65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
PREVALÊNCIA DA ACUIDADE VISUAL REDUZIDA EM CRIANÇAS MATRICULADAS NA REDE DE ENSINO PÚBLICO DE CRUZ ALTA –RS.
Caroline Freiberger de Oliveira - Centro de Ciências da Saúde – UNICRUZ
Isaura Luiza Donati Linck - Centro de Ciências da Saúde – UNICRUZ
Cléia Rosani Baiotto - Professora Orientadora - Centro de Ciências da Saúde – UNICRUZ
INTRODUÇÃO:
Os distúrbios oftalmológicos constituem uma importante causa de limitação nas crianças em idade escolar, tendo em vista o processo de ensino-aprendizagem. Cerca de 20% dos escolares apresentam alguma perturbação visual. As dificuldades visuais colocam restrições ao desenvolvimento biopsicossocial da criança no ambiente escolar, interferem no seu aprimoramento, conhecimento, e na inclusão entre os colegas e no convívio com a sociedade. Dados mostram que cerca de 90% das dificuldades oftalmológicos podem ser evitados ou atenuados com a prevenção, detecção precoce e assistência curativa. Além disso, os gastos com a detecção da baixa acuidade visual e a prevenção de problemas oftalmológicos são menores do que aqueles custos dispendiosos em função do atendimento a portadores de distúrbios oculares e favorecem o rendimento integral da criança na escola. Cabe a universidade, através dos cursos na área da saúde capacitar os acadêmicos de modo que possam contribuir nos programas de saúde do escolar desenvolvidos em parceria com as Estratégias de Saúde da Família e Coordenadorias de Saúde. Esta triagem inicial da acuidade visual reduzida permite elaborar e implantar estratégias conjuntas para prevenção e acompanhamento da acuidade visual dos escolares no município.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar todos os escolares matriculados no Ensino Fundamental da Rede Municipal de Cruz Alta/RS e estabelecer a prevalência da acuidade visual reduzida entre estes escolares.
MÉTODOS:
Bolsistas e acadêmicos voluntários passam por uma capacitação com profissionais optometristas para avaliar a acuidade visual nos escolares da Rede Municipal de Cruz Alta. O contato com as escolas foi realizado pelos acadêmicos e professores responsáveis pelo projeto. As escolas se responsabilizaram pelo contato com os pais e o encaminhamento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Constituíram a amostra todos os alunos presentes na escola nos dias da avaliação e que entregaram o TCLE assinado pelo pai ou responsável. Um questionário padronizado, previamente validado, com identificação da escola, do escolar, do entrevistador identificando as seguintes variáveis: sexo e idade; percepção do aluno quanto à própria visão; uso de óculos ou lentes de contato e sintomas relacionados. O teste de acuidade visual “Escala de Snellen” foi aplicado pelos acadêmicos que registram o valor equivalente à última linha lida sem dificuldade. As crianças portadoras de óculos foram testadas com e sem correção. Os alunos identificados com alterações na acuidade visual foram encaminhados à consulta especializada. Nos casos em que houve a necessidade de correção por meio de óculos, um convênio estabelecido com o Rotary Clube de Cruz Alta permitiu a sua confecção.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No presente estudo foram avaliados 2.067 alunos matriculados em 22 (vinte e duas) Escolas da Rede Municipal de Ensino, do pré ao nono ano. Os critérios estabelecidos na primeira triagem da acuidade visual identificaram 339 (16%) alunos com necessidade de uma avaliação mais especializada. Destes, 61 não compareceu a consulta com o optmetrista. Das consultas realizadas, observou-se a necessidade de uso de óculos para a correção da acuidade visual em 204 (73,38%) escolares, o que corresponde a 9,87% do total de alunos avaliados. Resultados similares foram descritos por Granzoto e colaboradores (2002) e Figueiredo et al (2003) com alunos do 1º ano do ensino fundamental (10,0% e 11,9%, respectivamente) e De Fendi (2008), 8,8% ao avaliarem alunos das demais séries, corroborando com os dados encontrados no projeto. Separados por série, observa-se que os escolares que necessitaram de óculos para a correção da acuidade visual, 2% eram alunos da pré-escola, 11% do primeiro ano do ensino fundamental, 8%, 17%,16%, 15%, 10%, 6%, 7% e 11% respectivamente até o nono ano. O presente estudo evidenciou resultados elevados de acuidade visual reduzida em escolares do 5º ao 9º ano (46%), dados preocupantes, visto que em sua maioria ainda não tinham identificado problemas na acuidade visual.
CONCLUSÕES:
A acuidade visual reduzida interfere de modo signicativo no processo de aprendizagem e no desenvolvimento psicossocial da criança. Estas sequelas podem ser atenuadas ou reduzidas quando detectadas precocemente. Estabelecer a prevalência da acuidade visual reduzida possibilita a elaboração de estratégias e programas de prevenção relacionados a dificuldades de aprendizagem.
A prevalência da acuidade visual reduzida em escolares matriculados em escolas municipais de ensino fundamental se mantém dentro dos parâmetros nacionais descritos na literatura. Os resultados identificados além de possibilitarem conhecer a realidade da acuidade visual em escolares do nosso municipio permitiram, através da parceria estabelecida com a Secretaria de Educação do Município, Secretaria de Saúde, Universidade e Rotary Clube propiciar uma forma de correção e/ou redução do problema visual.
Palavras-chave: Dificuldade Visual, Escolares, Aprendizagem.