão foi realizada através da equação potencial. Foram utilizadas as pressões de 2 a 10 mca, com três repetições em cada pressão A coleta de água foi realizada em recipientes de 500 ml e a quantificação do volume em balança digital. O tempo de coleta foi de 3 minutos. A pressão foi determinada através de manômetro do tipo Bourdon com escala máxima de 40 mca.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O efeito dos fatores construtivos dos emissores resultou em coeficientes de variação de fabricação (CVF) entre 0,89% e 2,90%, com valor médio de 1,44%. Segundo a classificação do coeficiente de variação de fabricação proposta por Solomon (1979) a uniformidade de fabricação é “excelente”, já de acordo com a ABNT (1986) em todas as pressões os valores podem ser considerados “bons”. Miola (2009) estabeleceu o CVF para o microasperssor Hadar 7110, nas vazões recomendadas pelo fabricante, e obteve valores variando entre 0,54 e 1,46%, com valor médio para o coeficiente de 1,14%, mostrando que os emissores funcionam bem quando usados em condições de baixa pressão.
Por análise de regressão obteve-se a relação vazão x pressão para o emissor. O valor de x foi de 0,4883, de K igual a 19,19 e r² teve valor 0,9959. O resultado de x indica que o regime de escoamento pode ser considerado turbulento.
Segundo o fabricante a vazão para a pressão nominal do microaspersor (10 mca) é de 60 L h-1, sendo que o valor médio obtido no experimento para a mesma pressão foi de 59,2 L h-1. O que demonstra que as informações fornecidas pelo fabricante são confiáveis.
CONCLUSÕES:
Os gotejadores estudados podem ser utilizados em uma condição de baixa pressão, pois em todas as condições de pressão os valores de CVF foram classificados como “bons” segundo a ABNT. Os valores de x e K da equação vazão x pressão foram de 0,4883 e 19,19, respectivamente. A equação obtida pode ser utilizada em projetos com pressões inferiores a 6 mca.
Palavras-chave: Avaliação Hidráulica, Irrigação, Uniformidade de Fabricação.