65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
ANUROS COMO BIOINDICADORES DE DIVERSIDADE EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA NO ESTADO SERGIPE.
Rúbia Kelly Côrtes Rocha - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe.
Maria Aldenise Xavier - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe.
Mayara de Lima Mota - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe.
Rafael Júnio de Oliveira Lima - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe.
Rony Peterson Santos Almeida - Depto. de Biociências, Universidade Federal de Sergipe.
Eduardo José dos Reis Dias - Prof. Dr./ Orientador. Depto. de Biociências, UFS.
INTRODUÇÃO:
A utilização de espaços naturais por atividades humanas tem levado a uma série de consequências negativas às paisagens naturais, que vão se restringindo a porções de terra marginais e cercadas por uma matriz de áreas antropizadas ou desertificadas, dominadas por pastos ou ambientes urbanos (Tabarelli et al.,2004; Ribeiro et al., 2009, Tabarelli et al, 2010). Com este quadro atual do uso do solo, o futuro da biodiversidade tropical está diretamente ligado a nossa habilidade de entender as mudanças desencadeadas pela ação antrópica (Daily et al., 2003; Harvey et al., 2008, Tabarelli et al, 2010). Anfíbios e répteis encontram-se entre os vertebrados mais ameaçados. A perda de espécies é especialmente catastrófica em regiões de alta diversidade como Brasil, detentor absoluto do maior número de espécies de anuros (17% da diversidade global), e o maior número de espécies endêmicas do mundo (Frost 2010). Anfíbios e répteis podem ser bons bioindicadores de diversidade porque são relativamente de fácil identificação no campo e bem distribuídos em ecossistemas tropicais (Buys, 1995). A utilização da herpetofauna pode fornecer um importante atalho para inventários de biodiversidade em área sobre impacto de atividade humanas trazendo rápidos resultados a um baixo custo de investimento.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O principal objetivo é analisar a estrutura de uma guilda de anuros relacionada à variação da diversidade biológica local ao longo do gradiente de variação ambiental em um fragmento de Mata Atlântica no Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco, município de Capela no estado de Sergipe.
MÉTODOS:
As atividades foram realizadas o Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco, (10°32’23”S e 37°03’43”’W). As atividades de campo foram desenvolvidas de 23/01/13 a 01/02/2013. Para amostragem dos anuros, foram estabelecidos 10 sistemas de armadilhas de queda (cada um com 5 baldes), seguindo o gradiente de variação ambiental da borda para o interior da mata. Também foram instaladas armadilhas de espera fixadas em troncos de árvores. Todas as armadilhas foram vistoriadas diariamente, no período das 9h às 15h durante os 10 dias consecutivos de coleta. Todos os animais coletados foram identificados, pesados, medidos e marcados com bioelastômero antes de serem libertados. Adicionalmente, em cada ponto de coleta dos anuros, foram anotados dados ambientais, tais como: temperatura e umidade do ar, intensidade luminosa e diâmetro das árvores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante 10 dias de atividade de campo com 60 horas de esforço amostral (06 horas de esforço/dia) foram encontradas 8 espécies de anuros (Pristimantis paulodutrai, Pristimantis ramagi, Pristimantis sp, Leptodactylus troglodytes, Scinax eurydice, Leptodactylus natalensis, Dendropsophus minutus, Hypsiboas faber). A análise de escalonamento multidimensional (MDS – Stress = 0,18 e Variância (RSQ) = 0,79) mostrou que as espécies de anuros encontradas não utilizaram os mesmos ambientes por não utilizarem microhabitats com as mesmas características ambientais. Esta mesma análise estatística demonstrou que as espécies de anuros tiveram uma maior distribuição nos pontos de coleta com características ambientais mais semelhantes (pontos 3, 7, 8, 9 e 10).
As espécies do gênero Pristimantis foram as mais abundantes e demonstraram ser generalistas quanto ao uso de habitats podendo ser encontradas em todos os pontos amostrais. Já as espécies Hypsiboas faber e Scinax eurydice foram encontradas em áreas de mata com maior umidade e menores temperaturas. Leptodactylus natalensis foi registrado em áreas de folhiço mais profundo.
CONCLUSÕES:
Por não ter havido recapturas não foi possível determinar a fidelidade de habitats por nenhuma das espécies de anuros, mas a presença de algumas espécies em locais mais úmidos ou com folhiço mais profundo ou simplesmente registrar a presença de um grupo de anuros em toda a área, já pode ser usado como ferramenta de análise de características do ambiente.
Palavras-chave: Anuros, Bioindicadores, Mata Atlântica.